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Análise: por que Marcelo Queiroga não conseguiu conquistar o voto da maioria dos conservadores em João Pessoa
27/10/2024 / 08:59
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Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

A pesquisa divulgada pelo Instituto Quaest e TV Cabo Branco neste sábado (25) sugere que não devemos ter grandes alterações neste domingo (26). Esse cenário chama atenção, especialmente porque sinaliza um revés para os conservadores, que nas últimas duas eleições presidenciais obtiveram expressiva maioria na capital paraibana. Em 2018, Bolsonaro conquistou 54,80% dos votos na cidade, e em 2022, repetiu um bom desempenho, com 49,90%. Agora, no entanto, a direita enfrenta um declínio considerável.

O sociólogo Rodrigo Mendes, em uma coluna recente no F5 Online, oferece uma explicação mais abrangente para esse fenômeno, tratando-o como uma tendência nacional e não apenas local. Ele aponta que o eleitorado brasileiro, de modo geral, está cansado da polarização entre esquerda e direita, um conflito que causou divisões dentro das famílias e atingiu em cheio os extremistas. Esse cansaço se refletiu na vitória expressiva dos prefeitos ligados a partidos de centro que buscaram a reeleição no último dia 6 de outubro.

De acordo com Mendes, o eleitor passou a valorizar a segurança e a estabilidade no ambiente familiar. Em vez de apostar em candidatos “prometendo inventar a roda”, muitos optaram por figuras já conhecidas, que oferecem uma gestão estável, ainda que sem grandes novidades. Um exemplo claro disso é o prefeito Cícero Lucena (PP). Embora seu governo não traga inovações significativas, ele tem conseguido atender às demandas cotidianas da população de João Pessoa. Já a candidatura de Marcelo Queiroga (PL), distante tanto do governo federal quanto do governo estadual, representou um risco que muitos eleitores parecem não estar dispostos a correr.

Outro ponto relevante é o comportamento da classe média, que nas eleições anteriores apoiou Bolsonaro de maneira expressiva. Com o governo Lula, muitos desse grupo passaram a reconhecer os benefícios de seu estilo de governar, especialmente em relação aos incentivos econômicos. A classe média, que busca estabilidade financeira, parece satisfeita com a injeção de recursos promovida por Lula. Embora essa política tenha aumentado o déficit público, setores empresariais, como o da construção civil, têm sido beneficiados com a circulação de capital. Empresários da construção civil, que antes apoiaram Bolsonaro, hoje veem com bons olhos os financiamentos do programa Minha Casa Minha Vida. Em silêncio, muitos esconderam as bandeiras do Brasil e, calados, estão votando em Cícero Lucena.

Há também quem argumente que o resultado poderia ser completamente diferente se o pastor Sérgio Queiroz, vice de Queiroga, que obteve uma performance expressiva na disputa pelo Senado nas últimas eleições, estivesse concorrendo como cabeça de chapa. Queiroz é visto como uma figura que poderia ter unido melhor o eleitorado conservador, ao contrário de Marcelo Queiroga, cuja liderança no meio conservador ainda está em construção. No entanto, essas especulações pertencem ao campo das incertezas, pois são questões que as pesquisas não conseguem medir com precisão.

Se os dados da pesquisa Quaest se confirmarem, ficará claro que a direita, especialmente em João Pessoa, precisará se adaptar a um eleitorado mais pragmático, cansado de discursos radicais e em busca de soluções práticas e concretas para os problemas do cotidiano. Diante dos desafios econômicos e políticos que o Brasil enfrenta, o futuro político parece se inclinar para gestores que priorizam a estabilidade e se afastam dos radicalismos que marcaram o cenário recente.