João Pessoa 26.13ºC
Campina Grande 22.9ºC
Patos 25.3ºC
IBOVESPA 125945.67
Euro 6.4185
Dólar 6.0894
Peso 0.006
Yuan 0.8361
Brasil recua no ranking global dos países com maior PIB per capita em 2020
13/04/2021 / 07:42
Compartilhe:

EDUARDO CUCOLO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil recuou no ranking global dos países com maior PIB per capita em 2020 e deve continuar a perder posições nos próximos anos, segundo projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional).

A queda do Brasil no ranking ocorre pelo menos desde 1980, quando o Brasil estava entre os 50 países com maior PIB per capita. Após uma década de crises econômicas, o país caiu para a 60ª posição em 1990. Dez anos depois, perdeu mais sete posições (67ª).

Na primeira década dos anos 2000, apesar do forte crescimento econômico, o país teve desempenho inferior à média mundial e perdeu mais 11 posições (78º).

Em 2014, o Brasil registrou o valor mais alto de PIB per capita, pelo conceito que considera a paridade do poder de compra das moedas locais, de US$ 15.800. Estava na 76ª posição global.

Após a recessão de 2014-2016, seguida de três anos de baixo crescimento e uma nova recessão em 2020, o Brasil ficou com a 85ª posição entre os cerca de 195 países para os quais há dados, com um PIB per capita de US$ 14.916.

O valor é inferior ao de países da América Latina como Chile (US$ 23.366), Argentina (US$ 20.750) e México (US$ 19.130), mas está à frente da Colômbia (US$ 14.323). Está atrás da Rússia (US$ 27.903), mas supera a Índia (US$ 6.461).

As projeções do FMI são de que o Brasil supere o patamar de 2014 em valores correntes somente em 2022, mantendo praticamente a mesma posição no ranking. Em 2026, último ano para o qual o Fundo fez estimativas, o país deve estar na posição 90.

Em termos de comparação, a China registrou crescimento do PIB per capita de 500% desde 2000, enquanto o Brasil teve expansão de 64%. O país asiático ultrapassou o Brasil em 2018. Até 2026, o crescimento esperado é de 26% para o indicador brasileiro e 57% para o chinês.

A paridade do poder de compra nivela as diferenças nos custos de vida dos países para permitir comparações internacionais.

Pelo poder de paridade, o Brasil era em 2020 a oitava maior economia do planeta (com PIB de US$ 3,15 trilhões), mesma posição ocupada no ranking de 2019. Estão à frente China, EUA, Índia, Japão, Alemanha, Rússia e Indonésia. Pelas projeções do FMI a posição brasileira deve continuar a mesma até pelo menos 2026.

As disparidades geradas pela pandemia e a expectativa de que a recuperação global seja desigual, por causa do acesso a vacinas e capacidade de adoção de estímulos, estão entre os fatores que deixam o Brasil ainda em maior desvantagem.

Outros emergentes também vão sofrer com esses fatores. Ainda assim, devem ter performance econômica superior.

Em relatório recente, o FMI afirmou que o PIB per capita deve recuar cerca de 20% de 2020 a 2022 nos países emergentes, incluindo o Brasil, ante 11% nos desenvolvidos.

No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro recuou 4,1%, queda maior que a média mundial de 3,3%. Em 2021, deve crescer 3,7%, segundo projeção do FMI muito próxima dos números estimados pelo governo brasileiro -resultado também pior que o crescimento médio mundial de 6% e dos países latino-americanos (4,6%).

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que, em média, cada brasileiro teve renda de R$ 35.172 em todo o ano passado. O valor significa uma perda próxima de R$ 1.770 em relação a 2019, já considerada a inflação, e de R$ 2.040 ante 2010.

O país empobreceu 5,5% na década encerrada em 2020, no pior desempenho já registrado pelas estatísticas e estimativas disponíveis, que alcançam até o início do século passado. Os dados consideram o PIB per capita calculado em reais, sem os efeitos da conversão da moeda e da comparação feita pela paridade do poder de compra.

O PIB per capita considera o valor da produção ou da renda dividido pela população. No ano passado, o PIB per capita em reais diminuiu 4,8%, maior queda desde 1990, na recessão do Plano Collor.