As fraudes na obtenção do documento que dá direito à meia-entrada ameaçam a própria existência do desconto para estudantes, uma idéia bem-intencionada que se tornou uma janela para abusos.
Fraudes como essa estão levando exibidores, empresários e artistas a dobrar o preço do ingresso, a criar um cartão consumo dentro de boates. Mesmo com seu cartão de crédito você é obrigado a colocar créditos em um cartão do evento. Como muita gente não utiliza o credito total, a turma que promove eventos arranjou um meio de reduzir o tamanho do rombo no caixa passando a perna no cliente.
E a dificuldade de acesso para quem quer comprar o ingresso fisicamente com desconto? É que vendendo pelo módulo online os empresários ganham mais um pouco cobrando uma taxa de entrega. Por isso os ingressos físicos estão sendo vendidos numa loja difícil de acesso para o cliente desistir de ir nela pessoalmente. Entendeu agora?
Segundo especialistas, os ingressos poderiam custar até 60% menos se a meia-entrada fosse limitada a 30% da lotação do espetáculo. Os poucos que não têm a carteirinha pagam o pato por causa dos espertinhos. Hoje, segundo os empresários, nas bilheterias de shows e de teatros, até 90% dos ingressos vendidos saem pela metade do preço.
No cinema, a média nacional está entre 60% e 70%. Em João Pessoa, 68% das pessoas que freqüentam o cinema pagam meia-entrada.
Um obstáculo é a dificuldade para fiscalizar. Bem ao estilo brasileiro, o Congresso cria lei sem se preocupar se vai funcionar. E o governo que quer controlar tudo sob o argumento que o país não pode ser privatizado, não controla nada.
É assim com a meia entrada, com o preço das passagens de ônibus urbanos, com a Lei de Cotas. Ninguém tem foco e competência para desenvolver uma solução completa para os problemas reais do país.
Enquanto colocarem a culpa só no empresário a gente vai pagando a metade do dobro em quase tudo.
É ou não é uma gambiarra?