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Aprenda como a neurociência pode te transformar no profissional do futuro
15/08/2021 / 21:12
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O mundo está mudando de forma cada vez mais veloz e uma das maiores preocupações dos profissionais, seja os que estão chegando no mercado, ou os que já estão posicionados é: estarei pronto para todas estas transformações?

Quais são as competências necessárias para sermos profissionais bem-sucedidos no mercado de trabalho do futuro? O WEF (Fórum Econômico Mundial) está constantemente atualizando a lista que considera serem as competências necessárias para ser bem-sucedido no mercado de trabalho do futuro e elas vão muito além do conhecimento técnico.

As cinco principais apontadas no relatório de outubro de 2020 indicam que, para se destacar profissionalmente até 2025 é necessário ter pensamento analítico e inovação, aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado, resolução de problemas, pensamento crítico e criatividade.

Há tempos o aprendizado deixou de ser algo com tempo definido para acontecer e se tornou uma jornada de vida que ganhou até um termo próprio, lifelong learning. Não podemos parar de nos desenvolver pois, além de ser a chave para nossa sobrevivência neste mundo em transformação contínua, todos nós temos potenciais latentes que podem ser manifestados, desenvolvidos e aprimorados.

Como disse o ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy: “A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro’’.

Neste sentido a neurociência aplicada ao comportamento tem sido uma grande aliada que, além de ajudar a identificar as maneiras mais eficientes de aprender, também cria condições para maximizar nossa capacidade de aprendizado e certamente este é um diferencial estratégico.

Gaya Machado, especialista em neurociências e comportamento e criadora do método Mind Skills, explica que as novas descobertas da neurociência aplicada ao comportamento nos permitem moldar nosso desenvolvimento de forma mais consciente e eficaz.

“Todo processo de aprendizado envolve o cérebro e passa por vias neurais e quando estes conhecimentos, aliados a outras ciências que estudam o comportamento humano nos permite compreender porque as estratégias tradicionais de ensino não funcionam para todos e traçar estratégias que possam contemplar os diferentes perfis de aprendizes para potencializar melhor retenção na memória de longo prazo, mais criatividade e, consequentemente, resultados muito mais rápidos e efetivos a curto, médio e longo prazo”, diz.

A neurociência comprova que todos os nossos comportamentos mudam nosso cérebro e a chave para estas mudanças é a neuroplasticidade cerebral – a capacidade que o sistema nervoso tem de passar por mudanças ao longo da vida. E também a neurogênese, que é a capacidade do corpo de produzir e maturar novos neurônios.

Diversas pesquisas comprovam que somos programados para aprender e reaprender e não depende da idade, ou seja, ao longo de toda nossa vida nosso cérebro continua criando novas conexões e aprendendo. Se você entende que precisa continuar se desenvolvendo, mas quer fazer isso com base no que há de mais moderno que a ciência já comprovou que pode nos levar mais além, Gaya Machado preparou um guia com quatro estratégias de Mind Skills para potencializar seu aprendizado e te levar a resultados efetivos:

  1. Encontre seu estilo de aprendizagem

A ciência já comprovou que não existe um modelo único de aprendizagem, que sirva para todos, por isso, cada um de nós precisa encontrar a forma que faz mais sentido dentro no nosso perfil para aprender.

Alguns são mais visuais, outros mais auditivos. Para alguns fazer anotações enquanto assistem uma aula é o melhor caminho. Teste, veja o que funciona melhor para você e, certamente você vai entender porque você aprendeu algumas coisas tão rápido enquanto outras te pareceram mais áridas.

Uma frase popularmente atribuída a Albert Einstein diz que “todo mundo é um gênio, mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em uma árvore, ele vai gastar toda a sua vida acreditando que é estúpido.”

2. Procure associar uma emoção forte ao que você quer aprender

Pense nas principais lembranças que você tem. Certamente elas envolvem grandes emoções, sejam elas positivas ou negativas. A configuração original do nosso corpo interpreta as emoções como algo que é digno de ser lembrado!

As emoções estão diretamente ligadas com a produção de neurotransmissores que ajudam a gravar as informações em nossa memória de longo prazo. Por isso, aquilo que nos causa uma emoção forte, certamente fica em nossa memória.

Segundo Facundo Manes, doutor em ciências e consultor em neurologia e neuropsicologia da unidade de cognição e ciências do cérebro e do conselho de pesquisa médica em Cambridge, as áreas emocionais prevalecem na hora de tomar decisão. As coisas que nos emocionam consolidam a memória.

3. Se conecte com o conteúdo e aumente os níveis de dificuldade

Nosso cérebro aprende especialmente de três maneiras: quando algo nos motiva, nos inspira e nos parece um exemplo.

E as pesquisas comprovam que o aumento da dificuldade durante a prática leva a mais aprendizado e a uma maior mudança estrutural no cérebro. É preciso ir aumentando os desafios!

O que você quer muito aprender? Pense se isso te motiva, inspira ou parece um exemplo e não esqueça de ir aumentando os níveis de dificuldade de tempos em tempos.

4. Repita, esqueça, revise e relembre

Todo aprendizado se transforma em memória, mas tudo começa com nossa memória de curto prazo. Tudo o que vemos e todo conhecimento que entramos em contato, primeiro passa por ela. Uma parte da memória de curto prazo, chamada de memória de trabalho, funciona como um quadro de avisos onde afixamos por alguns instantes as coisas que nos chamam a atenção. Isso para analisar se faz sentido armazená-las na memória de longo prazo.

A boa notícia é que temos uma capacidade ilimitada de armazenar memórias e, apesar de depois de aprender, parecer que nos esquecermos das coisas que aprendemos muito rapidamente. As mais recentes pesquisas da neurociência comprovam que o esquecimento faz parte do processo de gravar as informações na memória de longo prazo. Sim, a famosa curva de Ebbinghaus do esquecimento estava errada porque a memória não desaparece!

Segundo a Nova Teoria do Desuso proposta pelos Drs Robert Bjork e Elizabeth Bjork, toda memória tem uma força de armazenamento e uma força de recuperação. A força de armazenamento tem a ver com a qualidade do aprendizado e ela aumenta com o estudo. O uso e a força de recuperação indica a velocidade ou facilidade com o que aprendemos emerge à nossa mente.

Resumindo, esquecer faz parte do aprendizado. Ele permite que nosso cérebro faça uma filtragem das informações recebidas e, ao nos esforçarmos para acessá-las novamente ou recordando, fortalecemos aquela via neural da memória, e atualizamos aquele conhecimento.

Então, revise os conteúdos que quer aprender e, se possível, de forma espaçada, intercalando com boas noites de sono. É preciso dedicação para que o conhecimento fique guardado e vire algo que, de fato, nos pertença.