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‘A Corrida das Vacinas’ documenta bastidores da busca pela imunização
21/04/2021 / 10:07
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EDUARDO MOURA

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Quem assiste ao noticiário já se acostumou a ver nomes como o de Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ocuparem o papel de especialista quando o assunto é coronavírus.

Em “A Corrida das Vacinas”, do Globoplay, Mendes cumpre essa função. Mas, além de dar mais detalhes sobre o episódio da suspensão dos teste da Coronavac, por exemplo, ele também aparece fazendo ioga ao lado do seu gato ou narrando uma conversa que teve com sua mãe.

A série documental trata, com velocidade e abordagem diferentes daquelas que se vê nos telejornais, a jornada dos cientistas para viabilizar uma vacina para o coronavírus em meio a turbulências de origem política que atingiram o processo.

Além de Mendes, estão lá nomes bem assíduos no noticiário —como a bióloga e divulgadora científica Natalia Pasternak, a epidemiologista Carla Domingues e Denise Garrett, que é vice-presidente do Instituto Sabin.

“Ao usar alguém muito conhecido, o que prevalece? Prevalece o ‘ah, esse cara aí de novo’ ou a familiaridade que o espectador já tem com essa pessoa. A gente teve essa discussão aqui. Essa ideia de familiaridade acabou prevalecendo, mas aliada ao rigor científico e à qualidade das informações que a pessoa está passando” conta o jornalista Álvaro Pereira Júnior, que dirige e apresenta “A Corrida das Vacinas”.

A série também acompanhou o cotidiano da enfermeira Patrícia Pantaleão, uma das pessoas que se voluntariaram para a fase de testes da Coronavac. Os sintomas, as expectativas e a apreensão do pai dela, que reclamava da Anvisa e de Jair Bolsonaro, foram capturados pelas lentes do documentário —o que dificilmente entraria numa reportagem de jornal diário.

“Se fosse no jornal, teria sido uma entrevista só”, diz Pereira Júnior. A equipe de “A Corrida das Vacinas” segue acompanhando a enfermeira até hoje, desde 31 de outubro, quando a conheceram no Hospital Emílio Ribas, na capital paulista.

Mas este maior tempo de produção não significa que o programa seja menos jornalístico nem que não possa trazer informações exclusivas. Durante a produção, aconteceu um fato que parece ter saído da ficção.

Em novembro do ano passado, o governo de São Paulo autorizou que a equipe acompanhasse o início de uma reunião de João Doria, do PSDB, com integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus sobre a importação de vacinas pelo estado. Só que a equipe do governo paulista, depois que a produção do documentário saiu da sala, se esqueceu de desconectar o microfone que estava ligado à mesa de som, segundo o próprio documentário narra.

O resultado foi que a série acabou tendo em mãos um diálogo exclusivo que escancarava os bastidores dos esforços pela vacina no governo de São Paulo.

“Só tem um cara que tá se expondo aqui: sou eu. Fundamentalmente, sou eu. Eu tô no primeiro plano dessa história. Publicamente. Ainda sofrendo ataque do Bolsonaro, bolsominion, bolso não sei do quê. Bando de malucos!”, foi uma das frases de Doria durante a reunião.

Outra raridade que a equipe conseguiu foi uma entrevista com Yin Weidong, o presidente da farmacêutica chinesa Sinovac, que desenvolveu a Coronavac, falando do Brasil especificamente.

Após a conversa com a reportagem, Pereira Júnior já deveria ir direto para a sala do sonoplasta, para revisar, frame a frame, o áudio do terceiro episódio, que estreia nesta quinta-feira (22). “Mesmo no Fantástico, que tem um acabamento mais esmerado, não tem tempo de fazer isso”, diz.

Apesar de permitir um maior tempo de produção e edição, o processo não é menos penoso do que no jornalismo de TV —a série foi feita quase em tempo real, “porque a gente precisa ter as informações mais atuais possíveis”, diz o jornalista.

“Eu brinco que a nossa próxima série vai ser sobre queijo da Serra da Canastra, porque aí não tem factual, não tem notícia, não tem desespero.”

A CORRIDA DAS VACINAS
Onde Novos episódios às quintas, no Globoplay, disponíveis também para não assinantes