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Burnout pode ter causas não relacionadas ao trabalho, indica estudo
23/06/2025 / 13:08
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o burnout como uma síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho, caracterizada por sentimentos de exaustão, de negativismo e de redução da eficácia profissional. O termo foi criado ainda na década de 1970 pelo psicólogo americano Herbert Freudenberger na busca de descrever o estresse severo em profissões, especialmente entre cuidadores.

Mas pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU, na sigla em inglês) acreditam que há ainda pouca evidência científica sobre o fenômeno, e que alguns trabalhos parecem indicar que nem sempre as causas de um burnout são exclusivamente relacionadas ao ambiente profissional.

Os cientistas ouviram 813 funcionários noruegueses e os avaliaram de acordo com uma escola de burnout. Além disso, conduziram questionários em que perguntaram o quanto eles acreditavam que o trabalho era a causa de como estavam se sentindo. Apenas 27,7% dos indivíduos com sintomas de burnout atribuíram os ao trabalho, percentual semelhante ao observado entre outros estresses psicológicos que não foram classificados como burnout na escala.

“Os resultados do estudo têm implicações para a conceituação do burnout. O fato de apenas uma fração limitada de indivíduos com sintomas de burnout atribuir esses sintomas ao trabalho não está de acordo com a noção de que o burnout é inerentemente um fenômeno ocupacional”, escreveram os autores no trabalho, publicado na revista científica Journal of Psychosomatic Research.

Eles afirmam ainda que “presumir que os sintomas experimentados no trabalho são necessariamente induzidos pelo trabalho pode prejudicar nossa capacidade de atenuar esses sintomas”. O psicólogo e professor da NTNU responsável pelo estudo, Renzo Bianchi, afirma que “as pessoas que sofrem de burnout descrevem o estresse em suas vidas diárias, o que leva a uma forma de depressão”. “Você poderia chamar de estresse depressivo na vida”.

“Para as pessoas com personalidade mais ansiosa, as preocupações e o estresse podem drenar muita energia, sem que isso tenha necessariamente a ver apenas com o trabalho. Acho importante realizar mais pesquisas sobre isso, especialmente sobre o impacto da personalidade. Preocupar-se constantemente com o que pode dar errado é exaustivo”, continua em um comunicado da universidade.

Mas, para algumas pessoas, o trabalho é de fato a causa do burnout, afirmam os pesquisadores. O estudo mostrou que quanto mais alta a pontuação de uma pessoa na escala de burnout, maior a probabilidade de que o trabalho fosse atribuído como o motivo. Além disso, que pessoas que recebiam apoio de seus colegas, tinham segurança no trabalho e autodeterminação eram menos propensas a relatar o esgotamento.

“Esses são três fatores que têm um efeito preventivo. Minha experiência é que a vida profissional melhorou para muitas pessoas, com maior foco na saúde mental”, diz Bianchi.

Ele reforça ainda que o tratamento justo no local de trabalho é algo que deveria receber mais atenção na discussão sobre o que promove a boa saúde mental no trabalho:

“A falta de justiça é, na verdade, um grande fator de estresse para muitas pessoas. É importante que a pessoa mais competente seja de fato promovida ou contratada. É fundamental que as pessoas não recebam um salário mais alto apenas por serem amigas do chefe ou por alguma política interna.

Para o pesquisador, isso é importante especialmente no contexto em que “nem todos têm a sorte de amar seu trabalho e, como resultado, têm a capacidade de tolerar mais estresse nele”.

A OMS tem uma lista de fatores que podem levar à redução da saúde mental no local de trabalho. São eles:

  • Subutilização de habilidades ou falta de qualificação para o trabalho;
  • Cargas de trabalho ou ritmo de trabalho excessivos, falta de pessoal;
  • Horas longas, não sociais ou inflexíveis;
  • Falta de controle sobre o projeto do trabalho ou a carga de trabalho;
  • Condições físicas de trabalho inseguras ou precárias;
  • Cultura organizacional que permite comportamentos negativos;
  • Apoio limitado dos colegas ou supervisão autoritária;
  • Violência, assédio ou bullying;
  • Discriminação e exclusão;
  • Função do trabalho pouco clara;
  • Promoção insuficiente ou excessiva;
  • Insegurança no trabalho, remuneração inadequada ou pouco investimento no desenvolvimento da carreira;
  • Demandas conflitantes entre casa e trabalho.

Com informações da Agência O Globo