A Confederação Nacional do Transporte acaba de disponibilizar às empresas do
transporte rodoviário de cargas e de passageiros a publicação Transporte Rodoviário e
Meio Ambiente: Catálogo CNT de Práticas Sustentáveis. Em formato consultivo, o
volume atualiza o transportador quanto às melhores práticas em diversas frentes
operacionais e administrativas, como no enfrentamento das emissões de poluentes, no
levantamento de legislações pertinentes aplicáveis ao setor, políticas ambientais
corporativas, manejo de resíduos e de gestão hídrica na higienização de frotas, tudo
alinhado à gestão sustentável do segmento rodoviário.
O conteúdo busca, ainda, de forma inédita, assegurar os interesses do setor e, ao mesmo
tempo, investir em soluções ambientais. Do ponto de vista prático, o Catálogo viabiliza
o planejamento de capacitação ambiental de funcionários, com vistas a qualificar e
desenvolver o conhecimento socioambiental das equipes envolvidas nesta temática.
Outro ponto de destaque no conteúdo é a parte que discorre sobre a adequação das
instalações da empresa de forma a prevenir passivos. O investimento neste caso diz
respeito a prevenção de acidentes que podem ocasionar a contaminação do meio
ambiente devido a vazamentos de produtos ou resíduos perigosos.
No capítulo que discorre sobre a gestão hídrica, a publicação apresenta meios de
tratamento e reuso da água. Sugere formas de viabilizar a conservação desse recurso
natural e de adotar procedimentos sustentáveis na higienização da frota. A medida reduz
custos e eleva a eficiência hídrica da empresa. No mesmo nível de relevância está o
conteúdo do material que trata da preservação do solo com o gerenciamento de resíduos.
“O Catálogo CNT de Práticas Sustentáveis inova ao trazer às empresas do setor a visão
sistêmica da importância das ações socioambientais — iniciativa alinhada à transição
energética e de atenção com o meio ambiente. Consolida realidades do setor
transportador vivenciadas há anos por empresas de carga e de passageiros espalhadas
pelo país”, destaca o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa.
É o caso da empresa mineira Bravo Serviços Logísticos, que conta com uma estratégia
de combate às mudanças climáticas baseada em três pilares: malha logística,
multimodalidade e transição energética. “Por meio de parceria com outros atores,
atuamos em projeto de reflorestamento e recuperação de áreas desmatadas, com o
objetivo de compensar emissões de gases do efeito estufa; na incorporação de
caminhões movidos a gás natural (biometano) à frota da empresa; em programas de
energia sustentável, gestão hídrica, gerenciamento de resíduos, educação ambiental; e
na produção anual do Relatório de Sustentabilidade (GRI)”, enumera o chefe de
Sustentabilidade da empresa, Marcos Azevedo.
Em Brasília (DF), a Viação Piracicabana, de transporte rodoviário urbano de
passageiros, investe em gestão hídrica, tanto no tratamento quanto no reuso. O processo
ocorre por meio de uma miniestação de tratamento que possui filtros que permitem
reutilizar a água de lavagem dos ônibus.
“Desde 2015, temos essa trilha nas estações de
lavagem dos veículos com gradeamento, caixas separadoras de resíduos e de controle
biológico. Com esse mecanismo, passamos a economizar o que gastávamos com água de forma a reduzir em 80% o valor da conta de água da empresa”, afirma o gerente de manutenção da Piracicabana, Marco Mansur.
Outro exemplo de prática sustentável vem da região Nordeste, onde a Empresa
Metropolitana, de Recife (PE), consegue evitar o consumo desnecessário de diesel na
frota composta por 840 ônibus urbanos de passageiros do grupo, do qual também fazem
parte as empresas Transporte Guanabara e Rodoviária Caxangá.
“Desde 2005, buscamos meios de investir na formação de motoristas, de modo a promover
conhecimento e economizar o consumo de combustível, além de evitar emissões de
gases de efeito estufa. Com os treinamentos, temos evitado um gasto desnecessário de
30 mil litros de diesel por mês. É como se a gente tivesse um ônibus funcionando o ano
inteiro sem abastecer ou poluir”, compara o gerente de manutenção da Metropolitana,
Alexsander Ramos.
Ao seguir as orientações do Catálogo, o transportador pode assegurar a destinação
correta de descarte.
“É o caso das empresas que transformam seus resíduos em ativos
econômicos mediante a venda de metais, plásticos e outros materiais recicláveis. Além
disso, a publicação aborda a importância da logística reversa, fazendo com que
materiais aproveitáveis retornem à cadeia produtiva. Essas práticas levam à conservação
de recursos naturais, geram benefícios financeiros às transportadoras e promovem a
economia circular”, acrescenta o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
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