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A liga saudita de futebol vai bombar nas casas de apostas?
30/08/2023 / 19:10
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Desde a primeira classificação da Arábia Saudita para uma Copa do Mundo, a de 1994, aumentou bastante a popularidade do futebol no país. Recentemente, os clubes da liga saudita de futebol têm chamado a atenção com grandes contratações.

Diferente do que acontece em outros países, o dinheiro “infinito” dos clubes da Arábia Saudita vem do governo. Enquanto no Brasil, as grandes casas de apostas injetam milhões em patrocínios nos clubes, na Arábia Saudita o governo adquiriu 4 grandes equipes (Al-Ittihad, Al-Nassr, Al-Hilal e Al-Ahli) e investe pesado nelas para fomentar o esporte no país.

Grandes estrelas do futebol mundial foram atraídas para o futebol saudita

Uma das estrelas que foram recrutadas por clubes sauditas para os seus elencos é Cristiano Ronaldo, que deixou o Manchester United pelo Al Nassr pouco depois da Copa de 2022. O pacote de mais de US$ 200 milhões de dólares anuais que negociou faz do português o atleta mais bem pago da atualidade.

Neste ano, juntaram-se a clubes sauditas Benzema, contratado em junho pelo AlI Ittihad, e Neymar, contratado pelo Al Hilal em agosto. Outras estrelas, como Mbappé e Messi, também receberam propostas de clubes da Arábia Saudita, mas recusaram-nas.

Como funciona o Fundo de Investimento Público saudita?

Nos últimos anos, como parte das reformas sociais e econômicos de Mohammed bin Salman Al Saud, herdeiro e primeiro-ministro do país, o governo saudita tem buscado reorganizar os clubes em bases empresariais mais profissionais e dar mais relevância ao saudita entre os mercados para o futebol. Com isso, visa colocar a liga e os clubes da Arábia Saudita entre os mais lucrativos do mundo.

Moqbel al-Zabni, redator-chefe do jornal ar-Riyadiyah, sediado na capital Riade, disse à rede Al Jazeera que as autoridades do país desejam que a agulha da bússola do futebol profissional passe a apontar para o mundo árabe.

Consoante esse desejo e no contexto das citadas reformas, o Fundo Público de Investimento, fundo soberano saudita, assumiu, em junho deste ano, o controle de quatro dos principais clubes do país do Golfo Persico: Al-Ittihad, Al-Nassr, Al-Hilal, que ficaram, respectivamente, em primeiro, segundo e terceiro na mais recente edição do campeonato nacional, e Al-Ahli, que acabou rebaixado.

A entidade sem fins lucrativos de cada clube será dona de 25% dele, e os 75% restantes pertencerão ao fundo soberano. Os frutos das chegadas de grandes estrelas já começam a aparecer. A agência nacional de imprensa da Arábia Saudita afirma que o público no campeonato nacional cresceu cerca de 150% desde a edição anterior.

Na frente externa, a liga do país fechou acordos de transmissão de seu campeonato para mais de 100 mercados. Deles, um dos mais importantes foi aquele com a difusora esportiva britânica DAZN para vários mercados, inclusive Canadá, Reino Unido, Irlanda e Alemanha por suas temporadas. No Brasil, o Grupo Bandeirantes de Comunicação arrematou os direitos de transmissão. A Rede Bandeirantes transmitirá partidas na TV aberta, e o canal BandSports transmitirá na TV fechada.

O que pode acontecer com essa “nova ordem” do futebol

Embora a liga saudita e seus clubes já tenham tido inegável sucesso em chamar a atenção internacional para o esporte no reino, há divergências quanto a quão duradouro será o sucesso da experiência.

Simon Chadwick, que ensina sobre esportes e economia da geopolítica na SKEMA (School of KnowledgeEconomy and Management), faculdade francesa de administração, admite ser lógica a decisão do governo saudita de investir no esporte mais popular no país. Contudo, tem dúvidas quanto à capacidade do campeonato nacional de manter o interesse dos espectadores estrangeiros, com acesso a competições de alto nível.

Outros, no entanto, estão muito mais otimistas. Peter Hutton, que faz parte da diretoria da liga saudita, afirmou à rede BBC que, embora trabalhe com esportes há cerca de 4 décadas, nunca havia visto um projeto esportivo tão ambicioso, tão grande e que fosse produto de uma tal determinação de obter sucesso.

Segundo o Fundo Público de Investimento, que também controla o evento de golfe LIV Golf e o Newcastle United, clube de futebol inglês, novas oportunidades de investimentos, parcerias e patrocínios serão criadas pelas transferências de controle dos clubes sauditas.

Futebol mais competitivo vira atração em casas de apostas também

A chegada de grandes estrelas ao futebol da Arábia Saudita, a elevação dos níveis dos elencos dos principais clubes do país e o fechamento de acordos para transmissão das partidas deles em vários países, inclusive o Brasil, podem movimentar consideravelmente os sites de apostas esportivas.

Muitos deles já apresentam as partidas de times sauditas entre os eventos disponíveis para apostas, oportunidade de que mais apostadores desejarão tirar proveito à medida que as equipes ganham visibilidade e fãs.

Qualquer que seja as apostas que os apostadores façam online, as que o governo saudita, o seu fundo de investimentos e uma constelação de craques fizeram para colocar um país no mapa da bola, terão sido bem mais altas.