Coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos (PSOL) anunciou, nesta segunda-feira, que desistiu de concorrer ao governo de São Paulo e que será candidato a deputado federal.
“Precisamos fazer um esforço sem precedentes para que outubro seja um ponto de inflexão no Brasil. Temos de enfraquecer o Centrão para ter a força política necessária para revogar medidas como a reforma trabalhista e o teto de gastos. Eleger Lula presidente é fundamental. Mas precisaremos também eleger um Congresso que represente os interesses da maioria do povo brasileiro”, declarou em nota.
Apesar de não ter afirmado no comunicado, Boulos deve apoiar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O pessolista estava sendo pressionado a desistir da candidatura, uma vez que essa decisão ajudaria a unificar o eleitorado paulista de esquerda em torno do nome do candidato petista.
No PSOL, no entanto, havia uma resistência ao movimento, segundo uma avaliação de que o partido ficaria fragilizado se abrisse mão da eleição no maior estado do país, uma vez que já não terá candidato à Presidência. O próprio Boulos foi o presidenciável da legenda em 2018. Nesta segunda, Boulos disse que tomou a decisão após muito diálogo com companheiros de partido e do movimento social.
O cálculo é que a candidatura de Boulos à Câmara ajude o partido a superar a cláusula de barreira, mecanismo criado para frear a fragmentação partidária no Legislativo, e ampliar a bancada do PSOL para a próxima legislatura. Na eleição de outubro, a sigla contará com a ajuda da Rede Sustentabilidade, que aprovou formar uma federação com o partido de Boulos e deve lançar dois “medalhões” ao pleito com o mesmo intuito: a ex-senadora Marina Silva, três vezes candidata a presidente, e Heloísa Helena, uma das fundadoras do PSOL.
Ao encontro dessa decisão existe, por parte dos petistas, conversas sobre apoiar Boulos na eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. No ano passado, o líder sem-teto chegou ao segundo turno na capital paulista e obteve 2,2 milhões de votos. Fora a primeira vez desde que o PT conquistou a Prefeitura de São Paulo, com Luiz Erundina na década de 1990, que o partido ficava de fora de um segundo turno das eleições paulistanas. A expressiva votação alçou Boulos a um candidato natural à nova tentativa de se eleger prefeito.
O Globo