Apagar uma mensagem no WhatsApp não significa que ela desapareceu para sempre. Ferramentas de inteligência digital forense já permitem recuperar conversas, fotos e dados que pareciam perdidos — um mercado dominado pela israelense Cellebrite.
Listada na Nasdaq desde 2021, a companhia é referência mundial em extração e análise de dados de dispositivos móveis. Suas soluções estão presentes em mais de 150 países e são utilizadas por polícias, exércitos e agências de investigação. O faturamento anual supera US$ 400 milhões, e o valor de mercado passa de US$ 4,2 bilhões. Quem investiu no IPO acumula ganhos superiores a 60%.
A Cellebrite não “quebra” a criptografia dos aplicativos em tempo real, como em filmes de espionagem. O método consiste em acessar fisicamente o aparelho apreendido, extrair backups, chaves de criptografia e fragmentos de dados armazenados na memória do dispositivo. A partir daí, softwares próprios recompõem mensagens, fotos, áudios e registros de chamadas, inclusive arquivos já deletados.
O UFED Premium, produto mais conhecido da empresa, é capaz de desbloquear modelos de smartphones considerados “impenetráveis”, enquanto o Physical Analyser transforma os dados brutos extraídos em informações legíveis. Outros produtos ampliam esse ecossistema:
No Brasil, as ferramentas da Cellebrite são utilizadas em operações da Polícia Federal e combinadas com sistemas próprios da instituição para organizar e cruzar dados. Foi por meio desse tipo de tecnologia que mensagens “apagadas” de figuras públicas, como ex-presidentes, puderam ser reconstruídas em investigações recentes.
Além do alcance técnico, o custo também chama atenção. A empresa oferece desde kits básicos de cerca de US$ 700 até pacotes que podem ultrapassar US$ 250 mil anuais. Apenas o Departamento de Polícia de San Diego, nos EUA, gasta cerca de US$ 198,5 mil por ano com suas soluções.
Com valuation superior a US$ 4 bilhões e múltiplos acima da média do setor, a Cellebrite se consolidou como sinônimo de inteligência digital forense. Sua lógica é clara: não disputar com a criptografia, mas usar os rastros e chaves já presentes no próprio aparelho para reconstruir evidências que podem mudar o rumo de casos inteiros.