Trump mirou no agro, mas acertou na política brasileira. A decisão do ex-presidente americano de taxar em 50% os produtos do Brasil não foi só um movimento comercial — foi um terremoto geopolítico. E quem sentiu a terra tremer, mais do que os produtores rurais, foram Lula, Bolsonaro e Tarcísio de Freitas.
A pesquisa Atlas/Bloomberg mostra que a maioria dos brasileiros considera essa medida injusta, agressiva e uma ameaça direta à soberania nacional. Não é pouca coisa. A imagem de Trump no Brasil segue majoritariamente negativa — e isso contamina quem está ou esteve sob a sua sombra, como Tarcísio de Freitas e a família Bolsonaro.
Lula aparece com 49,7% de aprovação, o que mostra o que já se suspeitava. O tarifaço vai escondendo os reais problemas do governo dele e revela que a ideia de Eduardo Bolsonaro pode ter sido um verdadeiro tiro no pé da direita. O brasileiro parece ter gostado da reação de Lula. Aliás, a pesquisa mostrou que o povo quer ver reação, quer ver firmeza, quer ver um presidente que defenda o país como quem defende um filho. E boa parte da população acha que Lula subiu pouco o tom. Então, não será estranho se, nas próximas horas, isso acontecer.
Bolsonaro, por sua vez, põe os pés pelas mãos. A retórica “Brasil acima de tudo” foi trocada por “minha família acima de tudo”. Sua liderança perde força quando o agro, sua principal base, leva chumbo grosso dos EUA. A pesquisa escancara isso: os brasileiros querem soberania, não vassalagem. Mais uma vez, a direita erra o alvo — e entrega a Lula a chance de virar o jogo.
E Tarcísio? Está no meio do fogo cruzado. É técnico, é pragmático, mas carrega o DNA bolsonarista. Se defender Trump, perde o agro. Se criticar, desagrada a base.