A Polícia Civil da Paraíba confirmou que um incêndio criminoso foi registrado no Acampamento Canudos, no município de Riacho de Santo Antônio, na noite do sábado (8/6). Segundo a coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) na Paraíba, quatro homens armados e encapuzados invadiram o acampamento por volta das 20h30 do último sábado (08), amarraram pessoas e atearam fogo em barracos. Cerca de sete casas foram queimadas, e três delas ficaram totalmente destruídas.
De acordo com as vítimas, os homens gritavam alto e diziam ser policiais. Eles colocaram as famílias para fora do barraco com as crianças, despejaram um produto inflamável e queimaram as moradias com pertences das vítimas dentro.
“Entraram quebrando tudo, dizendo que era policial, só que eles não tinham nada de policial. Queimaram tudo. Cama, berço, geladeira, roupas, celular. Tudo que a gente tinha. Deixaram a gente assistir tudo nosso pegar fogo. Sensação horrível. Perdi tudo, né. E ainda ver minha filha desesperada chorando e eles dizendo que iam nos matar. Dá uma revolta muito grande. Minha força foi Deus. Mal eu tinha conseguido e eles destruíram tudo”, declarou uma das vítimas.
A coordenação estadual do MST na Paraíba informou que a ação durou cerca de 1 hora e que, ao saírem, os criminosos gritaram para que os ocupantes fossem embora e nunca mais voltassem ao local.
O fogo foi controlado e a Polícia Militar foi acionada, iniciando diligências. A Polícia Civil iniciou as investigações na manhã do domingo (9). Peritos estiveram no local e encontraram garrafas de plástico com gasolina que teriam sido usadas para estimular o fogo, confirmando que o incêndio foi criminoso.
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Conforme a delegada Suelane Souto, um suspeito já foi identificado e ouvido.
“Há dois anos os moradores do acampamento vêm sofrendo duras ameaças de um funcionário da fazenda conhecido como Erivadro. Segundo relatos de algumas famílias ele já havia dito que iria botar fogo no acampamento e expulsar todos”, diz a coordenação estadual do MST. Teria sido esse o suspeito ouvido pela polícia.
Ainda segundo a coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o acampamento é uma ocupação realizada pelo MST há 10 anos e abriga 56 famílias que reivindicam a desapropriação da fazenda Canudos com uma área de cerca de 3 mil hectares, “e que se encontra abandonada, improdutiva, não cumprindo sua função social”.
O crime está sendo acompanhado pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, Defensoria Pública e delegacia de Polícia Civil da cidade de Queimadas. O Observatório Terra e Moradia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) também acompanha a situação.
Publicado por Matheus Melo, F5 Online*