Houve um tempo em que estudar no Unipê em João Pessoa era sinônimo de status. Isso porque além de excelentes cursos, aquele Centro Universitário, tinha a melhor estrutura dentre as Instituições de Ensino Superior do Estado.
Desde que foi vendido em junho de 2018, para grupo Cruzeiro do Sul, o Unipê vem perdendo espaço entre as instituições de ensino superior no Estado. Perdendo para a UNINASSAU, FPB e principalmente para o UNIESP.
Ao chegar na Paraíba, o Diretor de Planejamento da Cruzeiro do Sul Educacional, Fábio Ferreira Figueiredo, dizia que “o grupo iria zelar pela preservação da cultura regional, respeitando os valores da Instituição e potencializando a força dela como polo estudantil de referência na região”.
Ocorreu o contrário: o grupo Cruzeiro do Sul, pensando no caixa, deu início a uma onda de demissões em massa. A instituição de ensino virou tema de reportagens pelas demissões de profissionais responsáveis pelo ensino nos cursos oferecidos.
A falta de posicionamento na mídia foi um desastre.
A imprensa chegou a revelar que 50% dos cursos do UNIPÊ passaram a ser ofertados na modalidade EAD resultando numa diminuição do presencial. Foram demitidos professores, servidores de secretarias e funcionários do setor administrativo. A média de demissões de professores foi de seis a oito docentes por curso, segundo reportagens da época.
Pode até não ser verdade, mas o silêncio sugere que é.
Enquanto o UNIPÊ perdia posicionamento de marca, os concorrentes faziam a festa. A FBP e a UNINASSAU bombardearam os canais de TV com preços e o UNIESP foi naturalmente se tornando o espaço de abrigo para aqueles alunos que eram atraídos pela qualidade e estrutura do Campus cada vez mais parecido com o do UNIPÊ.
Em movimentos discretos, a reitora do UNIESP, Erika Marques foi atraindo várias cabeças pensantes do corpo docente desfalcando o meio campo do time comprado pelo grupo Cruzeiro do sul. A Pró-Reitora Acadêmica, Iany Barros e o Professor Arthur Souto, coordenador da Pós-Graduação, são alguns dos muitos profissionais que trocaram de endereço e hoje lideram turmas iguais ou maiores do que na época em que atuavam na casa anterior.
Três anos e meio depois, quem visita o UNIESP pode perceber os motivos desses movimentos. São 30 laboratórios equipados com o que há de mais moderno no mercado, biblioteca com excelente e atualizado acervo, professores altamente qualificados, atuantes e influentes no mercado de trabalho e principalmente uma estrutura melhor e mais moderna que a rival direta.
O outrora curso de Direito que era uma espécie de joia rara do UNIPÊ, hoje tem o seu marketing share empatado tecnicamente com o UNIESP. Cursos de Odontologia e Arquitetura da mesma forma.
Duvida? Vai no site do MEC e confere os números.
Mas esses aspectos sozinhos não explicam o declínio de um e o crescimento do outro.
No mercado educacional, qualquer ação de comunicação ou a falta dela, “Vamos transformar cursos presenciais em EAD”, “O UNIPÊ agora só pensa em grana e não no aluno”, “O UNIPÊ não foi parceiro na pandemia”, vai tirando o respeito do aluno pela marca.
As relações com São Paulo e não mais com gente de João Pessoa, também fez muita diferença. Com o foco no EAD, o ticket médio caiu. Quem vai no UNIPÊ não reconhece mais o nível de alunos do passado.
Repararam que do lado do UNIESP a coisa é diferente? Notaram que a reitora está em todos os lugares? Aquele espaço antes ocupado pela professora Ana Flávia Pereira hoje é todo da Érika Marques e, óbvio do UNIESP.
Não se pode negar que o UNIPÊ precisava desses ajustes, principalmente para resolver os problemas de fluxo de caixa. Reduzir cursos presenciais e reforçar o EAD foi a saída emergencial, de curto prazo.
Mas, para a marca ficou muito caro.
Muito caro!