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Casal de golpistas da Braiscompany viveu foragido na Argentina com o dinheiro das vítimas
01/03/2024 / 11:30
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Antônio Neto e Fabrícia Ais, sócios idealizadores da Braiscompany – Foto: Reprodução

Na manhã desta sexta-feira (01), a Polícia Federal confirmou a prisão de Antônio Inácio da Silva Neto, conhecido como Antônio Ais, e sua esposa, Fabrícia Farias, na Argentina. O casal, proprietário da empresa de criptoativos Braiscompany, estava foragido há mais de um ano, após serem condenados por crimes contra o sistema financeiro.

De acordo com informações da PF, Antônio e Fabrícia foram detidos próximo ao condomínio onde estavam escondidos. A operação que culminou na prisão foi resultado de uma investigação intensa, que durou meses. Todos os detalhes da ação serão divulgados ainda hoje.

O Portal F5 Online conversou com o advogado Artêmio Picanço, que acompanha o caso desde o início, o casal vivia em trânsito na Argentina, utilizando o dinheiro das vítimas e passaportes falsos para evitar a captura. Antônio utilizava o passaporte do cunhado de forma indevida, enquanto Fabrícia se valia do documento da irmã.

“Durante estadia no país sul-americano, Antônio Neto e a esposa residiram em diversas áreas dos subúrbios de Buenos Aires e na própria cidade, incluindo Palermo, San Fernando, San Isidro, Nordelta e até La Plata, onde se hospedaram no Howard Johnson, e recentemente estavam residindo em um condomínio de luxo”, disse.

Ainda segundo Picanço, com a prisão, os filhos do casal serão encaminhados para assistência social até que seja feito o procedimento para entregá-los a algum parente. Segundo o advogado, possivelmente eles ficarão com os avós.

 “O processo de cuidado e tutela das crianças está sendo conduzido com cautela e responsabilidade pelas autoridades, visando garantir o bem-estar e a segurança dos menores enquanto aguardam uma solução permanente para sua situação familiar”, disse. 

Operação Halving 

Em nota, a Polícia Federal informou que a intensa troca de informações, que viabilizou a ação, se deu entre a Superintência da PF na Paraíba, o Escritório Central da Interpol em Brasília e sua congênere no país vizinho.

O “Casal Braiscompany”,  já condenado pela Justiça Federal em Campina Grande/PB (4° Vara Feral), tem penas somadas quem extrapolam 150 anos de prisão.

Foragidos do Brasil há um ano, eram objeto de Difusão Vermelha da INTERPOL. Autoridades da Argentina informaram que eles estavam sendo vigiados há cerca uma semana em um condominio de luxo até que foram presos nessa quinta-feira (29).

O montante a ser reparado às suas vítimas é da ordem de mais de R$ 370 milhões, entre danos patrimoniais e coletivo. 

A condenação do ‘casal Braiscompany’ e outros acusados

A dupla presa segue à disposição da Justiça da Argentina enquanto tramita o procedido de extradição para o Brasil.

O “casal BraisCompany” já havia sido condenado pela Justiça, com Antônio recebendo uma pena de 88 anos e 7 meses de prisão, e Fabrícia, 61 anos e 11 meses. 

Além disso, outros nove réus também foram condenados, com um montante a ser reparado de R$ 277 milhões em danos patrimoniais e R$ 100 milhões em danos coletivos.

Veja os nomes e penas:

  • Antônio Inácio da Silva Neto – 88 anos e 7 meses
  • Fabrícia Farias – 61 anos e 11 meses
  • Mizael Moreira da Silva – 19 anos e 6 meses
  • Sabrina Mikaelle Lacerda Lima – 26 anos
  • Arthur Barbosa da Silva – 5 anos e 11 meses
  • Flávia Farias Campos – 10 anos e 6 meses
  • Fernanda Farias Campos – 8 anos e 9 meses
  • Clélio Fernando Cabral do Ó – 19 anos
  • Gesana Rayane Silva – 14 anos e 6 meses
  • Deyverson Rocha Serafim – 5 anos
  • Felipe Guilherme de Souza – 18 anos 

Como funcionava o esquema 

O casal prometia um retorno financeiro de cerca de 8% ao mês — taxa considerada irreal pelos padrões usuais do mercado. Resumidamente, o empreendimento alugava bitcoins dos clientes, ativos que ficavam na custódia da empresa, que pagava rendimentos de 8% a 10% mensalmente. 

No entanto, em meados de dezembro de 2022, esses pagamentos começaram a atrasar e pararam de acontecer totalmente em fevereiro de 2023, quando a plataforma de pagamentos aos investidores foi retirada do ar.

Segundo a PF, milhares de pessoas investiram suas economias na Braiscompany. Os fundadores movimentaram cerca R$ 1,5 bilhão nos últimos quadro anos.