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Bolsonaro chama imprensa para live, sem direito a perguntas, sobre suposta fraude nas eleições
29/07/2021 / 13:24
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou o formato de sua transmissão semanal nas redes sociais e chamou a imprensa para acompanhar, nesta quinta-feira (29), a exposição em que promete apresentar provas de que há fraudes nas urnas eletrônicas.

O Planalto afirma que 25 jornalistas poderão acompanhar a transmissão, às 19h, na biblioteca do Palácio do Alvorada. Bolsonaro não poderá ser questionado pelos jornalistas selecionados.

O presidente promete há mais de um ano apresentar provas de fraude eleitoral, sem nunca ter mostrado qualquer indício.

Atrás nas pesquisas eleitorais para 2022, Bolsonaro passou a fazer ameaças golpistas, colocando em dúvida a realização do pleito, caso não seja alterado o sistema de votação.

O presidente disse na quarta-feira (28) a apoiadores que irá mostrar provas de fraudes no segundo turno de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) foi eleita. Ele também diz que seria eleito no primeiro turno em 2018, se as eleições fossem limpas.

“Vai ganhar eleições quem tem voto. Se não for dessa maneira, poderemos ter problema em 2022. E não quero ter problema”, disse Bolsonaro aos apoiadores em frente ao Alvorada.

O questionamento do presidente às urnas eletrônicas não é novidade e foi uma de suas bandeiras de campanha. Quando deputado, Bolsonaro foi o autor da proposta que determinava que as urnas emitissem um recibo com as escolhas de cada eleitor. Aprovada pelo Congresso em 2015, a emenda constitucional foi anulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro tentou ressuscitar a ideia, mas o Planalto já admite que é inviável a aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso na comissão especial que avalia a matéria.

Bolsonaro e sua tropa de choque atribuem o cenário desfavorável à PEC ao que consideram uma interferência do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que se tornou alvo de críticas e xingamentos do chefe do Executivo.

O presidente ainda sugere que há um complô para eleger Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera pesquisas para 2022. “Tiraram o bandido da cadeia. Tornaram ele elegível, para ser presidente. Quem vai contar os votos, escondidinho? É quem tirou o Lula da cadeia e tornou elegível”, disse Bolsonaro a apoiadores na quarta (28).

O voto impresso quase foi derrotado na última reunião do primeiro semestre na comissão especial da Câmara, mas uma manobra de governistas adiou a votação para 5 de agosto, depois do recesso parlamentar, que vai de 18 a 31 de julho.

Mesmo com derrota na comissão, o tema ainda pode ser deliberado pelo plenário. No entanto, um voto contrário no colegiado é um sinal político forte, que dificilmente é revertido.

Mesmo que avance com parecer favorável na comissão especial, para aprovar uma PEC em plenário são necessários ao menos 308 votos na Câmara (de um total de 513 deputados) e 49 no Senado (de um total de 81 senadores), em votação em dois turnos.

Para valer para as eleições de 2022, a proposta teria que ser promulgada até o início de outubro.

Após ser eleito, Bolsonaro voltou a falar em fraudes nas urnas em 9 de abril de 2020, durante viagem aos Estados Unidos, quando prometeu apresentar provas das fragilidades no sistema eleitoral –o que jamais foi feito.

A polêmica do voto impresso chegou ao ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, que, em nota, espelhou o discurso do chefe afirmando que existe no país uma demanda por legitimidade e transparência nas eleições.

Segundo ele, mais uma vez levantando uma bandeira bolsonarista, a discussão sobre o “voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso é legítima”.

“Acredito que todo cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo em todas as instâncias”, afirmou o militar.

“A discussão sobre o voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso é legítima, defendida pelo governo federal, e está sendo analisada pelo Parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema”, afirmou, em um recado indireto a ministros do STF.