Se estivesse vivo, Bob Marley completaria 80 anos nesta terça-feira, 6 de fevereiro de 2025. Nascido em Nine Mile, na Jamaica, em 1945, o cantor e compositor se tornou um ícone global do reggae, da espiritualidade rastafári e da luta pelos direitos das populações negras, especialmente no Caribe e na África. Mesmo após mais de quatro décadas de sua morte, sua música e mensagem permanecem vivas e mais atuais do que nunca.
Marley não foi apenas o maior nome do reggae—ele o universalizou, levando seu som e sua ideologia para todos os cantos do planeta. Seu impacto foi além do gênero e influenciou desde o pós-punk até o reggaeton, além de marcar profundamente a música brasileira, ecoando no trabalho de Gilberto Gil, na Tropicália e até no rock e pop nacional.
Para Pedro Varella, idealizador dos projetos DeSkaReggae e DeSkaSound, a força de Marley vem da atualidade de suas letras e do contexto social que ele abordava. “Bob Marley foi o principal nome a levar a Jamaica para o mundo. Ele misturou o misticismo rastafári com mensagens políticas e sociais que continuam extremamente contemporâneas. Guerra, desigualdade, desunião dos povos… Tudo isso ainda está presente, por isso sua música nunca envelhece”, afirma.
Já o pesquisador Leonardo Vidigal, professor da UFMG e estudioso da cultura dos sound systems, destaca que o legado de Marley pode ser visto em diversas expressões culturais ao redor do mundo. “Seja nas bandeiras de torcidas organizadas, em camisetas, grafites ou na sua própria música, sua mensagem de união e resistência segue forte. Marley se tornou uma ideia, um símbolo de luta pelos direitos dos menos favorecidos”, explica.
A popularização do reggae mundo afora também teve um forte aliado nos sound systems, as potentes equipes de som jamaicanas que foram essenciais nos primeiros anos do gênero. “Cada país que Marley visitou acabou desenvolvendo uma cena local forte de reggae e sound system, seja no Brasil, na Itália, na Alemanha ou na Nova Zelândia”, aponta Vidigal.
Mesmo passadas mais de quatro décadas de sua morte, Bob Marley continua a alcançar novas gerações. Apenas no Spotify, suas músicas reúnem mais de 23 milhões de ouvintes mensais, um número impressionante para um artista falecido há tanto tempo. Clássicos como “One Love”, “Three Little Birds” e “No Woman, No Cry” seguem sendo trilha sonora de diferentes momentos da vida de milhões de pessoas.
Além da música, Bob Marley era um apaixonado por futebol e tinha grande admiração pelo Brasil. Em sua visita ao Rio de Janeiro, em 1980, chegou a jogar uma partida ao lado de Chico Buarque, Toquinho e Paulo César Caju. Foi também nos campos que o cantor descobriu a doença que o levaria à morte: uma lesão no pé, inicialmente ignorada, revelou-se um melanoma agressivo.
Marley recusou a amputação e buscou tratamentos alternativos, mas o câncer se espalhou. Em 11 de maio de 1981, tentando voltar à Jamaica para passar seus últimos dias, morreu durante uma escala em Miami, aos 36 anos.
Mesmo após sua partida, Marley continua sendo uma força cultural inegável. O filme “Bob Marley: One Love”, lançado recentemente, trouxe nova atenção para sua história e reforçou sua influência duradoura. Além disso, a trilha sonora do longa ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Reggae, demonstrando como a música jamaicana segue impactando gerações.
Poucos artistas transcendem seu próprio estilo e se tornam símbolos de uma causa. Bob Marley não foi apenas um cantor de reggae—ele se tornou um ícone da liberdade, da resistência e da unidade. Seu legado segue vivo, ecoando nos quatro cantos do mundo, como sua música sempre desejou.
*com informações da Itatiaia