O presidente Jair Bolsonaro autorizou a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil a se desfiliarem da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entidade que representa instituições financeiras do país. O assunto foi levado a Bolsonaro pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e submetido à avaliação do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A ameaça de desfiliação dos dois bancos públicos da Febraban, revelada pelo colunista Lauro Jardim, ocorreu após a entidade aderir à nota idealizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) condenando a “escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”.
Apesar de o documento citar os três Poderes, Guimarães entendeu que o manifesto seria um recado a Bolsonaro, que tem feito ataques constantes a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O executivo da Caixa acompanhava Bolsonaro em uma viagem a Goiânia na sexta-feira, ocasião em que comunicou ao presidente a ideia de romper com a Febraban. Bolsonaro, segundo pessoas próximas, apoiou a decisão e sugeriu que Guedes fosse consultado. Por telefone, o ministro da Economia concordou com o presidente e Guimarães.
O imbróglio começou quando a Fiesp distribuiu a várias entidades que representam o empresariado uma nota conjunta cujo título é “A Praça é dos Três Poderes”. Fazendo alusão ao endereço de Brasília onde se concentram o Congresso, STF e o Palácio do Planalto, a nota diz que deve haver harmonia entre os três Poderes.
O texto, recebido pela Febraban, foi submetido a conselheiros, seguindo o regimento interno, e teve a aprovação da maioria.
“É primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe. As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”, diz uma versão preliminar da nota.
Segundo noticiou o colunista Lauro Jardim, Caixa e BB tentaram convencer a Febraban a não endossar a nota da Fiesp, mas o conselho da entidade com voto da maioria dos grandes bancos privados aprovou a adesão. Os dois bancos públicos ameaçaram, então, se retirar. A ideia da desfiliação deve se confirmar se a nota pública sair com o nome da Febraban entre as entidades que apoiam o documento da Fiesp.