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Bolsonaro é pressionado a abrir espaço para Tarcísio enfrentar Lula em 2026
25/06/2025 / 14:09
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O ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas – Foto: Alan Santos/PR

Após apoiarem Jair Bolsonaro (PL) ao longo de todo o seu governo e mesmo após ele deixar o Palácio do Planalto, pecuaristas e membros de associações do setor afirmam que o ex-presidente, hoje inelegível, deve abrir mão logo de tentar seguir na disputa eleitoral de 2026 e indicar um nome para que a direita tenha chances de derrotar Lula (PT).

Em meio a conversas sobre o momento do setor, a sucessão presidencial do ano que vem ganhou espaço nas discussões da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP). O ex-presidente esteve no primeiro dia do evento, na semana passada, acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

E é justamente o governador de São Paulo o nome apontado de forma reservada por pecuaristas e integrantes de entidades ligadas ao setor como o mais adequado para representar a direita com a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.

Eles avaliam que, se o ex-presidente insistir em afirmar que está no páreo até o último momento, impedirá que outra liderança do espectro político consiga ganhar espaço no tabuleiro eleitoral para enfrentar um Lula, que, na visão deles, está em campanha todos os dias.

Pecuaristas ouvidos pela Folha afirmaram que o histórico do próprio petista é um exemplo da necessidade de ter um nome viável para os eleitores com antecedência. Eles citam a eleição presidencial de 2018, em que Lula foi impedido de disputar com base na Lei da Ficha Limpa.

Já se sabia que, caso ele não conseguisse participar da disputa, o substituto seria Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda. Embora tenha sido oficializado somente em 11 de setembro daquele ano como o nome do PT, o conhecimento prévio do eleitorado de que ele era o nome apoiado por Lula o tornou competitivo na eleição decidida no segundo turno contra Bolsonaro, avaliam.

Com o ex-presidente, dizem, isso não acontece hoje, já que a direita está sofrendo uma pulverização de nomes que podem ou desejam disputar a eleição de outubro do ano que vem.

Além do próprio Bolsonaro, que além de inelegível até 2030 é réu sob acusação de liderar uma trama golpista, cinco governadores são cotados para concorrer no ano que vem: Tarcísio; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; e Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul.

Os dois últimos integram o partido presidido por Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais de Tarcísio. Ele esteve em Presidente Prudente com o governador e Bolsonaro, de quem ganhou afago e a medalha dos três “Is” –”imbrochável, incomível e imorrível”.

O ex-presidente abriu seu discurso de quase seis minutos falando de Kassab, a quem qualificou como “presidente do maior partido, depois do PL”, seguido de um sorriso e de um aperto de mãos.

Dos cinco governadores no mapa eleitoral, só Tarcísio está em primeiro mandato e pode tentar a reeleição em seu estado. Para os pecuaristas ouvidos pela reportagem, no entanto, ele deixaria a disputa estadual de lado e atenderia a eventual convocação de Bolsonaro para concorrer ao Planalto.

Apesar da profusão de nomes, eles apostam que só o governador de São Paulo tem reais chances de ganhar, e que, entre os demais, é possível que saia o nome de um candidato a vice. A ex-primeira dama Michele Bolsonaro também é citada para o posto.

Kassab disse em maio, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, não ver problemas no fato de os partidos do mesmo espectro lançarem candidatos no ano que vem, já que “no segundo turno todos se encontram”.

Enquanto o que pecuaristas consideram como o “dilema Bolsonaro” persiste, a agenda oficial de Tarcísio em Presidente Prudente virou um ato de desagravo ao ex-presidente, que reiterou a expectativa de ter o nome na urna nas eleições do ano que vem.

“Eleição sem Jair Bolsonaro é negação da democracia”, afirmou Bolsonaro. Tarcísio o exaltou e disse que a “missão” dele não acabou.

“Vocês estão aqui em consideração ao nosso presidente Bolsonaro, que é uma pessoa que entrou para a história do Brasil. Digo mais, a sua missão, presidente, não acabou, a sua missão não acabou. O senhor ainda vai contribuir muito para o Brasil, o senhor vai fazer a diferença”, afirmou.

Pecuaristas sonham com Bolsonaro

Ex-secretário de Assuntos Fundiários no governo Bolsonaro e um dos mais antigos líderes ruralistas do país, Luiz Antônio Nabhan Garcia disse acreditar na possibilidade de o ex-presidente obter recursos sobre sua inelegibilidade e que pecuaristas sonham em vê-lo candidato no ano que vem.

Segundo ele, o “candidato que o povo quer, a base do povo” para a sucessão presidencial, é Bolsonaro, principalmente os produtores rurais.

Ele afirmou que, caso o ex-presidente siga inelegível, ele terá uma influência dominante sobre o nome que ele apoiar no ano que vem. “Se Bolsonaro não apoiar, não emplaca. Todos querem apoio do Bolsonaro”, disse.

Já o secretário da Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, disse que o setor demonstrou apoio incondicional a Bolsonaro em todos os segmentos produtivos.

“Quem visitou a feira, viu na cerimônia uma direita unida e que tem um projeto bem definido para 2026, tendo como líder irrevogável Jair Messias Bolsonaro. Como organizador do evento de abertura e um dos responsáveis pelo convite ao presidente e ao governador, sei que qualquer outra hipótese não reflete a realidade.”

A Feicorte reuniu 16,5 mil pessoas e afirmou em balanço divulgado nesta segunda-feira (23) que a presença de autoridades políticas, como Tarcísio, Bolsonaro e o secretário da Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, “reforçou o prestígio da feira no calendário do agronegócio”.

Com informações da Folha de São Paulo