E se existisse uma forma de ficar mais atento? Com o raciocínio mais rápido? Ter mais memória e assertividade? Conseguir lidar melhor com questões complexas da vida? A resposta para todas essas perguntas está na prática que já mudou a vida de mais de 200 mil brasileiros: ginástica para o cérebro ou treino cerebral, como também é conhecida a prática.
Para entender a ginástica para o cérebro partimos do princípio de que o que está por trás desta prática é a neurociência, mais precisamente dois conceitos fundamentais: neuroplasticidade e metacognição.
A neuroplasticidade é a capacidade dos neurônios de alterarem suas funções, se adaptarem e se reorganizarem a partir das alterações ambientais.
O cérebro está constantemente fazendo ajustes: desde a maneira que processa informação até a forma como desenvolve novas habilidades ou funções. Esses ajustes levam a alterações sinápticas individuais, que reorganizam o encéfalo (centro do sistema nervoso), levando a grandes consequências funcionais. Sinapses são locais de comunicação entre neurônios e é na sinaptogênese (nascimento de novas conexões) que reside o maior número de evidências para a compreensão da relação entre cérebro e ambiente.
“A metodologia da ginástica para o cérebro age como estímulos ambientais que vão criar experiências e desafios focados em reorganizar sistemas neuronais para aperfeiçoar uma série de habilidades. O objetivo é criar as circunstâncias ideais para que a sinaptogênese aconteça, sendo que tais circunstâncias incluem: atenção concentrada, determinação e saúde geral do cérebro”, detalha a neurocientista Livia Ciacci.
A metacognição é o processo de aprender a relação com as capacidades de planejamento e regulação da própria atividade, em função de determinados objetivos.
Metacognição na prática é estar consciente a respeito dos processos mentais que vivencia. É, por exemplo, ter clareza que tem dificuldade com o aprendizado x e que para superá-la precisará ter as atitudes y e z.
A metacognição envolve a tomada de consciência da pessoa sobre seus próprios conhecimentos e a capacidade de agir com ações de autorregulação no estabelecimento de metas.
“Para desenvolver e exercer a metacognição, nós utilizamos um pacote cognitivo conhecido como ‘funções executivas’, que correspondem a um conjunto de habilidades que permitem ao indivíduo direcionar comportamentos, avaliar a eficiência desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras, e dessa forma resolver melhor os problemas”, explicou Livia.
Todos esses domínios funcionais utilizam circuitos neurais principalmente do córtex pré-frontal em integração com outras muitas áreas cerebrais. Um aspecto relevante ao se considerar as funções executivas e suas áreas anatômicas diz respeito ao desenvolvimento tardio do córtex pré-frontal.
Ele é a estrutura do cérebro que completa seu desenvolvimento mais tardiamente, estando completamente pronto apenas no início da vida adulta, indicando que as funções executivas metacognitivas são significativamente dependentes da cultura e das interações sociais.
Por meio de ferramentas, o método de ginástica para o cérebro contempla, além de todas as habilidades das funções executivas, um ambiente rico em interações sociais e reflexões temáticas de qualidade, criando o cenário ideal para o pensamento metacognitivo.
Por que estimular o cérebro? A prática de ginástica cerebral é uma atividade que estimula neurônios e ativa áreas distintas do cérebro, potencializando as habilidades cognitivas, como atenção, memória, raciocínio entre outras. Quanto mais estímulos corretos o cérebro recebe, mais ágil e apto para respostas ele se torna.
Quando estimula o cérebro da forma correta, o estudante obtém mais atenção e concentração, consegue desenvolver melhor o raciocínio e, consequentemente, ter melhor desempenho escolar. Os estímulos que envolvem novidade, variedade e grau de desafio crescente proporcionam ainda melhora na coordenação motora, autoestima, perseverança e disciplina.
A prática aumenta a capacidade de memorização e torna o cérebro mais ágil. Estas habilidades são fundamentais para adolescentes em fase de vestibular. Os vestibulandos que fazem ginástica para o cérebro conseguem lembrar com mais facilidade do conteúdo estudado e, consecutivamente, apresentam melhores resultados.
Em adultos a ginástica para o cérebro oferece recursos imprescindíveis que trabalham habilidades que favorecem a aprovação em processos seletivos, equilíbrio emocional, desenvoltura nos relacionamentos, visão estratégica e automotivação, agilidade de raciocínio, poder de análise e de síntese.
O envelhecimento da população mundial impõe um desafio: como ter mais qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento? A prática de ginástica cerebral contribui de forma significativa para que idosos aumentem sua reserva cognitiva garantindo um desempenho efetivo da memória e do pensamento.