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68 ganhadores do prêmio Nobel enviam carta a Milei pedindo revisão no corte de verbas para a ciência
07/03/2024 / 22:06
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Em carta conjunta enviada ao presidente argentino, Javier Milei, 68 ganhadores do Prêmio Nobel em diferentes áreas pediram disseram que a ciência está “à beira do precipício” na Argentina após o atual governo anunciar cortes no setor.

Como parte dos pacotes de cortes de gastos anunciados por Milei desde que tomou posse como presidente da Argentina, Milei reduziu drasticamente bolsas de estudos para estudantes e pesquisadores e congelou a maioria dos programas de pesquisa do governo argentino.

“Isso causará a destruição de um sistema que levou muitos anos para ser construído e que exigiria muitos mais para ser reconstruído”, afirmaram os cientistas na carta.

O documento foi entregue a Milei e divulgado pelo químico britânico Richard Roberts, vencedor do Nobel de Medicina de 1993.

Como parte de seu plano de redução do déficit fiscal, o governo de Milei manteve para 2024 o mesmo orçamento que o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) teve em 2023. No entanto, com a inflação interanual do país na casa dos 254%, o valor atualmente levará o Conicet à falência, alertaram os cientistas.

Entre os signatários da carta, estão:

  • Vinte e um ganhadores do Prêmio Nobel de Química, como Thomas R. Cech (1989) e Martin Chalfie (2008);
  • Vinte e seis vencedores do Nobel de Medicina, como Harvey J. Alter (2020) e Werner Arber (1978);
  • Vinte ganhadores no prêmio na categoria Física, como Barry Clark Barish (2017) e Ferenc Krausz (2023);
  • E o ganhador do Nobel de Economia Finn E. Kydland (2004).

“Tememos que a Argentina esteja abandonando seus cientistas, estudantes e futuros líderes da Ciência. Nos preocupa que a dramática desvalorização dos orçamentos do Conicet e das Universidades Nacionais reflita não só uma dramática desvalorização da ciência argentina, como também uma desvalorização do povo argentino e do futuro da Argentina”, afirmaram os ganhadores do Nobel.

Eles também pontuaram “preocupação com a eliminação do Ministério da Ciência e Tecnologia, a demissão de funcionários administrativos do Conicet e outros institutos em todo o país, e o encerramento antecipado de muitos contratos no próximo mês”.

Nuria Giniger, pesquisadora do Conicet e secretária da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), disse à agência de notícias AFP que a carta “fortalece a luta dos trabalhadores” da entidade.

A carta também enumera as contribuições de cientistas argentinos em diversos temas da ciência. E destaca que “todos esses avanços foram consequência do apoio governamental à pesquisa básica”.

Na terça-feira, Milei reproduziu nas suas redes sociais a publicação de um usuário que dizia: “Se estou tendo picos de êxtase com o fechamento da [agência de notícias estatal] Télam, realmente não imagino o que pode me causar quando jogarem por terra meio ‘Ñoquicet'”, usando um jogo de palavras para acusar os cientistas de ganhar sem trabalhar, o que se denomina “ñoqui” (nhoque) na Argentina.

“Essa, realmente, é a mãe de todas as batalhas. Aí é preciso entrar com a motosserra e expurgar com gosto”, prosseguiu a publicação reproduzida pelo presidente.

Fonte G1