Enquanto grandes líderes mundiais, notadamente das big techs e a maioria homem, recuam e expressam a preocupação com o avanço avassalador da inteligência artificial (IA), eu encerrei o mês de março, exaltando as mulheres e dizendo “a revolução é feminina”.
Família, amigas, colaboradoras receberam a devida homenagem; que reitero. Mas, como o assunto dessa coluna é inovação, eu não poderia deixar de falar que se a revolução é feminina, ela tem 35 anos e responde pelo nome de Mira Murati; mais conhecida hoje como a mãe do ChatGPT, o frisson revolucionário baseado em inteligência artificial que estamos assistindo, por enquanto, de camarote.
Por sua vez, Mira Murati, tem motivos de sobra para ter orgulho do seu filho prodígio que em pouco mais de um mês já estava sendo usado por mais de 100 milhões de pessoas mundo afora, simultaneamente.
Tem que aplaudir de pé a engenheira mecânica da OpenAI, empresa da qual é diretora de tecnologia (CTO) e onde nasceu “seu filho”. Programadora desde a adolescência, ela é uma inspiração para todos nós e não só porque daqui 200 anos seu nome será lembrado e sua trajetória estudada, como fazemos, ou fizemos, com Alessandro Volta, descobridor da corrente elétrica, ou Thomas Edson, inventor da lâmpada, para dar dois exemplos. Mira Murati, além de tudo e tanto, é uma mulher defensora da diversidade e inclusão e tem repetido e reafirmado a frase “só há inovação verdadeira quando há uma variedade de perspectivas e experiências representadas”. Atribuída a Megan Smith, primeira mulher a alcançar o cargo de CTO nos Estados Unidos, a frase reflete a importância de inovarmos também em direção à equidade e à pluralidade. Achei sensacional e merece ainda mais aplausos.
Mas para a coluna deste domingo e já feita a devida homenagem, trago também outra reflexão. Fiquei tentando imaginar qual seria a resposta da mãe do ChatGPT às preocupações que começaram a pipocar essa semana com relação aos perigos que a inteligência artificial trará ao futuro da humanidade. E arrisco a dizer que seria como uma mãe respondendo para um filho, já que estamos falando do rebento dela, ou seja, analisando a questão dos dois lados e de várias perspectivas, essa capacidade atávica feminina.
E para exemplificar a resposta que imaginei, convido o leitor a assistir os dois vídeos nos links abaixo, vale a pena e vai te provocar à reflexão. O primeiro reflete a grande preocupação com os empregos atuais. Os mais pessimistas acreditam que a automação por meio de robôs e inteligência artificial vai acabar com a maioria dos postos de trabalho como conhecemos hoje e conclamam à pressa de se reinventar.
Táxi Autonômo
Antes de começar a se apavorar, respire, e clica no outro link abaixo e assista ao segundo vídeo. A jovem estudante de 20 anos, Priyanjali Gupta, criou um sistema baseado em inteligência artificial que traduz a linguagem de sinais, libras, para o inglês. Imagine o potencial de inclusão de uma ferramenta como essa embarcada com inúmeros idiomas. A criação de Gupta ainda dialoga com uma luva chamada “SignAloud”, capaz de traduzir a linguagem de sinais em áudio e texto, inventada por outros dois estudantes.
Então, senhoras e senhores, diante de uma revolução, até mesmo de narrativas, e o cenário que se coloca, o que posso afirmar é aquela velha máxima do lobo bom e o lobo mau que vive em nós. Qual vence? Aquele que alimentamos. Vamos, portanto, trabalhar para alimentar, perseguir, pesquisar, implementar, usar, enfim, a inteligência artificial para o bem, o bem de toda a humanidade.