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Naná Garcez: ‘Tecnologia revoluciona, mas informação de qualidade cria laços’
25/01/2022 / 11:16
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Desde que a Rádio Tabajara foi criada pelo então governador, Argemiro de Figueiredo, em 25 de janeiro de 1937, fá foram milhares de coberturas de destaque, desde transmissões da Copa até despedidas de figuras públicas, passando por momentos marcantes na cultura, política, economia, esporte e sociedade paraibana.

Nesta terça-feira (25), a rádio completa 85 anos no ar, sendo a primeira do estado e a 64ª emissora mais antiga do país.

Para Naná Garcez, diretora presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), que integra a Rádio Tabajara com o Jornal A União, o sentimento é de orgulho e visão para o futuro.

Em entrevista ao F5 Online, a jornalista destaca o papel das emissoras públicas no fortalecimento da cidadania e na democratização do conhecimento, cumprindo a função social que o jornalismo carrega.

“As emissoras públicas têm responsabilidade social, função cultural, elas têm obrigação e diretrizes de serem cada vez mais críveis, mantendo a sua credibilidade, portanto contribuem para que o cidadão tenha uma consciência política, social e cultural muito maior. A grande coisa é o cuidado que tem que se ter com a veracidade da informação, seguindo o básico do jornalismo que é checar, não apenas por uma única fonte”, ressalta a profissional, acrescentando que a qualidade entrega ao cidadão o direito de escolher baseado em informações corretas. 

Segundo a presidente da EPC, a tecnologia e as plataformas de interação são fundamentais para que se conquiste novas formas de chegar ao público, onde ele estiver, mas a chave está na adaptação dessas ferramentas por parte dos veículos.

Naná destaca as transformações na própria Tabajara, com “equipamentos cada vez mais leves e de maior alcance”, transmissão via redes sociais, aplicativos, conteúdos para streaming e podcasts. “A tecnologia é atividade, é criatividade, ela não para, vai gerando mais formas de transmitir o conteúdo para o consumidor, ouvinte e cidadão”.

“O radialismo, o jornalismo de um modo geral, os veículos de comunicação vão ter sempre espaço para crescimento. Isso a própria história mostra. Quando surgiu o rádio, muita gente pensou que o jornal impresso ia acabar, não acabou. Quando surgiu a TV, falaram que o rádio ia acabar, não acabou. Quando surgiu a internet, falaram que os veículos de comunicação tradicional iriam acabar, e não acabaram. Porque as empresas se adaptam e usufruem da tecnologia e o futuro de qualquer atividade é a honestidade, a credibilidade. O futuro do radialismo é muito positivo. Nós temos as rádios webs, as emissoras digitais, tudo vem para propagar mais a informação. Nós é que temos que saber quando e em que investir”, destaca.

Apesar de ressaltar o poder da tecnologia no exercício do jornalismo hoje, Naná Garcez reforça o papel tradicional da checagem, de recorrer a fontes corretas e se identificar com a realidade da comunidade local.

“Quando você passa informação de qualidade, você cria um laço, um vínculo com o seu leitor e ouvinte, que lhe acompanha no dia a dia. Você tem que estar identificado também com sua comunidade. Se você está inserido numa cidade que tem praia, rios, escolas, universidades, tudo isso tem que tá refletido no conteúdo jornalístico”, diz Garcez.

Rádio Tabajara completa 85 anos no ar, sendo a primeira da Paraíba e uma das mais antigas do Brasil – Foto: Reprodução

Fake news, pandemia e polarização 

Em tempos de desinformação e pandemia, a jornalista ressalta o poder dos comunicadores em combaterem o que chama de “mentira propagada de forma profissional” – as fake news.

“Com relação a polarização política, é um aspecto até maior, a sociedade brasileira como um todo precisa entender e valorizar a política como caminho do diálogo, pois ela é a soma do pensamento coletivo. Quando você vai se afastando das organizações sociais, das manifestações políticas, você vai reduzindo os argumentos em defesa da democracia, em defesa do seu direito, da sua cidadania. Então é exercer a cidadania, falar, conversar e trabalhar a política, não só apenas a partidária, mas todos os nossos gestos são políticos”, diz ao F5 Online.

Para Naná, o exercício da cidadania melhora a cidade, o estado e o país.

Não é criminalizando a política que vai se chegar a lugar nenhum. A política é o entendimento, o diálogo, é a formação de um consenso coletivo. Vamos ter sempre uma parcela de insatisfeitos? Vamos. Mas vamos respeitar as diferenças, de opinião, de formação, de cor, de religião, vamos conviver, aprender mais e mais a conviver entre nós”, pontua.

Painel realizado na manhã desta terça (25) discutiu o futuro do rádio e o papel das emissoras públicas. Evento integra programação dos 85 anos da Rádio Tabajara – Redes Sociais/Reprodução

85 anos de Tabajara 

Ao longo desta semana, a Rádio Tabajara promove uma série de eventos especiais para celebrar os 85 anos no ar.

Na tarde desta terça-feira (25), a partir das 16 horas, um estúdio com equipamentos antigos, imagens de colaboradores que atuaram na emissora e áudios de reportagens, entrevistas, vinhetas, chamadas de programas serão apresentadas. O material está sendo digitalizado para compor o acervo do Museu do Rádio da Paraíba juntamente com outros itens preservados e que já compõem o memorial ali existente. De acordo com Naná Garcez, o acervo reúne gravações históricas e, futuramente, contemplará o material de outros veículos da Paraíba.