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18 tendências que irão mudar a realidade do trabalho em um futuro próximo
24/03/2022 / 07:42
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A pandemia condensou, em menos de dois anos, mudanças que estavam previstas para acontecer ao longo da próxima década. Foi assim com o desenvolvimento científico e vem sendo assim com o trabalho e a tecnologia. Amy Webb, uma das principais futurólogas do mundo, trouxe algumas dessas previsões em seu aguardado relatório, apresentado no evento de tecnologia South by Southwest (SXSW), realizado em Austin, Texas, na última semana.

Algumas das tendências que a pesquisadora citou já são realidade em alguns mercados e países – Brasil incluído. Reunimos aqui 18 delas, coletadas por pesquisas de grandes empresas ligadas ao mundo do trabalho. A Sodexo, multinacional de benefícios com mais de 100 mil clientes e quase 6 milhões de usuários no mundo todo, aponta, em um levantamento exclusivo que, enquanto 15% dos trabalhadores do mundo todo relataram uma piora no bem-estar mental, no Brasil 30% experimentaram o problema.

Essa disparidade tem levado muitas empresas a investirem em programas de felicidade e saúde mental. Em janeiro, a gigante Ambev deu o tom, contratando uma gerente que será responsável pelas iniciativas de saúde mental da companhia – e outras estão seguindo o passo. “A ideia é ter uma série de benefícios diferentes que deem uma rede de segurança para que o funcionário possa escolher o que vai ajudá-lo, de apoio psicológico a serviços jurídicos”, diz Renato Pelissaro, diretor de marketing da Sodexo.

A Adecco, maior consultoria de gestão de recursos humanos do mundo, fez uma pesquisa em parceria com a consultoria LHH mostrando que se fortalece a tendência a avaliar a produtividade pelo resultado e não pelas horas trabalhadas. A mudança vem se concretizando com a semana de quatro dias adotada por empresas aqui e no mundo.
Abaixo, um resumo do que vai virar realidade no universo corporativo nos próximos anos – ou meses.

1. Seu emprego está no metaverso

Os funcionários ouvidos pela Microsoft em um estudo global se mostram antenados às novidades. 52% deles disseram estar abertos a usar espaços digitais imersivos no metaverso para conferências e outras atividades no próximo ano. “Os avatares e o metaverso nos aproximam um pouco mais de fazer as pessoas sentirem que estão juntas, mesmo quando estão fisicamente separadas”, diz Mar Gonzalez Franco, principal pesquisador da Microsoft Research.

Empresas já estão usando o metaverso para contratar profissionais em qualquer parte do globo, como é o caso da Samsung, que realizou uma feira de recrutamento na plataforma.

2. Tik tokers são os novos empreendedores

Com aproximadamente 2 milhões de pessoas criando conteúdo em tempo integral, online os criadores estão redefinindo o empreendedorismo, diz Amy Webb. O TikTok lançou uma competição para criadores com um fundo de US$ 2 bilhões, o Snapchat seguiu rapidamente com US $ 130 milhões em pagamentos Spotlight, enquanto os fundos de venture capital norte-americanos começam a focar em criadores de conteúdo e investir cerca de US$ 2 bilhões atualmente.

3. Saúde mental virou problema corporativo

A pesquisa “O futuro da vida no trabalho”, feita pela Sodexo e divulgada com exclusividade pela Forbes, entrevistou colaboradores de vários países e apontou que um olhar para a saúde mental e para a vida pessoal será fundamental a partir de 2022. Entre os brasileiros que disseram ter sido afetados durante a pandemia, 91% são receptivos a receber ajuda dos seus empregadores. A assistência jurídica – ou mesmo financeira, como consultorias e orientações – entra como um diferencial para que o trabalhador seja acolhido diante de situações de necessidade. A epidemia de casos de burnout e o estabelecimento como uma doença do trabalho pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no início do ano, levou a questão para a esfera corporativa.

4. Trabalho não é mais a prioridade

O estudo realizado pela Microsoft revelou como as prioridades dos funcionários mudaram nos últimos dois anos: 53% deles estão mais propensos a priorizar a saúde e o bem-estar em vez do trabalho do que antes da pandemia. E 47% estão mais propensos a priorizar a família e a vida pessoal do que o trabalho.

Quatro aspectos, além do salário, que foram citados pelos entrevistados como “muito importantes”:

cultura positiva (46%)
benefícios de saúde mental e bem-estar (42%)
senso de propósito e significado (40%)
horários de trabalho flexíveis (38%)

5. O futuro do trabalho é assíncrono

Muitas equipes não precisam mais trabalhar ao mesmo tempo – e nem querem. O futuro do trabalho é assíncrono, de acordo com o estudo da Microsoft e com um relatório criado pelo app Trello, então cada um pode ajustar sua agenda de acordo com suas necessidades e compromissos que os aplicativos dão conta de unir as partes. A cientista-chefe da Microsoft, Jaime Teevan, afirma que o ideal é que o trabalho seja feito principalmente de forma assíncrona para que os momentos em que a equipe esteja conectada ao mesmo tempo sejam mais proveitosos.

6. A semana vai ter só 4 dias

Bélgica e Reino Unido são alguns dos países que estão testando o modelo e há empresas no Japão que estabeleceram um dia a mais de folga na semana, sem prejuízo da produtividade. Por aqui, uma das empresas que adotou esse modelo foi a martech Winnin, que mapeia dados de consumo, e decidiu por estabelecer a semana de quatro dias depois de registrar uma melhora de produtividade e pontualidade nas entregas em um período de experiência. A Winnin concluiu que o sentimento de propósito, pertencimento e orgulho em relação à empresa subiu 17% entre seus funcionários depois da mudança.

7. Fica, tem upgrade no home office

Com a flexibilização, é preciso dar condições para que o trabalho remoto aconteça. Entre os entrevistados pela Sodexo, 62% tiveram algum tipo de suporte para montar seu home office. Entre eles, o índice de engajamento subiu para 89%, contra 73% dos demais. A Sodexo também perguntou em que os colaboradores teriam interesse enquanto no modelo remoto: 87% gostariam de delivery de material de escritório, 78% de ter uma estação de trabalho ergonômica. “Os funcionários se sentem mais engajados e produtivos conforme têm maior conforto no home office”, diz o CMO da empresa.

8. Na guerra por talentos, flexibilidade é arma

Funcionários tendem cada vez menos a aceitar propostas que não se adaptem à sua rotina e necessidades de vida e família e a flexibilidade virou moeda de troca e benefício predileto pelos brasileiros (junto com o plano de saúde). Isso tem sido visto em diversas negativas para vagas presenciais, mesmo com índices altos de desemprego. “Há companhias que têm uma cultura rígida e ainda vejo uma certa resistência. Mas ou elas mudam ou vão ficar obsoletas”, diz Lúcia Santos, diretora de RH da Adecco.

9. Talentos estarão nas áreas rurais

Para os empregadores, diz Amy Webb, o anywhere office possibilita o acesso aos melhores talentos. E abre portas também para que mulheres voltem ou se mantenham no mercado, principalmente as que são mães. Emissões de carbono poderiam ser reduzidas com menos deslocamentos, mas o verdadeiro efeito ambiental nós ainda estamos pra ver, segundo a futurista. As áreas rurais se tornaram destinos de nômades digitais e as populações de pequenas cidades entrarão no radar dos recrutadores de talentos. “O problema é que trabalhar de qualquer lugar é um privilégio específico dos trabalhadores de ‘colarinho branco’, então esse movimento pode agravar as desigualdades sociais”, diz o relatório de Webb.

10. Trabalho presencial tem hora

Trabalho híbrido já não é mais uma tendência – e traz desafios. O maior deles, de acordo com 38% dos funcionários que trabalham nesse modelo ouvidos pela Microsoft, é entender quando e por quê ir ao escritório. É papel dos líderes redesenhar o papel do ambiente presencial e manter uma comunicação eficiente a respeito do propósito desses encontros.

11. Sua empresa tem diretor de futuro do trabalho?

Novos dados globais do LinkedIn fornecidos à Forbes constatam que houve um aumento de 60% nos cargos relacionados ao futuro do trabalho e um aumento de 304% nos títulos que fazem referência a “trabalho híbrido” desde o início da pandemia. Alguns exemplos incluem títulos como “líder de flexibilidade no local de trabalho híbrido”, “diretor de trabalho híbrido”, “gerente de operações de espaço de trabalho flexível” e “vice-presidente, engajamento de funcionários e trabalho flexível”.

12. A inteligência artificial vai tirar empregos?

O Fórum Econômico Mundial prevê que a inteligência artificial e a automação irão criar quase 100 milhões de novos empregos nos próximos 3 anos, além de mudar diversas funções já existentes. Inicialmente, essa IA será usada principalmente para automatizar funções repetitivas para que os trabalhadores se concentrem em áreas que exijam características exclusivamente humanas, as chamadas human skills. O Gartner Group anunciou que a força de trabalho no pós-pandemia deve ter mais foco nas habilidades que trarão vantagens competitivas do que em funções.

13. O escritório do futuro é phygital

Os espaços de trabalho corporativos serão do tipo phygital, ou seja, físicos e digitais ao mesmo tempo, com salas e escritórios que permitam a interação ampla entre quem está na empresa e os que estão fora dela, por meio da tecnologia e do metaverso, segundo um estudo realizado pela fabricante de móveis corporativos Herman Miller.

14. Jungle office

O tempo no home office levou profissionais e empresas a investir em um ambiente de qualidade para se trabalhar a partir de casa. Uma pesquisa feita pela plataforma de arquitetura Archademy indicou que metade dos projetos residenciais contemplaram esse novo espaço da casa, o escritório, muitas vezes com melhorias financiadas pelas empresas. Plantas e animais também passaram a fazer parte da vida confinada, por isso a biofilia é uma das principais tendências. O uso de plantas na decoração, sem contar os ambientes pet friendly, serão mais comuns nos projetos. Humanização, espiritualidade e sensibilidade estão entre as tendências que irão influenciar o design dos escritórios segundo 31% das respostas.

15. Amizade tem valor de mercado

Construir (ou reconstruir) relacionamentos entre funcionários é um grande desafio dos modelos de trabalho híbrido e remoto para 43% dos líderes, de acordo com a pesquisa de tendências da Microsoft. Ao mesmo tempo, os dados mostram que o capital social da empresa é um ponto crucial para o seu sucesso e bons resultados. Os gestores têm um papel importante nisso: é atribuição deles priorizar momentos para que os funcionários se conheçam, interajam e criem um ambiente colaborativo.

16. Métrica por resultados, não por horas trabalhadas

Dados de uma pesquisa feita pela Adecco em parceria com a consultoria LHH apontam que, desde 2020, se fortalece a tendência a avaliar a produtividade pelo resultado e não pelas horas trabalhadas, com 73% de colaboradores e líderes concordando com o método. A ideia de jornada de trabalho e cartão de ponto vai ficar para as linhas de produção fabris. Quanto à jornada, 57% dos entrevistados afirmam que poderiam realizar o mesmo trabalho que fazem atualmente em menos de 40 horas semanais.

17. Mulheres terão espaço com gap em TI e trabalho flexível

Capacitação é a chave para que mais mulheres conquistem o mercado de trabalho e, consequentemente, os cargos de liderança na área de tecnologia. Lúcia Santos dá o exemplo do que acontece na Adecco. “Pela escassez de profissionais no mercado, a gente tem desenvolvido mulheres internamente para na área de tecnologia da informação”, diz. Como ela, outras lideranças vêm investindo em cursos de formação na área de tecnologia para que mulheres de outras áreas possam ajudar a reduzir o déficit de cerca de 500 mil profissionais de TI no mercado local. Além disso, a flexibilidade do espaço de trabalho pode trazer mais mulheres no mercado de trabalho, algo que ajudaria um encolhimento população europeia de trabalhadores, por exemplo, segundo a futuróloga Amy Webb.

18. Presencial pode trazer aprendizado

A adoção do trabalho remoto divide opiniões. Empresas como Spotify e Twitter adotaram a flexibilidade completa, incluindo a jornada de trabalho assíncrona. No entanto, a maior parte dos empregadores exige um retorno parcial ao escritório, o que levou ao movimento “Great Resignation” no ano passado nos Estados Unidos, com milhões de trabalhadores pedindo demissão por não aceitar a volta ao trabalho presencial. “Mas, em algumas empresas, os funcionários abraçaram o retorno escritório como uma forma de aprendizado”, diz o relatório que Webb apresentou na SXSW.

Forbes Brasil