A afirmação é da professora e mestre em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Natieli Tenório da Silva.

Integrante do Laboratório de Climatologia Geográfica (CLIMAGEO/UFPB) e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Geografia Física e Dinâmicas Socioambientais (GEOFISA/UFPB), a especialista explica que é um “erro frequente” e “equívoco” atribuir a responsabilidade dos estragos e desastres à um fenômeno natural como a chuva.

“Embora as chuvas sejam deflagradoras, nós precisamos olhar para os territórios, e territórios esses sem planejamento, onde a gente se depara com pessoas ocupando áreas de risco, então nós entendemos que falta habitação, há um déficit habitacional, falta saneamento básico, há uma ineficiência na drenagem de nossa cidade, por exemplo, e em Recife não é diferente. Nós nos deparamos nesse período de chuva com o escoamento cada vez mais superficial das águas pluviais, quando nós impermeabilizamos todo o solo da nossa cidade, quando nós subtraímos as áreas verdes, quando nós descartamos resíduos sólidos em vias públicas, entupindo as galerias que existem. Quando olhamos pra cidade a gente se depara com uma ineficiência […] Então, a chuva ela não é a culpada, mas sim a gestão”, disse Natieli em entrevista à BandNews FM Manaíra, em João Pessoa, nesta quarta-feira (1º).

A especialista destaca que ações paliativas são frequentes, mas é necessário que haja um planejamento eficaz por parte do poder público, ouvindo a academia, os pesquisadores e a população.

“Nós precisamos que haja politicas públicas a partir da formação de um grupo interdisciplinar, pra que possa entender a cidade, observar suas necessidades, ver suas vulnerabilidades, mas também nós precisamos ouvir a população. Porque a população não habita essas áreas de risco porque quer, não é uma escolha, mas sim porque foi o único lugar ou os únicos territórios que acabaram restando pra essa população ocupar”, completou.