Depois de usar esse espaço dominical para tratar muitas vezes do tema inteligência artificial, a recorrência agora passa a ser as experiências imersivas que ganharam todas as atenções nos últimos dias com o lançamento do Vision Pro pela Apple, na última segunda-feira, dia 5.
Considerado e anunciado como mais que um produto isolado, mas uma nova plataforma de negócios da empresa, assim como foi com o lançamento do iPhone, a entrada do Vision Pro no mercado mexeu com a concorrência, movimentou criadores da indústria que prevêem o surgimento de um novo ecossistema de aplicativos para “abastecer” o dispositivo de imersão, além de atiçar imensamente nossa curiosidade e, por que não, perplexidade.
Vale aqui um apanhado sobre as principais promessas do Vision Pro a partir da mescla de elementos do mundo físico e digital, juntando num só dispositivo óculos, computador, headset e fone de ouvido:
Gestos: combinação de tecnologias rastreiam os movimentos dos olhos e das mãos, eliminando a necessidade de acessórios adicionais para executar comandos nos óculos de realidade virtual. Agora, movimentos como pinçar os dedos, segurar e arrastar são suficientes para interagir com o dispositivo.
Transição dos mundos físico e virtual: Acontece suavemente e essa fusão real/virtual é uma característica marcante dos óculos da Apple. Basta girar a Digital Crown, similar à do Apple Watch, para transitar entre esses dois universos, o que potencializa a experiência imersiva ao usuário.
Iniciando a experiência: Começa com um escaneamento detalhado do rosto e das orelhas do usuário, feito por meio da câmera de um iPhone. Em seguida, o usuário é direcionado a uma sala para registrar as medidas dos óculos, permitindo que as lentes sejam adaptadas de forma personalizada para cada indivíduo.
Pessoas digitais: Durante toda a imersão, é possível visualizar, na visão periférica, os rostos e corpos de outras pessoas presentes na sala. No entanto, essas imagens são levemente digitalizadas com objetivo de não negligenciar a percepção do ambiente real e físico ao redor.
Apps flutuantes: Visualização de uma grade flutuante de aplicativos, posicionada centralmente. Ao direcionar o olhar para esses aplicativos, eles se destacam, prontos para serem selecionados. Através de gestos de pinçar e puxar com os dedos, é possível abrir os aplicativos muito rapidamente.
Revivendo memórias: Ao explorar o álbum de fotos do sistema, a sensação é de estar imerso em um vídeo. Através dessa experiência, é possível reviver memórias passadas, com a presença de uma fogueira e pessoas conversando ao redor, por exemplo, proporcionando uma experiência visual e emocional únicas.
Sentindo a natureza: Ao abrir uma foto de natureza, por exemplo, experimenta-se a sensação de estar realmente naquele local. A imagem ocupa praticamente todo o campo de visão, sem interferências dos objetos físicos presentes na sala, mas é possível incluir pessoas presentes no local, sobrepondo-as à imagem virtual.
Receber chamadas de vídeo: Entre usuários do dispositivo é possível observar o rosto digitalizado do interlocutor dentro dos óculos. O áudio é claro, de alta qualidade e espacial, o que dá a sensação de que a voz da pessoa se movimenta de acordo com sua posição na tela da chamada de vídeo
Filme 3D sem precisar ir ao cinema: Ao assistir filmes 3D, o dispositivo é capaz de criar a ilusão de estar diante de uma tela de cinema com até 30 metros de largura.
Resumindo, as experiências imersivas vão mexer com nosso jeito de viver e serão a nova fronteira da computação pessoal; foi o relato de vários jornalistas e especialistas presentes no lançamento do Vision Pro. Sabendo disso muito antes de quase todos nós e também da dimensão desse mercado, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, já deu sua pitada de crítica ao produto da Apple. Segundo o mais direto concorrente, o Vision Pro poderia ser a visão do futuro, mas não o tipo de futuro que ele, Zuckerberg, quer.
E qual seria o desejo de Mr. Zuck?
Zuckerberg afirmou que o dispositivo da Apple não apresentou avanços além do que a Meta já havia explorado, além de prenunciar que seu próximo lançamento, o Quest 3 da Meta, será muito mais barato, cerca de US $ 499 contra os US $ 3.499 do Vision Pro, dando à Meta a abertura para alcançar uma base de usuários mais ampla. Então, esse é o seu verdadeiro desejo disfarçado de vontade de ver um futuro com pessoas interagindo de novas maneiras e se sentindo mais próximas.
Troca de chumbinhos à parte, como podem ver, é uma disputa de um mercado gigantesco, no qual a Meta tenta se posicionar como líder há muito tempo, investindo bilhões de dólares por ano nesse esforço. A entrada do dispositivo da Apple neste mercado marca, de fato, uma grande ameaça competitiva, principalmente pelo fato de que a versão anterior do modelo da Meta, o Quest Pro, foi amplamente considerada um fracasso.
Essa é uma disputa interessante de acompanhar, já que a previsão é de que muito em breve, assim como aconteceu com os smartphones, todos nós estaremos utilizando dispositivos de experiência imersivas para o lazer, trabalho e para os relacionamentos interpessoais. E quem sabe, muito em breve, estaremos tratando de teletransporte aqui neste espaço. Experiências nesse sentido e utilizando inteligência artificial já estão avançadas no MIT Media Lab.
E me digam: Quem nunca sonhou em se teletransportar de um lugar para outro?