No quinto dia de julgamento pelas mortes e tentativas de homicídio da boate Kiss, em Porto Alegre, neste domingo (5), o júri ouviu uma pessoa. Tiago Mutti, engenheiro civil, cujos familiares foram os primeiros donos da Kiss, passou de testemunha, chamado pela defesa de Hoffmann, para informante a pedido do Ministério Público. A Promotoria justificou apontando que ele responde a processo por falsidade ideológica ligado ao caso Kiss.
“Acho que a Polícia Civil acertou em muita coisa, só que em outras coisas eles erram. Minha família, nós fomos processados injustamente”, afirmou ele durante o depoimento.
Diferente de testemunhas, informantes não têm obrigação de prestar compromisso de dizer a verdade, não podendo assim responder por crime de falso testemunho. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, assim, o depoimento de uma testemunha tem um peso maior.
Ele contou como foram as obras de adaptação do prédio, onde funcionava um cursinho, para a boate e sobre o processo de venda da parte da sua irmã para Elissandro Spohr -ele teria pagado com R$ 10 mil e um carro usado, modelo New Beetle, com valor em torno de R$ 40.000. Segundo ele, Spohr disse que só pagaria após sair o alvará da prefeitura, como ocorreu.
Mutti disse ainda que a boate não era bem-sucedida, com sua família, e que voltou ao local apenas em 27 de dezembro de 2012, exatamente um mês antes da tragédia, para uma festa a convite de Spohr. Ele afirmou que achou a boate muito boa, após outra reforma, e que não viu espuma no local.
Além dele, mais uma vítima deve ser ouvida neste domingo, Delvani Brondani Rosso -assim como informantes, as vítimas não têm de prestar compromisso de dizer a verdade, portanto, tecnicamente, não são consideradas testemunhas.
O júri pelas 242 mortes e 636 vítimas sobreviventes do incêndio ocorre em Porto Alegre depois que algumas defesas dos réus pediram o desaforamento, questionando se Santa Maria (RS), cidade onde aconteceu a tragédia, poderia garantir um júri imparcial.
Quatro réus são acusados por homicídio e tentativa de homicídio simples com dolo eventual contra as pessoas que estavam na boate na madrugada de 27 de janeiro de 2013 -os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffman, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) e Luciano Bonilha Leão (assistente de palco, que teria comprado o artefato pirotécnico usado).