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Fernando Cury, deputado que apalpou Isa Penna na Alesp, é notificado 6 meses após ordem da Justiça
16/10/2021 / 15:16
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça estadual de São Paulo conseguiu entregar somente nesta sexta-feira (15) a notificação para que o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania-SP) se defenda da acusação de importunação sexual contra a deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP), após uma demora de seis meses desde que o Judiciário determinou a intimação dele.

A denúncia contra o deputado foi apresentada pelo Ministério Público em razão de Isa ter sido apalpada por Cury durante uma sessão no plenário da Assembleia Legislativa paulista, em dezembro passado.

Antes de analisar se aceita a denúncia e torna Cury réu, o desembargador João Carlos Saletti, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinou em 12 de abril que o deputado fosse notificado e oferecesse uma defesa prévia em 15 dias.

A ordem judicial foi cumprida seis meses depois, nesta sexta, em um endereço de Cury no centro de Botucatu (SP).

Segundo os registros no processo, anteriormente o oficial de Justiça havia ido à casa de Cury “nos dias 2 e 24 de maio de 2021, e 2 e 7 de junho de 2021, às 15h55, 9h15, 16h10 e 16h35, respectivamente”, mas não o havia encontrado.

Nesse período, Cury havia registrado em suas redes sociais momentos em família, em casa, bem como atividades políticas, como visitas a aliados de cidades vizinhas e até a presença em um evento do governador João Doria (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes.

Também durante esse período, Cury se manifestou na imprensa a respeito da denúncia, e sua defesa atuou em outros processos relacionados ao caso, o que levou a Promotoria a pedir urgência na notificação.

“Aparentemente, o deputado vem acompanhando os procedimentos e processos, habilitando-se espontaneamente nos autos e se manifestando quando de seu interesse. Sendo assim, aguarda-se a notificação do denunciado, com urgência, para que apresente sua resposta, possibilitando-se o regular prosseguimento do feito”, afirmou em 13 de setembro o procurador Mario Antonio de Campos Tebet.

Desde então, a Justiça havia iniciado uma nova rodada de tentativas para localizar o deputado nos endereços que ele forneceu.

O deputado retomou no dia 6 de outubro seu mandato na Assembleia, após o fim de uma punição de 180 dias de afastamento.

Em abril, os deputados da Assembleia votaram de forma unânime para afastar Cury por seis meses, sem direito a remuneração. O deputado havia obtido uma vitória no Conselho de Ética da Casa, que aprovou afastamento de apenas 119 dias –mas a pressão da deputada fez com que a pena fosse ampliada.

Procurado pela reportagem, o deputado Fernando Cury não se manifestou até a publicação deste texto.

Em manifestação anterior, a assessoria do deputado afirmou que todos os endereços de Cury eram públicos e que ele “nunca se escondeu”.

“Ele esteve na cidade dele, Botucatu, mas trabalhando durante todo esse tempo de afastamento. […] Cury sempre publicou e divulgou quando e onde estava, bem como suas agendas, visitas a imprensa, depoimentos a rádios locais”, segundo nota anterior da assessoria.

A deputada Isa Penna criticou a conduta de Cury em relação à notificação.

“Eu fico aliviada que chegou a notificação? Fico. Mas foram dez meses após meu depoimento, quatro meses em que ele escapou e fugiu a todo custo de receber. Nesses quatro meses ele fez agenda, postou vídeos, deu entrevista, então é um escárnio uma pessoa pública como ele fugir. Depois a gente questiona porque o político está tão desacreditado no Brasil e chegamos onde estamos”, disse.

“Penso também nas mulheres que ficam dez anos, cinco anos ou uma vida toda esperando, foi uma eternidade esses dez meses e mesmo assim ainda tem uma batalha pela frente. Eu vou repetir é por todas as mulheres. Não é à toa que até o meio do ano eu estarei trabalhando na implementação do meu projeto que agora é lei, o Dossiê Mulheres, só assim eu consigo sentir que esse caso está servindo para efetivar um pouco de justiça sobre nós. É só o começo”, completou.

Na Assembleia, Isa aprovou o projeto de lei “Dossiê Mulher Paulista”, que obriga a elaboração de estatísticas periódicas sobre mulheres vítimas de violência. A deputada também criou a plataforma Dossiê Mulheres, para orientar mulheres vítimas de violência.