Entramos em 2024, na política, com as mesmas maluquices de 2023: alguém pede investigação sobre Padre Júlio Lancellotti; Haddad X PT vira assunto, após entrevista ao O Globo. O que mudou?
Por João Henrique Faria
Uma piada nas redes sociais traz bem ideia daquilo que estamos vivendo. Um rapaz, em um consultório, fazendo análise. Ele diz: “Este ano está muito difícil!”. E a analista responde: “Mas o ano ainda não tem uma semana!”. É disso que vamos tratar neste artigo, como já diz o título.
Pra começar, como diz o “bigode” do texto, querem “investigar” o Padre Júlio. A insensatez continua imperando nos MBLs da vida. A coisa funciona mais ou menos assim: “Tem alguém fazendo uma coisa boa ali. Vamos atrapalhar?”. E é bem assim que funciona boa parte do bolsonarismo e aquilo que vem no seu rastro.
Mas vida que segue, a tal da polarização justifica tudo. Se “eles” estão fazendo isso, “somos contra”. E tudo vai pro balaio único do radicalismo. Outro dia, vi um argumento favorável à polarização. Confesso que, apesar de respeitar a pessoa, discordo totalmente. Até mesmo porque discordo do termo.
Pra não alongar, mas também não deixar no vazio, o que para mim existe no Brasil é uma ausência de forças políticas autênticas e com projeto, exceção ao PT – há outros partidos, em um campo ideológico ou outro, que o são, mas sem a potência e capilaridade necessárias para se impor eleitoralmente.
E é aí que entra a questão: como o PT é o mais organizado, sempre estará nas disputas nacionais contra alguém. Basta dar uma passadinha pelas eleições presidenciais, de 1989 para cá. E, claro, ele vira o inimigo número de todos aqueles que são em um campo ideológico oposto. Afinal, não é uma das máximas do marketing político “escolher um inimigo”?
Dentro das “não novidades” de 2024, a cobertura da mídia repercutindo a entrevista do ministro Fernando Haddad e a transformando em um duelo entre ele e o PT, segue uma cartilha que vem se revigorando neste último ano. Toda hora uma tentativa de jogar o ministro contra o partido ou o partido contra o ministro.
Sim, já diz o ditado, “o peixe morre pela boca”. Mas os recados existem e, pela dinâmica natural que envolve as ações daqueles que historicamente fazem parte do PT, as discussões e disputas internas são naturais e muitas vezes, para ganhar um certo relevo, vão para as ruas, por meio daqueles que estejam dispostos a noticiar e daqueloutros dispostos a repercutir.
No Planalto um possível acordo entre Rui Costa e Haddad é dado como certo, garantindo seus interesses. Da mesma forma, uma disputa direta entre Haddad e Gleisi pelo controle do partido também não é difícil. Então, vida que segue.
Fico imaginando, lá em suas férias, o presidente Lula tomando seu banho de mar e rindo da situação. Afinal, só não sabe quem não quer, aquele que resolve todas as paradas, ao fim e ao cabo, é ele. Chegou ali, a coisa acaba. E vamos lá: por qual motivo não deixar a mídia se divertir também um pouquinho, imaginando estar diante de um “racha” entre Haddad e o PT?
E quem achava que uma certa gritaria da mídia iria afastar a aprovação dos R$ 4,9 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha – o Fundão -, em 2024, pagou mico. Como deputados e senadores iriam justificar aos seus queridos correligionários, candidatíssimos a prefeito, que pra eles não pode, após a dança da grana em 2022? Difícil, né!
O valor já foi sancionado pelo presidente Lula, dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. Pois bem. PL e a Federação PT/PCdoB/PV ficarão com as maiores fatias. Pela regra, 2% do total são divididos igualmente por todas as legendas. Outros 35% para quem tem pelo menos 1(um) deputado federal. Já 48% seguem a proporção das bancadas eleitas em 2022 para a Câmara Federal e os 15% restantes também seguem a proporção das bancadas, mas no Senado.
Mas não se preocupem. Mesmo sancionada a Lei, a mídia seguirá no assunto.
Máxima das máximas, já não bastassem os dados da economia, altamente favoráveis ao governo Lula, vamos aí com mais quase R$ 5 bilhões nas ruas. Pouco, diante do montante que circula, mas contribui. E aí vem mais um componente daqueles que demonstram que 2023 não acabou. Ainda tem gente falando que, sobre a economia, tudo bem que isso e aquilo e mais aquilo melhorou, “mas…”.
E este “mas…” segue firme, não só na imprensa tradicional como na boca daqueles economistas ou aquelas fontes que nunca aparecem – “uma fonte do governo me informou”, “um especialista de mercado me disse” –, etc, essa gente cujo nome nós mortais nunca vamos saber.
Mas o 2024 está aí e ninguém pode negar. As repetições fazem parte do jogo. E o jogo eleitoral será duro este ano. Muita gente querendo ganhar espaço, partidos querendo crescer, outros em busca de recuperação dos espaços municipais, enfim, o ano promete.
Mas só pra criar um clima, não nos esqueçamos do motivo de tanta movimentação: 2024 é a preparação para 2026. Então, todo mundo contratando profissionais qualificados, todo mundo fazendo uma pré-campanha bem estruturada, criando ou ampliando reputação, vamos fazer prefeitos(as) e vereadores(as), enfim, a sorte está lançada.
E a Alcateia Política está pronta para te auxiliar na construção de um caminho que aponte para a vitória. Sempre sem prometê-la, mas colocando todas as expertises de nossos associados à disposição da sua pré-campanha e campanha. Isso mesmo. Você não terá um estrategista, mas oito. Cada um com suas experiências e com pontos fortes diferentes, que contemplam todas as necessidades de uma campanha.
Venha com a Alcateia Política.