Benjamin Steinbruch, empresário, principal acionista e CEO da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), está em negociações para adquirir a Cimento Elizabeth, que tem fábrica na Paraíba. A cimenteira pertence ao fundo Farallon de Daniel Goldberg, que recebeu o ativo no ano passado como pagamento de dívidas da família Crispin, dona da Cerâmica Elizabeth.
De acordo com fontes do setor, considerando o tempo e a escala de atividade da empresa, o mercado do Nordeste brasileiro e sua concorrência, o valor dessa transação pode ficar entre 200 milhões e 250 milhões de dólares americanos. Uma nova fábrica com capacidade de 1 milhão de toneladas custará pelo menos 230 milhões de dólares.
Uma fonte familiarizada com o assunto disse que as próximas três semanas serão críticas para a conclusão da transação. A aquisição é considerada estratégica para a divisão de cimento da CSN, que planeja se listar no B3 da Bolsa de Valores de São Paulo. A empresa apresentou um pedido de IPO à Autoridade do Mercado de Valores Mobiliários CVM.
Uma pessoa a par do assunto disse que pelo menos três grupos têm interesse no ativo. Caso não haja avanço no diálogo com a CSN neste período, o Fundo Farallon iniciará um processo formal de licitação para a venda da Elizabeth Cimentos. CSN e Farallon não quiseram se manifestar.
O fundo Goldberg, especializado em empresas com problemas financeiros, assumiu a cimenteira da família Crispim em agosto de 2020. Na época, o ativo estava avaliado em R $ 900 milhões.
A Elizabeth Cimentos foi concluída em meados de 2015, quando a demanda por cimento do país estava fraca. A moderna fábrica possui alto grau de automação, com capacidade de produção anual de 1,2 milhão de toneladas, e sua logística está localizada na região Nordeste. A empresa também possui um negócio de mineração de calcário – Elizabeth Mineração – detém concessões para várias reservas minerais. O calcário é a principal matéria-prima para a fabricação de cimento.
A empresa entrou com pedido de listagem na bolsa de valores no início do mês passado – foi incentivada pelo sucesso do IPO da CSN Mineração, que levantou R $ 5,2 bilhões em janeiro.
A oferta primária da CSN Cimentos deve arrecadar pelo menos R $ 2 bilhões. Os recursos, de acordo com apresentações aos investidores feitas pela administração da CSN, serão utilizados na expansão da empresa, seja por meio de projetos orgânicos (novas fábricas e ampliações das atuais) e aquisições.
Além da Elizabeth Cimentos, a CSN não esconde o interesse em avaliar os ativos da LafargeHolcim (10 fábricas no país), que foram colocados à venda em abril. É um processo mais longo e ainda não se sabe se o grupo franco-suíço pretende vender todas as empresas do país em bloco único ou por região.
Hoje a sexta maior cimenteira do país com a maior capacidade instalada é a CSN cimentos, e quer estar entre as líderes do setor. A Votorantim Cimentos é a número um, com cerca de 30% do mercado nacional. Em seguida, vem a InterCement (da Mover Participações), com 15% e que também entrou com pedido de oferta pública de ações na B3. O grupo LafargeHolcim está em terceiro lugar no ranking, seguido por Buzzi / Brennand e Cimento Mizu.
O momento é propício para a indústria de cimento no país. Após enfrentar uma profunda crise de 2015 a 2018, com contração acumulada de 27% nas vendas, a demanda aumentou desde 2019. No ano passado, impulsionada pelas reformas residenciais e pelo mercado imobiliário, saltou 11% para 61 milhões de toneladas, ainda longe abaixo do pico de 71,7 milhões de toneladas em 2014.
Com informações no Jornal Valor Econômico.