Um estudo recente revelou um avanço significativo na presença de alunos indígenas no ensino superior brasileiro, destacando tanto números impressionantes quanto histórias de superação e conquista. Entre 2011 e 2021, o número de matrículas de autodeclarados indígenas cresceu impressionantes 374%, segundo dados do centro de inteligência analítica do Semesp (entidade que representa as instituições de ensino superior), com a maioria das matrículas ocorrendo na rede privada, correspondendo a 63,7%.
Esse crescimento expressivo elevou o contingente total de estudantes indígenas em 2021 para pouco mais de 46 mil pessoas, representando 0,5% do total de alunos do ensino superior. As áreas de Educação e Saúde e Bem-Estar concentram a maioria das matrículas de alunos indígenas, totalizando 52,7%, indicando um interesse crescente dessas comunidades em contribuir para o desenvolvimento e bem-estar de suas próprias populações.
O aumento no acesso ao ensino superior reflete uma tendência de ampliação da representatividade e promove a valorização da diversidade e o acesso a oportunidades que antes eram limitadas para essas comunidades. E nesta sexta-feira, 19 de abril, quando é comemorado o Dia dos Povos Indígenas, data que ressalta a importância da preservação da cultura e dos direitos dos povos originários, é um momento oportuno para reconhecer a luta, os esforços e as conquistas dos indígenas, incluindo o progresso no campo educacional.
Um exemplo inspirador desse movimento vem das aldeias Vitória e Barra de Gramame, no município de Conde, na Paraíba. Cinco jovens indígenas dessas comunidades se formaram em cursos da área de saúde após receberem bolsas integrais durante toda a jornada universitária no Centro Universitário UNIESP em 2023.1. Os cursos incluem Estética e Cosmética, Nutrição, Educação Física, Enfermagem e Psicologia.
Essa iniciativa de concessão de bolsas integrais surgiu em 2019, fruto da colaboração entre os professores Lusival Barcellos e Emanuel Falcão, da UFPB, a reitora do UNIESP, professora Erika Marques, e o cacique Ednaldo Tabajara. Os estudantes foram contemplados com descontos de 100% nas mensalidades, tornando-os os primeiros graduados de suas aldeias.
Os universitários contemplados foram: Raíssa Marília (Estética e Cosmética), Natália Rodrigues (Nutrição), Mailson Moreira (Educação Física), Bruna Flávia (Enfermagem) e Janaira Araújo (Psicologia).
“Assim que tivemos o primeiro contato, eu percebi o impacto que o UNIESP poderia ter na vida, não só dos jovens, mas de toda aquela comunidade. É parte de nossa missão promover experiências educacionais transformadoras para melhorar o mundo e essa foi uma excelente oportunidade para contribuir com a sociedade”, explicou a reitora Erika.
Os cursos escolhidos pelos estudantes visavam atender às demandas específicas de suas comunidades, como observa o professor Lusival Barcellos. Essa formação permite, agora, que os jovens ocupem cargos relevantes nos órgãos responsáveis pela implementação de políticas públicas, inclusive de saúde diferenciada.
“Foi fundamental a abertura e apoio do UNIESP na inclusão dos indígenas no ensino superior. Dessa forma, possibilitou que eles viessem para cá, mostrar a capacidade que tem. Inclusive, durante o período de graduação, eles foram reconhecidos como estudantes exemplares, que tiveram os méritos de suas conquistas, tornando-se excelentes profissionais”, declarou.
A formatura dos cinco estudantes indígenas é um símbolo de inspiração para outras comunidades. Para eles e para suas aldeias, essa conquista é um passo importante rumo a um futuro mais promissor e inclusivo, onde o direito ao acesso à educação de qualidade é uma realidade para todos.
Para Natália, agora nutricionista, a conquista vai além do diploma: “A parceria com o UNIESP foi um diferencial para nós, jovens indígenas, para podermos ocupar nossos espaços no ensino superior, algo que, pelo processo de apagamento histórico que o nosso povo sofreu, era um sonho distante. Mas a contribuição do UNIESP deu vez, voz e visibilidade à juventude dos povos originários. Eu pude ser inspiração para aqueles que almejam o caminho da educação. Todos nós somos capazes”.
O UNIESP tem participação ativa em vários projetos sociais e culturais, além de conceder bolsas parciais ou integrais a diversos estudantes, contribuindo com o desenvolvimento das pessoas e da região. “Faz parte do nosso DNA cooperar com ações que podem melhorar a vida da população. Estamos sempre dispostos a ajudar e acreditamos que a educação é a chave para um futuro melhor”, ressalta a reitora Erika Marques.