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A dura realidade de quem precisa da saúde privada em João Pessoa
10/04/2023 / 13:11
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Houve um tempo em que ter um plano de saúde como Unimed, Bradesco, Sul América só para ficar nesses três, era um baita diferencial.

Hoje não é mais.

Usuários de planos de saúde em geral, se precisarem de uma consulta urgente vão ouvir das secretárias dos consultórios que pelo plano só tem vaga dois meses depois. Mas, se desembolsarem R$ 400,00 é atendido no mesmo dia.

Mercantilismo dos médicos? Nada disso, instinto de sobrevivência.

Os planos de saúde cobram caro do usuário e pagam pouco ao médico. Oitenta por centro da arrecadação vai para a gestão de hospitais, exames, insumos cirúrgicos e custeio. Cooperativas de saúde como as Unimeds sacrificam ainda mais seus cooperados com a má gestão pois, via de regra, a politicagem impede os conselhos de administração de fazer o que é certo.

Planos maiores como Bradesco e outros, priorizam os resultados dos acionistas para evitar quedas na bolsa de valores.

Quem precisa dos serviços do Hospital Nossa Senhora das Neves, por exemplo, nem lembra aquele espaço inaugurado com zelo pelo empresário Edalmo Assis em maio de 2016.

Duvida? Bastar dar uma espiadinha na página do hospital nas avaliações do Google. Sete em cada dez usuários postam fotos de instalações precárias e falta de um atendimento profissional e humanizado.

Desde que a Rede D’or  adquiriu 51% do Hospital e suas subsidiarias Clim Hospital Geral, Luppa Laboratórios, Unigastro e Neves Medicina Diagnóstico que o atendimento degringolou, pois o fundo Baraúna, também envolvido na participação societária exigiu um Ebitda de 70 milhões, nos 12 meses posteriores ao fechamento da compra e vem sangrando o caixa do hospital desde então.

A situação é idêntica na página do hospital da Unimed João Pessoa que tem nota 3 no atendimento. Sete em cada dez pacientes também se queixam da má qualidade do serviço como pode-se observar abaixo.

 

O que tem provocado a crise na Unimed João Pessoa que amargou um prejuízo de R$ 46.575.192,82 no último trimestre do ano passado é o aumento da sinistralidade que já era previsível desde a pandemia.

É fácil entender.

No auge da pandemia em 2020 e 2021 o povo não saiu de casa para se consultar e fazer exames e procedimentos e isso gerou um resultado positivo de R$ 58.687.318. A diretoria da Unimed teve a ideia de distribuir R$ 18.2 milhões do suposto lucro com os médicos e reservar R$ 31,5 milhões para ampliação da rede própria.

É como se uma bodega por ter dado um bom resultado num determinado período e o dono distribuir dinheiro para os filhos e ainda construir uma segunda unidade sem pensar nas consequências.

Resultado: desde o início de 2020 a Unimed glosa a produção dos médicos e ainda atrasa pagamentos. As clínicas, empresas que conseguem dinheiro mais fácil no banco vão se virando como pode. Mas, aquele médico que vive do consultório está com a corda no pescoço.

Qual a solução?

É difícil prever qual o futuro da Unimed João Pessoa, mas especialistas apontam que cooperados devem continuar a ser surpreendidos com um desconto linear, de 25% a 35% nos próximos meses em toda a produção, extensivo às pessoas jurídicas.

Os médicos cooperados devem continuar a receber correspondência mostrando as dificuldades de caixa, por conta do índice de sinistralidade (percentual de despesas médicas, versus receitas) que devem ser manter nas alturas. Ou seja, é possível ter pro-rata o ano inteiro.

Uma das saídas, seria devolver ao caixa a reserva feita de 31,5 milhões para obras e investimentos, mas ao que parece parte desses recursos já está sendo usado pela atual diretoria. Em sendo verdade, resta a Unimed buscar ajuda dos bancos para evitar algo pior.

Existem várias maneiras para controlar as contas de uma empresa como a Unimed, mas, ao final, trata-se de uma combinação de receitas e despesas. Ocorre que o tamanho e a evolução da dívida dependem da relação entre entradas e saídas. Se o gasto excede a arrecadação, surge um déficit que logo se torna dívida.

Se isso é uma obviedade, por qual razão não se resolve?

Porque para fazer isso é preciso diálogo e ao que parece a atual diretoria não tem muita disposição para tal. Dizem que o complicance foi rasgado por conta dos interesses políticos.

Médicos também alegam nepotismo cruzado, de gestores autorizando despesas para suas próprias empresas e uma máquina inchada e gestores despreparados para lidar com a atual crise.

Em sendo verdade, a Unimed João Pessoa deverá passar anos para se recuperar. Espera-se que aprendam a lição e ponham especialistas em gestão para evitar fazer contas de bodega de esquina.

Quanto a hospital Nossa Senhora das Neves, vai depender das prioridades da Rede D’or que até agora não tem demostrado preocupações com a queda da qualidade de sua prestação de serviços.

Usuários do Hap Vida também não poupam criticas aos serviços prestados em João Pessoa. Um dos hospitais do plano em Campina Grande chegou a ser interditado pela Vigilância Sanitária.

Muitos pacientes que pagam caro aos planos de saúde estão recorrendo aos hospitais públicos que em muitos casos possuem estruturas melhores, a exemplo do Metropolitano e o Hospital de Trauma em Joao Pessoa e Campina Grande.