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85% das profissões que existirão em 2030 ainda não foram criadas
14/05/2023 / 18:33
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A abordagem recorrente sobre inteligência artificial (IA) nesse espaço dominical dá um pouco da dimensão da importância e relevância desse tema para todas as gerações, sem exceção, mas sobretudo para os jovens e os muito jovens estudantes que se perguntam, naturalmente, qual profissão seguir. E explico.

Um estudo do respeitado Institute For The Future (IFTF) – Projetando 2030: uma visão dividida do futuro – encomendado pela Dell Technologies, revelou que cerca de 85% das profissões que existirão em 2030 ainda NÃO foram criadas. Estamos falando de um futuro muitíssimo próximo, distante  apenas sete anos da realidade que vivemos hoje. Realidade minuto a minuto transformada como nunca se viu antes, tendo como força motriz central o avanço tecnológico, principalmente a inteligência artificial (IA).

O estudo do IFTF analisou profundamente os modelos de relações de trabalho em 17 países, inclusive o Brasil, e nos evidencia claramente que é essencial, urgente e mandatório estarmos preparados para nos adaptarmos e aproveitarmos as oportunidades que surgirão e estamos todos, quase sem exceção, atrasados nesse processo.

Diante da magnitude das mudanças esperadas, o cenário previsto é termos, cada vez mais, a tecnologia como extensão de nossas capacidades humanas, direcionando e oferecendo orientação e aprimoramento na gestão das tarefas diárias e no trabalho, num movimento sem precedentes.  Se hoje, considerando esse panorama e com a recente popularização das ferramentas de IA, as análises e perspectivas do futuro das profissões são repletas de previsões de demissões em massa, o estudo da IFTF, por outro lado, mostra que surgirá um novo mar azul de oportunidades.

Navegar nesse novo oceano, onde as profissões emergentes estão surgindo como ilhas ainda desconhecidas, é um desafio para a humanidade e, para não tomar caldo das ondas tecnológicas que estão moldando o nosso presente e o futuro profissional, é imperativo termos e/ou desenvolvermos a habilidade de adaptação, além da disposição de aprender continuamente.

Trago do Japão um exemplo interessante de como estimular e preparar as novas gerações para esse futuro disruptivo. Na terra do sol nascente existe, desde 2018, o doce Mebae muito popular e cuja embalagem interativa é conhecida por ensinar conceitos básicos de programação para crianças. O Mebae possui elementos visuais, como QRCodes e padrões coloridos, que podem ser escaneados com a ajuda de um aplicativo, levando as crianças a uma interface de programação visual, na qual podem arrastar e soltar blocos de comandos para criar sequências de ações. Durante a “brincadeira”, aprendem lógica de programação, loops, condicionais e outros conceitos fundamentais e, à medida que avançam no aprendizado, desbloqueiam novos desafios e projetos dentro do aplicativo, de forma prática, acessível, envolvente e divertida.

Sim, estamos atrasados e precisamos mergulhar já nesse mar de oportunidades com foco e, se possível, com uma ajudinha extra de boas pranchas para surfar bem nesse tsunami revolucionário, como:

  • Desenvolver habilidades socioemocionais: Além do conhecimento técnico, é fundamental cultivar habilidades como inteligência emocional, colaboração, resolução de problemas, pensamento crítico e criatividade. Essas habilidades são valiosas em qualquer profissão e, nesse contexto, são fundamentais para lidar com desafios e mudanças.
  • Estimular a curiosidade e o aprendizado contínuo: Incentive a busca pelo conhecimento, a curiosidade e a disposição para aprender coisas novas. As novas gerações precisam estar dispostas a se adaptar rapidamente a novas tecnologias e conceitos, e a aprendizagem ao longo da vida se torna essencial nesse cenário.
  • Fortalecer habilidades digitais: Com o avanço da tecnologia, é crucial que as novas gerações estejam familiarizadas com ferramentas digitais, programação, análise de dados e outras habilidades relacionadas à era digital. Isso proporcionará uma vantagem competitiva e abrirá portas para uma ampla gama de oportunidades profissionais.
  • Promover a resiliência e a mentalidade empreendedora: Encoraje as novas gerações a enfrentar desafios com resiliência, adaptabilidade e uma mentalidade empreendedora. Isso significa estar aberto a assumir riscos calculados, aprender com os erros e buscar constantemente novas oportunidades.
  • Investir em educação e formação flexíveis: As instituições educacionais devem se adaptar ao cenário em constante evolução, oferecendo programas flexíveis que permitam às pessoas adquirir habilidades relevantes para as profissões emergentes. Isso pode incluir aprendizado online, programas de treinamento práticos e parcerias com empresas e indústrias.
  • Fomentar a consciência global e a diversidade: Com as profissões cada vez mais conectadas globalmente, é importante desenvolver uma consciência global e a capacidade de trabalhar em equipes multiculturais. Valorizar a diversidade e a inclusão é fundamental para enfrentar os desafios futuros de forma eficaz.
  • Estimular a criatividade e o pensamento crítico: A capacidade de pensar de forma criativa e questionar o status quo será valiosa em um mundo em constante mudança. Incentive a experimentação, o pensamento crítico e a busca por soluções inovadoras.

É, senhoras e senhores, estamos diante de um baita desafio. E não é de agora. O filósofo grego Heráclito, que viveu  entre 535 a.C. e 475 a.C, era  conhecido por suas ideias sobre o fluxo constante e o caráter mutável do universo, do homem e da humanidade. É dele a frase que finalizo a reflexão de hoje e que ilustra de forma simples e direta: A única constante é a mudança.

Então e também inspirado no provérbio popular “mar calmo não faz bom marinheiro”, é hora de içarmos velas fortes para navegarmos destemidamente nesse novo mar azul que se  avizinha no horizonte, com muita coragem de explorar as ilhas desconhecidas do futuro das profissões diante de qualquer tipo de vento.