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Bolsonaro poderá negociar até 11 ministérios em reforma, e aliados vão pressionar por espaço
02/01/2022 / 11:03
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O presidente Jair Bolsonaro promoverá até o início de abril a maior reforma ministerial desde que chegou ao Palácio do Planalto. Para disputar as eleições em outubro, até 11 integrantes do primeiro escalão do governo poderão deixar seus cargos para concorrer a governador, senador ou deputado em seus estados de origem. A discussão sobre quem herdará a principal cadeira de algumas das pastas mais importantes da Esplanada já começou e deve se intensificar nos primeiros dias deste ano.

De um lado, ministros trabalham para emplacar nomes de sua confiança, geralmente membros da própria equipe, para manter a influência em suas áreas de atuação. De outro, partidos políticos que integram o arco de aliança de Bolsonaro querem aproveitar a oportunidade para aumentar seus tentáculos no Executivo federal nos últimos meses do mandato.

A avaliação de integrantes do governo é que o desempenho do presidente — que hoje está atrás do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas — pode inflacionar o custo do apoio. Ou seja, quanto menos competitivo ele for, mais espaço os aliados vão exigir para se manterem ao seu lado.

Ao longo de três anos de governo, Bolsonaro trocou de ministros 19 vezes, e caso as saídas sejam confirmadas, será a maior reforma ministerial pré-eleições dos últimos anos, com uma pequena vantagem: em 2018, dez ministros de Michel Temer pediram demissão para serem candidatos, mesmo número dos que deixaram o governo Lula em 2010. Em 2014, Dilma Rousseff perdeu nove ministros.

Entre os auxiliares cotados para saírem candidatos, três devem disputar governos estaduais. Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), em São Paulo; João Roma (Cidadania), na Bahia; e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), no Rio Grande do Sul.

Outros miram uma vaga no Senado, caso de Flávia Arruda (Secretaria de Governo), no Distrito Federal; Gilson Machado (Turismo), em Pernambuco; Tereza Cristina (Agricultura), em Mato Grosso do Sul, além de Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Os dois últimos travam uma disputa interna no governo para ficar com o posto de candidato a senador de Bolsonaro no Rio Grande do Norte, mas o presidente disse que não quer interferir.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, é pré-candidato a deputado federal pelo Distrito Federal. E ainda analisam a possibilidade de entrarem na disputa Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Marcelo Queiroga (Saúde).

Em conversa com interlocutores durante dias de folga no Guarujá, no litoral de São Paulo, Bolsonaro relatou que começou a pedir a ministros que pretendem disputar a eleição sugestões de nomes para substituí-los. As primeiras conversas com pretensos ministros já foram pré-marcadas para este mês. O presidente disse ter a preocupação que o trabalho não seja paralisado na troca de comando.

Não significa, porém, que os ministros serão atendidos, dizem integrantes do governo. Além de o substituto ter que desfrutar da confiança do presidente, outro fator que pode mudar as regras do jogo. A depender do cenário, Bolsonaro poderá usar os cargos para negociar apoio às vésperas das eleições, dependendo de sua performance nas pesquisas.

Bolsonaro se filiou ao PL em novembro. Ele espera ter PP e Republicanos em sua coligação na disputa presidencial. Os três partidos já comandam, respectivamente, a Secretaria de Governo, a Casa Civil e o Ministério da Cidadania. As legendas do Centrão ingressaram no governo em troca de apoio no Congresso. Em 2018, o presidente, então no PSL, se elegeu justamente com um discurso contrário aos acordos com os partidos de centro.

Na Infraestrutura, o secretário-executivo, Marcelo Sampaio, é considerado o sucessor natural de Tarcísio de Freitas. Número dois da pasta desde o início do governo Bolsonaro e genro do ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência, ele se movimenta para ficar com o cargo. Nas redes sociais, grava vídeos de suas atividades, assim como faz Tarcísio.

PL quer Infraestrutura
O empecilho, porém, é que a Infraestrutura é uma área de interesse do PL. O partido de Valdemar Costa Neto ocupou o Ministério do Transportes, cujas áreas hoje estão sob comando da pasta de Tarcísio, durante as gestões de Lula e Dilma Rousseff, do PT, e Michel Temer, do MDB. Ou seja, de 2003 a 2018.

Hoje, embora tenha indicados em cargos de menores escalões, o PL só comanda um ministério: a Secretaria de Governo. Com a saída da ministra Flávia Arruda para disputar o Senado, a legenda quer seguir no comando da pasta.

Porém, integrantes do Planalto afirmam que o chefe de gabinete pessoal do presidente, Célio Faria Júnior, pode ficar com o posto.

O PL também plateia espaços com a saída de ministros que vão se filiar ao partido, como Onyx, Gilson Machado e Rogério Marinho. Os três, contudo, devem fazer suas indicações, assim como os titulares da Justiça e das Comunicações. Já a Cidadania, hoje com João Roma, é um cargo do Republicanos, que também deverá reivindicar a indicação.

Na Agricultura, o secretário-executivo, Marcos Montes, é cotado para substituir Tereza Cristina. Na Saúde, Queiroga não assumiu publicamente que será candidato. A interlocutores, diz que cumprirá a determinação do presidente, mas o secretário-executivo, Rodrigo Cruz é visto como candidato ao posto.

Informações: O Gobo