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Caminhoneiro conta como largou as estradas para viver de day trade
08/07/2024 / 17:03
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Trader Adriano Casalli – Imagem: Reprodução

“Não sabia que existia esse mundo (de day trade). Eu vim lá de Assis Chateaubriand, no Paraná, da roça, meu pai era agricultor”, lembra Adriano Casalli, que participou do programa 214 do canal Gaincast.

Ele conta que saiu com 8 anos da pequena cidade onde nasceu e foi para São Carlos, no interior de São Paulo. “Meu pai era meio cigano, vivia mudando de lugar para tentar arrumar algo melhor. Foi um guerreiro. Tentou dar o melhor para a gente”, diz.

40 dias fora de casa

Na busca por emprego, acabou se tornando motorista de caminhão aos 18 anos, atividade na qual trabalhou por muito tempo com mudança. “Viajava demais. Era 30, 40 dias fora de casa. E minhas crianças crescendo, sem pai presente, a mulher cuidando da casa”, relata.

Casalli há bem pouco tempo mal conhecia computador, muito menos sobre mercado financeiro. “Meu trabalho sempre foi estrada e caminhão. Hoje tenho 44 anos, mais de 20 como caminhoneiro. Comecei com caminhão pequeno, carreta, até comprar meu próprio veículo”, afirma.

Há quatro anos conheceu o mercado financeiro através de um amigo. “Ele estava me ajudando a fazer uma mudança e me apresentou os gráficos do mercado financeiro”, conta. O novo mundo foi apresentado ao então motorista de caminhão pela tela do celular: “Nem dei bola”.

Trader começou a estudar pela internet

“Mas fiquei com isso na cabeça. E fui ver no Google”, lembra ele, que a partir daí começou a assistir vídeos na internet de mentores capacitados sobre a prática do trade, além de estudar com conteúdo gratuito disponível, durante o raro tempo disponível nas viagens.

Mas a extenuante tarefa de desmontar, empacotar e descarregar objetos por muito anos começou a pesar. Resolveu então vender o caminhão e apostar no day trade no começo de 2022, atividade que já vinha se desenvolvendo.

“Não manjava nada. Mas vamos fazer trade. Pelo menos se mantém. Abrimos uma conta (na corretora). Só que no meio desse caminho, tinha um problema: como um caminhoneiro pode ficar em casa, depois de passar a vida inteira na estrada”, questiona.

Mudança à nova realidade

Criado em uma família simples, onde fazer o trabalho tradicional diário para sustentar a família foi o que aprendeu, Adriano Casalli enfrentou crise emocional muito grande para se adaptar à nova realidade, principalmente de como lidar com tempo ocioso.

Ele sentiu muito com a venda do caminhão e o fato de abdicar da carteira de motorista profissional, mas, por outro lado, viu rapidamente que poderia ganhar dinheiro com operação no mercado financeiro. Com ajuda fundamental da mulher, conseguiu se estabelecer no day trade.

“Tive que fazer o agora plano ‘A’ funcionar”, afirma. Quem faz certo no trade, ganha”, sentencia. Casalli explica que foi muito importante ir de “degrau a degrau” para ganhar estabilidade e confiança no mercado financeiro.

Poucas operações por dia

Uma delas foi fazer “pouquíssimas” operações por dia e aceitar a perda. “Vou comprar esse risco aqui e depois só amanhã. O xis da questão não é quanto a gente ganha, mas o quanto a gente gasta”, ensina.

Para ele, o importante é “manter o pé no chão” e aposta no simples para operar, fazendo a leitura de gráfico de forma descomplicada. “O trade é hoje minha fonte de renda principal”, diz, não deixando de expressar a paixão que ainda nutre pela vida de caminhoneiro, embora hoje não mais a exerça.

Com Infomoney