João Pessoa 30.13ºC
Campina Grande 26.9ºC
Patos 29.43ºC
IBOVESPA 124740.69
Euro 5.5036
Dólar 5.1471
Peso 0.0059
Yuan 0.7103
União entre Gol e Avianca pode ser benéfica para passageiros, avalia especialista
12/05/2022 / 09:33
Compartilhe:

A criação de uma holding para unir Gol e Avianca é um bom negócio para as empresas e provavelmente para os passageiros, na avaliação de André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, referência no setor de aviação.

O preço da passagem pode subir para o consumidor?

É improvável. Como as operações dessas empresas ficarão separadas e sem grandes sobreposições de rotas, os mercados das duas permanecem diferentes. Pode ocorrer o contrário: a nova empresa deve ser uma forte concorrente da Latam e diminui a dominância da empresa chilena na região.

Pode até haver um aumento da concorrência em algumas rotas que antes tinham menos opções de conectividade, como para os EUA.

Por que o negócio é importante para as duas empresas?

Porque elas podem ser complementares. A Avianca é a maior empresa da Colômbia e tem muitos voos para os EUA. A empresa saiu há pouco da recuperação judicial, e o atual controlador é Roberto Kriete, que assumiu depois que os Efromovich saíram. Ele é do setor e é sério, tem feito uma transformação para virar uma low cost tropicalizada que está indo bem, saiu bem da pandemia.

Além disso, a Avianca tem participação em outras linhas aéreas como Viva e Sky, uma low cost chilena. Forma-se uma constelação de companhias aéreas, com a diferença importante de que cada empresa vai manter gestão e cultura, o que, na minha visão, é bom porque evita que a tomada de decisões seja lenta.

A TAM, quando se fundiu com a Latam, teve problemas (ao unificar as operações e marcas).

Essa união é uma fusão ou uma venda?

Uma fusão, ao que parece não haverá um único controlador definido. O Constantino pode ter uma participação um pouco superior no negócio e será o CEO do grupo, mas as empresas vão ficar bastante independentes, e Kriete vai ser presidente do Conselho de Administração.

A Gol fala em sinergias de custo com a criação da holding, mesmo com as duas empresas separadas. Como pode funcionar?

A tese de investimento do negócio não é ter redução de custo administrativo: as duas empresas são relativamente enxutas, e a Avianca passou por uma grande transformação. As sinergias devem vir especialmente com a criação de novas rotas e as combinações (das malhas). Sendo parte do mesmo grupo, Gol e Avianca poderão ter mais vendas cruzadas.

A Gol, vendendo passagens com a Avianca, poderá colocar mais rotas a Bogotá, por exemplo. A fusão dá mais possibilidades de um acordo de compartilhamento de rotas. Deve haver sinergia de custos com suprimentos também, em serviços de manutenção, tecnologia.

O ganho de escala pode dar mais poder de negociação para combustíveis, por exemplo?

Sim, especialmente nos aeroportos onde as duas operam. A Avianca pode se beneficiar dos preços que a Gol estava pagando em Guarulhos, por exemplo, onde ambas operam. Essas negociações são feitas por aeroporto.

Do jornal O Globo