A celulite infecciosa corresponde a uma infecção bacteriana que atinge camadas profundas da pele e tecidos subjacentes, sendo mais comum em adultos de meia-idade e pessoas idosas. Se não for tratada corretamente, pode causar complicações graves e generalizadas. Apesar do nome semelhante, a celulite infecciosa não tem relação com a celulite comum.
A infectologista da Hapvida, Marcela Marinho, explica que a doença envolve pele, tecido subcutâneo, tecido gorduroso e, em alguns casos, músculos e anexos da face. “É uma infecção de maior gravidade do que uma simples lesão superficial. Quando atinge a face, por estar próxima de órgãos nobres e do sistema nervoso central, caso não seja bem tratada, pode evoluir e ocasionar meningite ou outras infecções no sistema nervoso central, trazendo sequelas neurológicas lá na frente”, alerta.
Para que a infecção ocorra, é necessária uma porta de entrada. Marcela explica que picadas de insetos, arranhões, cortes, manipulação de acne ou procedimentos odontológicos podem servir como acesso para os micro-organismos. “A pessoa acaba, com a mão contaminada, coçando, arranhando a pele. E isso faz com que aquela bactéria que já está presente na pele daquele local, ou até na mão daquela pessoa, acesse os planos mais profundos da pele, ocasionando a celulite facial”, explica.
De acordo com a infectologista, as bactérias causadoras mais comuns são as comensais da pele, como o Staphylococcus – bactérias que vivem associadas a outro organismo, mas sem prejudicá-lo. Outra bactéria causadora é o Streptococcus, que é uma das bactérias mais comuns de sítio infeccioso, podendo estar presente em infecções de garganta, orofaringe, parte nasal e partes do ouvido. Marcela também pontua que bactérias anaeróbicas da cavidade oral, principalmente de abscesso dentário, podem evoluir para celulite infecciosa disfarçada.
Sintomas e prevenção – Os sintomas que devem chamar atenção incluem vermelhidão intensa, inchaço, calor local, dor e saída de secreção. A médica alerta que, ao perceber a evolução desses sinais, é importante procurar atendimento médico imediato, para evitar a disseminação da infecção.
Além disso, pacientes com imunidade baixa – como crianças, pessoas idosas, em tratamento oncológico, com doenças imunossupressoras ou em uso de medicamentos imunossupressores – têm maior risco de desenvolver a infecção. “Quem tem acne na face deve redobrar os cuidados, evitando manipular lesões sem orientação médica para não facilitar a entrada de bactérias”, frisa a médica.
Para prevenir a celulite infecciosa, a infectologista recomenda acompanhamento médico no tratamento da acne e de feridas na pele, especialmente em pessoas com imunossupressão ou dificuldades de cicatrização, como diabéticos. “Procedimentos odontológicos ou cirurgias devem incluir antibiótico profilático para reduzir o risco de disseminação de infecções. Também é fundamental não manipular feridas nem usar receitas caseiras, manter a higiene adequada indicada por profissionais e utilizar protetor solar para prevenir lesões que podem se tornar porta de entrada para bactérias”, reforça Marcela.