Todas as relações humanas são mediadas pela comunicação. Por isso, comunicar é tão essencial na sociedade, especialmente a democrática. Se governos não “tornar comum” suas ações, (aqui está-se remetendo a origem etimológica da palavra comunicação), é como se nada fizessem. Comunicar é informar ao eleitor-cidadão-contribuinte como o seu representante está utilizando o mandato que lhe foi conferido.
Comunicar é, portanto, uma obrigação dos governos de prestar contas aos cidadãos, mostrando como está sendo investido o dinheiro dos impostos. E isto só vai acontecer se o governo for efetivo em sua comunicação, ou seja, se a mensagem for clara, sem ambiguidades, possibilitando a correta decodificação por parte da mídia e do receptor final, o cidadão.
Conclusão, a comunicação é um elemento central em qualquer governo e, em hipótese alguma, pode ser secundarizada. É preciso que a comunicação exerça sua função de coordenação e faça de maneira centralizada a divulgação das mensagens-chaves.
Para que o processo de comunicação aconteça é necessário que se tenha um emissor que envia uma mensagem; que esta mensagem seja codificada (na forma de um texto, imagem, áudio, etc.) divulgada por meio de uma mídia, e que a mensagem seja decodificada (compreendida) por um receptor. Este por sua vez dará um feedback quanto ao conteúdo recebido.
A comunicação acontece somente quando a mensagem é compreendida e interpretada corretamente pelo receptor.
Quando a comunicação falha ocorre um ruído, causando prejuízo na decodificação da mensagem e, consequentemente, uma deficiência na sua compreensão e no feedback.
O ruído pode acontecer por várias razões. Uma das principais interferências no processo de comunicação é desagregação ou dispersão na emissão da mensagem, como aconteceu no caso envolvendo o atual governo. Se várias fontes emitem mensagens conflitantes, incompletas, ou que não contenham a angulação desejada pelo governo, existe uma grande probabilidade de gerar ruídos e dissonâncias. No governo é essencial que haja unidade na comunicação.
As redes sociais, com sua grande força, só potencializaram as múltiplas possibilidades de ruídos e decodificações distorcidas, quando não se tornam munição para Fake News e ataques oposicionistas ou de haters.
O objetivo da comunicação é deixar uma mensagem firmemente fixada ou enraizada na mente do público. E quando se quer criar uma primeira impressão, uma identidade que dure por anos, uma marca, é necessário buscar algum elemento na prática e na identidade do governo que possa distingui-lo, diferenciá-lo, marcar o que este governo significa para a população. Este conceito precisa ser algo visível, memorável, que esteja no núcleo do interesse e das necessidades da maioria e seja fiel a marca do líder.
Para a comunicação funcionar, para que o mandato tenha uma marca, governo e o governante precisam construir uma agenda. Um plano razoavelmente estruturado de ações, programas e sobretudo apresentação de resultados. E que sejam feitas escolhas que coadunem para a construção da marca escolhida. Sem uma agenda de entregas, não há como se ter planejamento de comunicação eficiente, não se posiciona nem a gestão, nem o líder.
Conclusão, defina prioridades, construa uma agenda, estabeleça uma marca, faça comunicação permanente e não espere chegar no final doseu mandato para falar para a população o que você fez ou ainda pretende fazer. Bom trabalho!
RODRIGO MENDES é estrategista de marketing político e comunicação pública e institucional com 25 anos de experiência. Coordenou 60 campanhas eleitorais e prestou consultoria para diversos governos, instituições, lideranças e empresas. É publicitário, sociólogo, especialista em marketing e mestre em Ciência Política.
Autor de “Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais”; “Marketing Eleitoral – Aprendendo com campanhas municipais vitoriosas” e dos e-books “A falha na distribuição da comunicação”; “O eleitor subconectadoe a realidade do marketing eleitoral no Brasil”; “Marketing Governamental”; “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político” e “DataMídiaPerformance”.