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Autismo: mãe revela batalha contra preconceito, inspirando superação
29/03/2024 / 18:51
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Imagem: reprodução

Cada traço uma peça única em um quebra-cabeça colorido e multifacetado. Conhecer esse mundo é embarcar em uma jornada de sensibilidade e compreensão. O autismo, um transtorno complexo do neurodesenvolvimento, continua a desafiar famílias, profissionais de saúde e a sociedade como um todo.

Nesta reportagem, o Portal F5 Online conversou com a psicopedagoga e analista de comportamento Carla Albuquerque para entender melhor as nuances desse espectro.

“O transtorno do espectro autista é caracterizado por movimentos repetitivos e dificuldades na comunicação social”, explica Carla.

“É importante entender que nem todos os autistas são não-verbais; muitos enfrentam dificuldades na interação social e na compreensão das nuances sociais.”

Carla destaca que pesquisas indicam uma base genética para o autismo. “São os genes dos pais que, ao se combinar, podem resultar nesse transtorno. Muitas vezes, há histórico de outras condições na família, como depressão ou TDAH.” Ela ressalta a importância do diagnóstico precoce.

“Antigamente, crianças autistas não tinham acesso a tratamentos adequados e eram frequentemente excluídas socialmente. Hoje, com diagnósticos mais assertivos e intervenções terapêuticas adequadas, essas crianças têm a chance de participar ativamente da sociedade.”

No entanto, o diagnóstico precoce ainda é um desafio. Carla enfatiza que os padrões pediátricos são claros: aos dois anos, as crianças já devem estar desenvolvendo habilidades sociais e linguísticas.

“Qualquer atraso nesse desenvolvimento deve ser investigado”, acrescenta. Infelizmente, ainda não há cura para o autismo.

“Mas podemos melhorar a qualidade de vida das crianças autistas por meio de terapias e estímulos adequados. É um processo contínuo de aprendizado e adaptação.”

Não existe cura para o Autismo

Segundo Carla, até hoje, não existe cura para o autismo. A criança melhora os comportamentos com terapia e estímulos adequados. Profissionais trabalham para ajudar essa criança a ter comportamentos socialmente legais e diminuir as dificuldades específicas para qualidade de vida delas. Ela explica que muitas pesquisas hoje falam da melhoria da qualidade de vida, mas não de cura.

“Para muitos pais, receber o diagnóstico pode ser um momento de luto

“É importante entender que o diagnóstico não é uma sentença, mas sim um ponto de partida para buscar o melhor suporte e tratamento para a criança”, destaca Carla.

Mãe revela batalha contra preconceitos e desafios

Foto: arquivo pessoal da família

Silvana Batista, mãe de Gabriel Batista, 15 anos, compartilhou sua jornada com o autismo.

Ela conta que abriu mão da carreira só para cuidar do filho, que foi diagnosticado com o espectro autista aos três anos. Segundo Silvana, Gabriel é suporte nível I – que é o nível leve do espectro.

“Ele consegue se socializar quando tem segurança, é verbal e consegue se comunicar, e está estudando o primeiro ano do ensino médio”, disse.

Silvana conta que o diagnóstico foi um pouco tarde. Que começou levando para a fonoaudióloga, mas durante seis anos, sendo acompanhado por uma psicóloga, a profissional ocultou e mentiu sobre muitas situações. Depois de várias tentativas, ela decidiu procurar outros profissionais, e foi quando descobriu que o filho tinha autismo.

“Ela dizia que era especialista sem ser, deu outros diagnósticos para meu filho que acabaram retardando o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. Eu sofri muito buscando ajuda, buscando tratamento e informações, mas hoje ele está fazendo um tratamento com uma equipe multidisciplinar, e, graças a Deus, está fazendo a socialização que ele precisa para o futuro dele, para que ele possa ter uma independência no futuro, estudar, trabalhar, ir aos lugares sozinho, tudo para que ele tenha uma independência. Encontrar profissionais confiáveis e lutar pelos direitos do meu filho tem sido uma batalha constante.”

Exclusão e preconceito

Ela ressalta a falta de inclusão e o preconceito que enfrentam. “Muitas vezes, até mesmo a família se afasta por falta de compreensão”, lamenta.

“Mas os verdadeiros amigos e a comunidade de pais nos apoiam e nos ajudam a superar esses desafios.”

Silvana destaca a importância de um suporte mais humanizado para os pais.

“Enquanto nossos filhos recebem uma gama de terapias e apoio, nós, pais, muitas vezes nos sentimos isolados e desamparados”, explica.

“Precisamos de mais recursos e acompanhamento para lidar com as demandas emocionais e práticas do dia a dia.”

A jornada de Silvana com o filho Gabriel e o pai, Daniel de melo, é marcada por desafios. Mas apesar de tudo ela fala do quando é grata pelo filho.

“Gabriel trouxe luz e amor para nossas vidas, ele é nossa alegria, nossa bênção. Ele é só amor. É o amor de Deus aqui na terra. Deus me deu Gabriel para eu e meu marido cuidarmos dele. E nós agradecemos todos os dias por tê-lo ao nosso lado.”

Foto: arquivo pessoal da família