Em um mundo ideal, a política seria um terreno onde o interesse coletivo e o bem-estar social deveriam ser pilares fundamentais e predominantes. No entanto, entender o processo de escolha de um representante político é algo complexo, envolve muitos critérios subjetivos e objetivos, interesses – muitas vezes apenas particulares – que as pessoas consideram importantes. Ao escolher um candidato para representá-las, as pessoas buscam alguém que não apenas compreenda sua vida, seus desafios diários e sonhos, mas que também possua a competência e a vontade de atuar e lutar por melhorias concretas em suas vidas.
É como se estivéssemos escolhendo um amigo para uma tarefa muito importante, quem escolheríamos? Provavelmente alguém que nos conheça também, alguém que saiba da nossa dificuldade, alguém que tenha uma maior probabilidade de querer nos ajudar, e por último, mas não menos importante, alguém que tenha condições e/ou competência para ajudar a realizar esta tarefa.
Então vamos desmistificar um pouco como cada um destes itens influencia na decisão de voto das pessoas. É claro, vale ressaltar que estamos fazendo uma análise geral, existem exceções, mas vamos explorar esses aspectos em detalhe.
O primeiro passo para um candidato conquistar a confiança de uma pessoa é demonstrar um profundo entendimento de suas vivências e preocupações. Os eleitores tendem a se identificar com candidatos que reconhecem sua existência e singularidade. Esse sentimento de “ele sabe que eu existo” é fundamental para estabelecer uma conexão genuína entre o candidato e seus potenciais eleitores.
As pessoas querem alguém que saiba dos perrengues, das dificuldades, de como a vida delas é. Quando um candidato mostra que sabe que a pessoa existe, isso já cria uma conexão, e a pessoa já pensa algo como: “Poxa, esse(a) cara/moça sabe que eu tô aqui”.
Mas não basta só saber que as pessoas existem! Além de reconhecer a existência das pessoas, é crucial que o candidato mostre que entende os problemas enfrentados por elas. Essa capacidade de identificação gera o sentimento de “ele sabe os problemas que eu passo”. As pessoas procuram alguém que não apenas liste os problemas de forma superficial, mas que demonstre compreensão das causas e das implicações desses desafios no cotidiano das pessoas. No fundo, as pessoas querem ter aquele sentimento de: “Ele entende o que a gente tá passando”.
Identificar problemas é apenas uma parte da equação. As pessoas também avaliam a genuinidade da empatia do candidato e sua real vontade de buscar soluções. O sentimento de “ele se coloca em nosso lugar e quer ajudar a resolver esses problemas” é um diferencial significativo. Candidatos que demonstram empatia genuína e uma disposição proativa para enfrentar e resolver as questões levantadas têm uma maior chance de ganhar o apoio do público. As pessoas querem sentir a confiança, querem sentir que o candidato se importa e quer fazer a diferença e ajudar a resolver, aquele sentimento de: “ele tá junto com a gente”.
Por fim, a capacidade de efetivamente resolver os problemas é um critério crucial. Não basta apenas querer, é preciso ter a habilidade e conhecimento para transformar intenções em ações concretas. O sentimento de “ele tem condições de resolver estes problemas” está atrelado à percepção de competência do candidato. As pessoas buscam representantes que não apenas prometam melhorias, mas que também tenham um plano viável e a capacidade de executá-lo, ou que já demonstraram isso em outros mandatos, ou ainda, em outros tipos de atividades.
Não adianta só ficar na conversa, as pessoas querem ver ação, as pessoas querem o sentimento de “ele(a) tem como ajudar a resolver os problemas de verdade”. Se não sentirem esta confiança, dificilmente as pessoas escolherão este representante, e aos escolhidos, caso não transformem promessas em ações, como diz o ditado popular, “a conta virá nas próximas eleições”.
O processo de escolha de um representante é uma mistura complexa de percepções, emoções e avaliações racionais. As escolhas dos representantes são uma mistura de coração e mente, ou seja, de emoção e razão. Nas eleições municipais, muitas vezes, as pessoas acabam dando uma força maior pra razão. Mas por quê? Porque as questões são mais próximas, do seu próprio dia a dia. As pessoas veem de perto o que tá acontecendo na nossa rua, na nossa escola, no posto de saúde. Então, fica mais fácil avaliar as propostas, ver o que é viável ou não. É tipo: “Esse candidato tá prometendo melhorar a saúde. Será que dá pra confiar?”. As pessoas acabam sendo um pouco mais críticas, mais “pé no chão”. Agora, quando o assunto é escolher um governador, presidente ou deputados, aí a emoção pode ganhar um espaço maior. Pensa comigo, por exemplo: quantas vezes você já leu um plano de governo inteirinho para decidir em quem votar para presidente ou governador? A verdade é que, muitas vezes, as pessoas se deixam levar por aquela sensação de esperança, por aquela promessa de mudança que mexe com a gente. Não é apenas sobre propostas, é mais sobre posicionamentos, ideais, conceitos, princípios, é sobre o que faz o coração bater mais forte.
Mais um grande desafio à democracia, em meio às reflexões sobre emoção e razão na escolha de representantes políticos, existe um problema sério e persistente que desafia a integridade de nosso sistema democrático: a compra/venda de votos. Além de ser contra a lei, isso mexe na essência da nossa democracia, transformando as eleições em troca de favores. Mas parece que as pessoas já começaram a se ligar e dar o “troco na malandragem” dos candidatos desonestos.
Todo mundo sabe que comprar votos é errado, mas o que muitos não sabem é que, vender seu voto também é crime e que isso fere a essência da nossa democracia. A ideia é que o voto seja uma escolha livre, baseada no que as pessoas acreditam e esperam para o futuro, e não em troca de favores ou benefícios. É uma forma de manipulação distorcendo a relação entre representantes e representados, pois o voto deixa de ser uma expressão de confiança e representatividade, passando a ser um mero objeto de troca.
Esta triste realidade, acaba passando o sentimento de impunidade, pois muitos candidatos que compram votos acabam não sendo pegos e muito menos punidos, seja por falta de denúncias ou a dificuldade de provar sem se expor. Mas em partes o jogo está mudando, muitas pessoas estão mudando, ao ser oferecida alguma vantagem em troca do voto, aceitam o benefício, mas na “hora H”, vota de acordo com a própria consciência (o que ainda assim é crime). É como se as pessoas estivessem aprendendo a se aproveitar dos que tentam ser “espertalhões/desonestos”. É uma espécie de justiça poética, onde quem tenta corromper acaba sendo enganado. É triste, é crime, mas é a realidade. Por um lado, isso é um sinal de que as pessoas estão ficando mais atentas e não querem ser manipuladas. Por outro lado, é um lembrete de que a tentativa de compra e venda de votos ainda existe e que é um problema que precisa ser combatido.
As pessoas buscam representantes que façam, que sejam empáticos, competentes e genuinamente comprometidos com a melhoria da comunidade. Ao final, a democracia se fortalece quando as pessoas fazem escolhas informadas, baseadas em uma análise criteriosa das capacidades, do caráter, dos ideais, dos princípios dos candidatos. É esse processo de escolha que constrói o caminho para uma representação efetiva e responsável, essencial para o progresso e o bem-estar social.
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