Mais de meio século após marcharem juntos na Passeata dos Cem Mil, em 1968, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil voltaram a se reunir neste domingo (21/9/2025) em um ato político no Rio de Janeiro. Ao lado de Paulinho da Viola, eles foram as principais atrações da manifestação em Copacabana contra a chamada PEC da Blindagem e a urgência do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
A cena remeteu à histórica mobilização contra a ditadura militar, mas, desta vez, os artistas conduziram o protesto do palco, enquanto novos estudantes, artistas e trabalhadores ocuparam as ruas. “Nós aqui já passamos por momentos parecidos, sempre em busca da autonomia cada vez maior do nosso povo. Esse é um momento que estamos fazendo de novo essa exigência”, disse Gil.
O ato teve clima de festival, com repertório marcado por músicas de protesto e sucessos da MPB. Caetano Veloso, que liderou a organização ao lado de Paula Lavigne, cantou “Podres Poderes”, “Gente” e “Alegria, Alegria”, e dividiu o palco com Djavan em “Sina”. Gil interpretou “Aquele Abraço” e se juntou a Chico para “Cálice”.
Ivan Lins, Frejat, Lenine, Geraldo Azevedo, Jorge Vercillo, Maria Gadú, Marina Sena e o conjunto Os Garotin também participaram, enquanto artistas como Wagner Moura, Daniela Mercury, Chico César e Fernanda Takai se engajaram em protestos simultâneos pelo país.
Lenine resumiu o tom do ato: “Temos que reverberar nossa soberania. Nenhum país estrangeiro vai meter o bedelho aqui”. Frejat, ao cantar “Ideologia” e “Pro Dia Nascer Feliz”, lembrou o espírito do Rock in Rio de 1985 e criticou a proposta de anistia: “Eles propuseram anistia e esta PEC da Blindagem, que é a maior cara de pau que a gente já viu na história. Mas estamos aqui para dizer não.”
O encerramento reuniu todos no palco com “Odara”, de Caetano, e o samba “É Hoje”, clássico da União da Ilha, marcando o fim do protesto em clima de festa.
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