João Pessoa 25.13ºC
Campina Grande 22.9ºC
Patos 25.96ºC
IBOVESPA 122102.15
Euro 6.3412
Dólar 6.085
Peso 0.006
Yuan 0.8344
Aumento da inflação em economias avançadas pode reduzir investimentos em emergentes, diz BC
08/09/2021 / 10:13
Compartilhe:

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O aumento recente da inflação em economias avançadas deve levar a alta de juros nesses países e afetar de forma negativa o fluxo de investimentos aos emergentes. A avaliação foi publicada na ata da reunião do Comef (Comitê de Estabilidade Financeira) do Banco Central, divulgada nesta quarta-feira (8).

De acordo com a autoridade monetária, o aperto monetário global pode levar ao aumento da aversão ao risco, quando o investidor prefere aplicações mais seguras, o que afetaria os preços dos ativos financeiros.

“A inflação permanece elevada nas principais economias, acentuando os riscos de aperto das condições monetárias globais e de correção de preços de ativos financeiros.

Movimentos intensos e abruptos de reprecificação de ativos podem ter efeitos negativos para os fluxos de investimentos para economias emergentes”, diz o documento.

“Questionamentos dos mercados a respeito de riscos inflacionários nas economias centrais podem tornar o ambiente desafiador para países emergentes”, ressalta.

O comitê avaliou, no entanto, que a exposição do sistema financeiro à variação cambial é baixa porque a dependência de financiamento externo é pequena.

Para o BC, outro ponto de atenção é que o apetite ao risco das instituições financeiras tem aumentado em algumas modalidades de crédito para famílias, como em financiamentos imobiliários e de veículos.

“Os volumes mensais das contratações no crédito imobiliário seguem em patamares elevados, estimulados pelo nível historicamente baixo das taxas de juros cobradas. Nos financiamentos de veículos, principalmente de automóveis usados, tem-se observado alongamento dos prazos e elevação do percentual do valor do bem financiado”, pontua.

A cada três meses o Comef se reúne para decidir o percentual de ACCP (Adicional Contracíclico de Capital Principal), hoje zerado. Se o comitê entender que o mercado de crédito está se expandindo acima dos níveis saudáveis para a economia, distorcendo preços, ele pode aumentar esse percentual para frear o movimento.

Segundo o documento, o percentual deve permanecer em zero nas próximas reuniões.

“Aumentos do ACCPBrasil entram em vigor somente um ano após as deliberações do Comef. A decisão considerou as condições atuais, os preços dos ativos e as expectativas quanto ao comportamento do mercado de crédito”, diz.

O BC afirma que mantém o monitoramento do crescimento do crédito.

“O Comef entende que a incerteza sobre a solvência de firmas e famílias se reduziu com a materialização recente de perdas apenas modestas”, destaca.

O documento recomenda que os bancos tenham prudência na política de gestão de capital. “É importante que, ao longo de 2021 e 2022, as IFs [instituições financeiras] destinem os lucros de forma conservadora e alinhada às incertezas presentes no atual momento econômico”, orienta.

De acordo com a ata, os resultados dos testes de estresse mostram que o sistema financeiro está resiliente.

“A avaliação de cenários de estresse macroeconômico indica que o sistema não apresentaria problema relevante caso os cenários considerados se concretizassem, inclusive levando-se em conta eventuais alterações nas alíquotas de impostos federais”, diz.

O documento afirma que o nível de liquidez (recursos em caixa) e de capitalização tem se mantido acima dos níveis determinados pelo BC.

“Os índices de solvência do SFN [sistema financeiro nacional] aumentaram levemente no segundo trimestre. A rentabilidade se recupera, com destaque para a menor despesa com provisões para crédito [reserva para cobrir calotes]. As instituições que acumularam ativos líquidos ao longo de 2020 para enfrentar a demanda por recursos durante a pandemia retornam gradativamente a liquidez a seus níveis anteriores”, avalia.