João Pessoa 30.13ºC
Campina Grande 27.9ºC
Patos 33.49ºC
IBOVESPA 128377.58
Euro 5.4585
Dólar 5.0689
Peso 0.0058
Yuan 0.6998
Bancada feminina da ALPB reforça compromisso na luta contra feminicídio na Paraíba
18/10/2023 / 14:35
Compartilhe:

A bancada feminina da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aproveitou as sessões itinerantes, realizadas nessa terça-feira (17), em Cajazeiras, e nesta quarta-feira (18), em Sousa, para chamar atenção sobre os casos de feminicídio na Paraíba. Usando camisetas pretas com a frase ‘Feminicídio, basta!’, as seis deputadas da Casa: Camila Toscano, Cida Ramos, Danielle do Vale, Francisca Motta, Jane Panta e Silvia Benjamin – reforçaram o compromisso na luta pela proteção da mulher paraibana.

 

“Nós temos que parar isso. Temos que frear essa violência que já levou mais de 25 mulheres paraibanas este ano. E elas são mortas pelos seus companheiros, por alguém que está do seu lado e que, teoricamente, deveria lhe proteger. Acho que a Assembleia tem um papel fundamental. Nós, mulheres, somos poucas nessa Casa, ainda, mas temos um papel fundamental de chamar a atenção da sociedade e mostrar às mulheres que elas não estão sozinhas. Chegamos aqui no Sertão, de luto, para abraçar as mulheres e mostrar que não estão sozinhas. Vamos lutar pela vida das mulheres paraibanas. Não podemos mais aceitar essas mortes”, alertou a deputada Camila Toscano.

O presidente da ALPB, Adriano Galdino, destaca que a Assembleia tem inúmeras ações que objetiva reduzir o número de feminicídios no Estado, promover o fortalecimento e a articulação da rede de enfrentamento e atendimento às mulheres em situação de violência, além de garantir e proteger os direitos femininos. “É indispensável que se promovam ações para prevenir o feminicídio. Essa luta que deve ser encampada por todos os deputados, não apenas da bancada feminina”, ratificou.

Para a deputada Jane Panta, a luta contra o feminicídio é de todos, independente do gênero e da classe social. “Nós precisamos da ajuda de todos. Em briga de marido e mulher, mete-se a colher, sim. Denuncia, ajuda, estende a mão. Nós precisamos acabar com isso. É muito importante que todos entendam que ainda existem comentários mesquinhos como ‘ele a matou, mas porque ela era danada. Porque ela saía de casa e não dizia a ele’. Ninguém precisa pagar com a vida por não seguir regras impostas pela sociedade machista. Não é matando que se vai resolver”, reforçou Jane Panta.

Já a deputada Silvia Benjamin destacou o impacto dessa violência sobre as famílias. “Temos que fazer um trabalho de conscientização com a população, com as mulheres e com os homens, para que esses casos sejam denunciados, tanto de feminicídio quanto de violência doméstica. As deputadas estão unidas nessa luta e contam com a sociedade e também com todas as esferas de poder (judiciário, legislativo e executivo). Todos precisam abraçar essa causa, porque a situação está cada vez mais séria, e tem impactado a vida de toda a família”, reforçou a deputada.

Rigor na aplicação de leis

A deputada Cida Ramos, que presidiu a CPI do Feminicídio (entre 2019 e 2021), ressaltou que, mais do que leis, é imprescindível que ela seja aplicada com rigor. “Quando presidi a CPI, entregamos um relatório com 1.200 páginas ao presidente Adriano Galdino com várias informações sobre o assunto e sugestões de ações. Semana passada, entreguei um plano emergencial de enfrentamento ao feminicídio, para que as leis sejam cumpridas com rigor e prioridade”, destacou.

De acordo com a deputada, é preciso combater comportamentos machistas e de ataques às mulheres, lembrando que 33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais já sofreram violência física ou sexual por parte de parceiros ou ex-parceiros (dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública). “Precisamos incluir, ainda, toda a sociedade civil organizada nessa luta contra a estrutura machista e patriarcal, que naturaliza tanto o feminicídio, deixando uma legião de órfãos. A Assembleia como um todo – não só a bancada feminina – já está bem engajada nessa luta e, com união dos poderes e da sociedade civil organizada, podemos fazer ainda mais”, complementou.

Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher da ALPB, Danielle do Vale frisou a importância de se combater inclusive a violência psicológica, que, em suas palavras, achata a mulher. “Não adianta dizer que defendo a família, seja homem ou seja mulher, se eu fecho os olhos para a violência doméstica”, disse.

Iniciativas da Assembleia

O feminicídio e a violência doméstica têm sido uma das prioridades da Assembleia Legislativa da Paraíba. Só este ano, há 72 matérias legislativas em tramitação na Casa de Epitácio Pessoa. Entre elas, destaca-se o Projeto de Lei 1.078/2023, do deputado Wilson Filho, que estabelece prioridade máxima na emissão de Medidas Protetivas em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, garantindo agilidade e eficácia na proteção das vítimas.

“Essa campanha é de todos os parlamentares da Casa, para ser abraçada por toda a sociedade. Faço questão de apresentar projetos de proteção à mulher, porque estamos vivenciando, nos últimos dias, um acréscimo muito grande de casos de feminicídio na Paraíba. Por esse motivo, a bancada está se posicionando e comandando a mobilização das pessoas e nas redes sociais, porque o momento é de ação e não de omissão”, defendeu a deputada Francisca Motta, autora da lei 6817/99, que criou uma Central de Informação sobre a violência sofrida por mulheres, fazendo um levantamento dos dados de morte, espancamento, estupro e discriminação contra as mulheres no Estado da Paraíba.

Em fevereiro deste ano, também foi sancionada a Lei 12.562, de autoria do presidente da ALPB, Adriano Galdino, que institui ações de enfrentamento ao feminicídio na Paraíba. Entre as iniciativas, destacam-se a promoção de iniciativa educativas e formação contínuas de funcionários públicos sobre o assunto, a implementação do Formulário Unificado de Avaliação de Risco no atendimento às mulheres em situação de violência, a elaboração de Protocolos Estaduais para o atendimento de mulheres em situação de violência e seus dependentes e a ampliação e garantia de vagas em abrigos para acolhimento provisório de mulheres e seus dependentes, vítimas de violência, bem como garantir auxílio para sua subsistência.