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Alagoa Grande admite aplicação de vacinas vencidas; veja o que dizem Estado, municípios e Ministério da Saúde
02/07/2021 / 20:36
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O município de Alagoa Grande, no Agreste da Paraíba, admitiu ter realizado a aplicação de 72 doses vencidas de vacina AstraZeneca na população local. De acordo com a prefeitura, assim que percebeu o erro, há cerca de dois meses, o município entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) para relatar o problema e solicitar reforço na imunização.

A confirmação da Secretaria de Saúde de Alagoa Grande acontece após uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, veiculada nesta sexta-feira (2), mostrar que cerca de 26 mil doses de AstraZeneca fora da validade foram aplicadas em 1.532 municípios brasileiros. Na Paraíba, 253 pessoas teriam recebido as doses vencidas.

A apuração da Folha é baseada em dados oficiais do Ministério da Saúde, obtidos a partir de trabalho dos pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp. O levantamento mostra que o problema aconteceu com oito lotes diferentes de vacina. De acordo com os dados, Alagoa Grande é o município paraibano com o maior total de doses vencidas aplicadas (72).

Segundo o secretário de Saúde do município, André Fernandes, uma terceira dose está sendo aplicada nas pessoas que receberam imunizantes irregulares. ”Foi nos dado a informação, na semana passada, de que deveríamos refazer uma terceira dose. Nós começamos segunda-feira a refazer essas 72 doses e acreditamos que até o final da próxima semana, todas as 72 pessoas estarão vacinadas”, afirmou.

Lotes com suspeita de aplicação pós-vencimento – Crédito: G1

Secretaria de Estado da Saúde

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que todas as doses recebidas do Ministério da Saúde são entregues em até 24h aos municípios, “que são integralmente responsáveis pelo armazenamento, aplicação e informação aos sistemas de notificação do Ministério da Saúde”, diz o comunicado, acrescentando que orientações técnicas às equipes de vacinação ocorrem frequentemente.

A SES afirma que os municípios devem avaliar se o que aconteceu foi um erro de registro ou se as doses não foram aplicadas no tempo correto. A recomendação é que as pessoas que tenham recebido doses de AstraZeneca vencidas tomem a segunda parte da imunização, de acordo com a data marcada no cartão de vacinação.

Geraldo Medeiros, secretário estadual de Saúde, explica que o entendimento da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) é de que haja a aplicação da vacina novamente. Porém, ainda segundo ele, o Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a covid-19 não tem um posicionamento definitivo sobre o assunto.

Segundo Medeiros, uma reunião com autoridades responsáveis pelo PNI deve decidir como proceder nesses casos em breve.

 

Ministério da Saúde

Por nota, o Ministério da Saúde disse que acompanha “rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas Covid-19 recebidas e distribuídas” e que “as doses entregues para as centrais estaduais devem ser imediatamente enviadas aos municípios pelas gestões estaduais”.

De acordo com a pasta, cabe aos gestores locais do SUS o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do ministério.

João Pessoa e Campina Grande

Segundo a pesquisa, cinco pessoas tomaram doses vencidas em João Pessoa e 23 em Campina Grande. Através de notas, as prefeituras das duas cidades negaram as informações apresentadas pelo veículo de imprensa e afirmaram que em suas gestões nunca aconteceu aplicação de doses irregulares.

Para o chefe da Seção de Imunização na capital, Fernando Virgolino, o que ocorreu foi um erro de digitação no sistema Si-PNI.

“Há um rígido controle de verificação da validade dos lotes dos imunizantes. Nós recebemos, distribuímos e imediatamente são aplicadas as doses na população. Isto é um processo muito rápido”, diz.

De acordo com a Coordenação de Imunização do município de Campina Grande, houve uma “divergência entre o dia efetivo de aplicação e a data do cadastro no sistema, o Si-PNI, do Ministério da Saúde, sendo possível que o prazo de validade tenha expirado nesse intervalo. Contudo, o fato já foi notificado aos órgãos competentes”, afirma a nota, alegando que o município executa a aplicação “imediatamente após o recebimento das remessas de vacinas, sem abrir margem para o vencimento”.