Em 2020 não teve escolha. No esforço para conter a pandemia, houve um apagão de shows no Brasil e no mundo. Em 2022, com a piora na pandemia causada pela variante ômicron, as regras são menos firmes. Resultado: a decisão de adiar ou não tem ficado na mão das casas de shows e dos artistas.
Com a situação ainda incerta, mais cantores e casas de shows estão cancelando apresentações em janeiro e até depois. Ao contrário do carnaval, que já foi cancelado em grande parte do Brasil, os shows seguem liberados na maior parte do país.
Muitos artistas seguem na estrada – inclusive alguns que pegaram Covid, desmarcaram datas, se recuperaram e voltam a tocar. Os eventos são adaptados a regras estaduais que estão restringindo o número de público e a lotação das casas, sem barrar os eventos.
Há outro fator novo: em 1º de janeiro venceu o prazo da lei que dispensava os produtores de devolver o dinheiro dos ingressos caso os shows fossem remarcados. Isso significa que todo show adiado em 2022 deve oferecer reembolso para quem não quiser ir na nova data (veja mais regras abaixo).
Decisão difícil
Lulu Santos desmarcou shows que faria em janeiro e fevereiro. Ele já tinha cancelado sua data no Rio no dia 6 de janeiro após oito pessoas de sua equipe se contaminarem.
“Mediante o recrudescimento vertiginoso das últimas duas semanas dos casos de infecção de Covid, e já com as emergências dos hospitais lotadas com pessoas com problemas respiratórios, a gente acha pouco sensato, na verdade, irresponsável, convidá-los para estarem num ambiente fechado, aglomerados onde todos, na melhor das hipóteses, cantam, dançam, batem palma, suam, e potencialmente infectam ou são infectados”, Lulu disse em vídeo. Barão Vermelho, Fafá de Belém e Luiza Possi e outros artistas curtiram.
Outra declaração sobre a escolha foi dos sócios do Studio SP, casa de shows paulista que estava fechada havia oito anos e, em meio ao ânimo com a retomada de eventos no fim de 2021, tinha voltado à ativa.
“O setor cultural foi o primeiro a entrar e será o último a sair em sua plenitude da crise pandêmica e não existe compreensão pública sobre a importância estratégica da cultura, tanto na geração de emprego e renda como para a saúde mental da sociedade”, diz o comunicado do Studio SP.
“A decisão do adiamento dos shows foi muito difícil. Um dos objetivos da reabertura do Studio SP é contribuir na retomada cultural da cidade. Pretendemos manter nossa programação de fevereiro, obviamente atentos às diretrizes sanitárias”, também diz o comunicado.
Mais casas de São Paulo, como Cine Joia e Espaço das Américas, também adiaram shows. Outras mantêm a programação.
“Está sendo uma decisão extremamente difícil, tanto emocional quanto operacionalmente. Pensamos, repensamos, tentamos adiar o inevitável, mas o momento não nos permite celebrar o verão de nossas vidas com a potência que gostaríamos, e aí tudo perde o sentido”, disse a organização do festival carioca Universo Spanta, adiado para 2023.
Também no Rio, a casa de shows Qualistage, que abriria em janeiro no lugar do antigo Metropolitan, adiou a inauguração. Shows em janeiro e fevereiro de Maria Bethânia, Thiaguinho, Martinho da Vila e outros foram remarcados.
Veja shows adiados por precaução diante da piora na pandemia em 2022:
Veja as regras para shows adiados ou cancelados em 2022:
A medida provisória que permitia que as produtoras não oferecessem reembolso em caso de shows adiados em 2020 e 2021 não vale mais. Voltaram a valer as regras tradicionais, definidas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). O consumidor pode solicitar o reembolso da compra em até 30 dias após a data de divulgação do cancelamento ou adiamento. Isso vale mesmo para os shows cujos ingressos foram comprados em 2021, mas que foram adiados ou cancelados já em 2022.
O estorno deve acontecer da mesma forma da compra. Os ingressos comprados com dinheiro devem ser estornados com dinheiro. Os ingressos por cartão devem ser estornados no cartão.
E se eu tiver problema para conseguir o dinheiro de volta ou outros direitos? É possível acionar as empresas organizadoras através da plataforma “consumidor.gov’, do Governo Federal. Ela foi criada para tentar resolver essas demandas em 2014;
O consumidor também deve fazer uma reclamação junto ao Procon para que dados sejam gerados e utilizados pelos órgãos públicos.
Informações: G1