No litoral norte paraibano, o caminho até o paraíso passa pelo canavial. São cerca de 40 minutos em uma estrada de barro, após 40 quilômetros na BR 101, partindo de João Pessoa. Cumprido o trajeto, a baía espelhada e calma recebe o visitante e o convida para um dos pores do sol mais belos e poéticos que se pode conhecer.

A Área de Proteção Ambiental (APA) que envolve uma vila de pescadores oferece as águas doces do Rio Mamanguape e também a azul e quase deserta praia protegida por corais. Os peixes-bois-marinhos e os caranguejinhos chama-maré também estão por lá.

Praia da Barra de Mamanguape – Foto: Acervo pessoal Juliana Carneiro

A Barra de Mamanguape é um desses lugares capazes de desacelerar até os mais baladeiros e citadinos. Lá, se pode sentar pra conversar na cadeira de balanço na rua com chão de conchinhas, em frente às casinhas charmosas de pé-direito baixo e plantas no terraço. É uma experiência inusitada para alguns e uma lembrança afetiva para outros.

O turismo ecológico de base comunitária é o que guia os interessados pela Barra. A região faz parte do município de Rio Tinto e fica próxima à conhecida Praia de Campina, tradicional reduto do surf paraibano.

Barreira de Corais/Barra de Mamanguape – Foto: Juliana Carneiro

Em Barra de Mamanguape, a responsabilidade ambiental e o respeito aos que ali vivem é ponto de partida. A experiência de navegar em um barquinho colorido que nos leva até aldeias indígenas, passa pelo paredão de corais e atravessa um manguezal é única, se feita com um guia nascido e criado naquele lugar.

Embora o cair do sol sobre o rio seja a maior atração da Barra, as possibilidades de experiências são diversas. Há trilhas que passam pela mata e também as que chegam ao topo de uma duna na pequena península de onde se pode ver o mar de um lado e o Mamanguape do outro. 

Embarcações no Rio Mamanguape / Foto: Diego Moura

É possível, ainda, atravessar o rio em alguma embarcação e chegar a Coqueirinho do Norte, na outra margem, ao lado da Baía da Traição. Ali, se pode encontrar uma maior diversidade de bares e quiosques, mas não há como fugir dos altos sons de carros ou barracas. A travessia vale a pena também pela beleza do movimento das águas do rio e do mar que se fundem.

Entre Barra de Mamanguape e Praia de Campina está Lagoa de Praia. O lugar é chamado assim por causa de uma lagoa efêmera, que se forma apenas durante o período chuvoso e se transforma numa paisagem de filme de romance. Há, em algumas épocas do ano, a possibilidade de passear de caiaque nessa porção de água.

Lagoa de Praia / Vídeo: Josivaldo José

As pessoas que vivem nessas três comunidades, muito próximas, dividem os mesmos espaços e experiências com a natureza. São elas, em grande maioria, que oferecem os serviços de guia turístico, alimentação e hospedagem. É importante, para uma experiência ainda mais agradável, que o turista compreenda e respeite o tempo e a dinâmica dos anfitriões.

Mariscos, camarões, aconchego e aventura

Assim que chegamos a Barra, o sinal de celular e a conexão por dados móveis fica difícil. É importante ir ao local da hospedagem para acessar o wifi, já que quase todas as pousadas oferecem um ótimo serviço de internet. Entre Praia de Campina e Barra de Mamanguape há mais de uma dezena delas, algumas também com campings e aluguéis de barracas.

Pousada Super Paradise / Foto: @superparadiise

Pousada Super Paradise / Foto:https://www.instagram.com/superparadiise/

Pousada Sua Casa na Barra / Foto: https://www.instagram.com/suacasanabarra10/

Pousada Vila dos Ventos / Foto: https://www.instagram.com/vila.dos.ventos/

Antes de começar os passeios, é importante tomar um café da manhã reforçado. Nem todas as pousadas oferecem a refeição, mas há cozinhas completas na maioria, com geladeira, fogão e utensílios, para que você leve e prepare sua comida.

Uma opção interessante para fazer a primeira refeição do dia é pedir um café da manhã completo em uma das casas da vila de Barra que oferecem o serviço. A Tapiocaria de Marinalva, por exemplo, tem opções com cuscuz, sucos de frutas da região (mangaba, caju e outras), tapiocas e uma variedade de possibilidades. A farta refeição custa, em média, R$ 15 por pessoa. Vale provar, no mesmo local, as tapiocas de camarão, marisco ou aratu, vendidas também para o jantar.

Tapiocaria da Marinalva – Barra de Mamanguape – Foto: Juliana Carneiro

O restaurante Brisamar, em Praia de Campina, também tem opções de café da manhã, além de almoço com uma variedade de peixes e frutos do mar. Geralmente os clientes são presenteados com uma cocada da casa para abrir o apetite. O anfitrião, Seu Sebastião, é uma boa companhia para quem gosta de ouvir histórias da praia e de suas viagens.

Um empadão de mariscos pode ser saboreado no Recanto da Mary. Como a produção é fresquinha e demorada, é interessante fazer o pedido algumas horas antes. A dica é deixar a refeição encomendada na hora de sair para a praia. Depois do passeio, basta avisar a Mary que está a caminho do restaurante, também na vila da Barra.

À noite, a Margarida Pizzas, em frente à igreja da Barra, oferece uma variedade de sabores sobre uma massa crocante. As mesas no quintal de areia branca, debaixo de coqueiros, inspira o acompanhamento de um vinho, também servido por eles. No entanto, o restaurante só funciona aos sábados. Eventualmente, abre em outros dias da semana.

Margarida Pizzas – Barra de Mamanguape – Foto: Juliana Carneiro

Para fazer os passeios de barco, trilhas e outras atrações do local, como o Projeto Peixe-Boi, guias turísticos associados, frutos da comunidade, são a melhor escolha. Os barqueiros também ficam à espera de navegantes na beira do rio, muito simpáticos e solícitos.

Na beira do rio também tem barracas que oferecem caldos de frutos do mar, camarões fritos, espetinhos, bebidas, entre outros. Aos domingos, o lugar mais calmo fica à direita da margem. À esquerda, o fluxo de turistas que vão ouvir música alta, levar as crianças para brincar e aproveitar o dia de descanso é maior.

A viagem até a Barra de Mamanguape é uma experiência que muitos vão querer repetir. A pouco mais de uma hora de João Pessoa, seguindo em direção a Natal, uma das últimas praias da Paraíba é, ainda, um refúgio e um espaço para contemplação da natureza.

Passeio com o barqueiro Alexandre / Foto: Juliana Carneiro