
O Chile elegeu neste domingo (14) o conservador José Antonio Kast como novo presidente da República. Com 58,3% dos votos, Kast venceu o segundo turno contra a candidata de esquerda Jeannette Jara, que obteve 41,7%, segundo dados oficiais com mais de 95% das urnas apuradas.
A vitória marca a mais acentuada guinada à direita no país desde o fim da ditadura militar, em 1990, e reflete o peso que temas como segurança pública e imigração tiveram na campanha eleitoral. Ao reconhecer a derrota, Jara afirmou que “a democracia falou alto e claro” e desejou sucesso ao adversário “para o bem do Chile”.
Figura conhecida do eleitorado chileno, Kast disputa a Presidência pela terceira vez. Em sua trajetória política, construiu uma imagem de linha dura, defendendo medidas como a deportação de imigrantes em situação irregular, o uso das Forças Armadas em áreas com altos índices de criminalidade e a construção de barreiras na fronteira. Seu discurso ganhou força diante da percepção de aumento da violência, embora o Chile siga entre os países mais seguros da América Latina.
Apoiadores comemoraram a vitória em Santiago com bandeiras do país e slogans inspirados no conservadorismo internacional. Para parte do eleitorado, o voto em Kast representa a tentativa de retomar a sensação de segurança no cotidiano.
Apesar do resultado expressivo nas urnas, Kast encontrará um Congresso dividido. No Senado, há equilíbrio entre esquerda e direita, enquanto a Câmara dos Deputados depende do voto de um partido de perfil populista. Esse cenário deve dificultar a aprovação de propostas mais radicais, especialmente em temas sensíveis como aborto, direitos reprodutivos e cortes profundos nos gastos públicos.
Na área econômica, o mercado reagiu positivamente à vitória. O Chile é o maior produtor mundial de cobre e um dos principais produtores de lítio, e a expectativa de políticas mais favoráveis ao mercado impulsionou o peso chileno e a bolsa de valores.
A eleição de Kast se soma a um movimento recente de fortalecimento da direita na América Latina, ao lado de nomes como Javier Milei, na Argentina, Nayib Bukele, em El Salvador, e Daniel Noboa, no Equador. Kast assume o comando do país em março de 2026, encerrando o ciclo do governo de esquerda liderado por Gabriel Boric.