Centenas, talvez milhares de pré-candidatos a prefeito ou a vereador, estes últimos de cidades de grande porte, ainda não fizeram a lição de casa e estão sem estratégia, e o que é pior, sem dinheiro
As convenções partidárias terminam na próxima segunda, dia 5 de agosto. A data é importante, claro é o dia do meu aniversário… Rsrsrs… Deixando a brincadeira de lado, afinal fazer 62 é só para os fortes, as convenções marcam um momento importante: o fim das desculpas.
Isso. Agora não tem mais: não sei se serei candidato, tá uma confusão danada, tão tentando me derrubar (e olha que teve muita gente que sofreu isso, a minha querida Cataguases, Zona da Mata de Minas Gerais, que o diga. Baixou centralismo democrático e o candidato escolhido por uma Federação em âmbito municipal foi derrubado pela Federação Nacional. E nada de ata até agora. Maduro neles!).
“Deixa quieto
Que ainda
Dá tempo!”
Claro. Sempre dá tempo. Mas também perdeu-se muito tempo. Lógico que cada caso é um caso. Mas é inegável que aqueles que começaram lá atrás, que fizeram uma boa pré-campanha, em especial usando bem as redes sociais, ganhando reputação, hoje têm a chance de estar melhor posicionados na disputa.
Então, vamos lá: não fez pesquisa, não fez planejamento, não fez diagnóstico, não trabalhou suas redes sociais e quer fazer tudo ao mesmo tempo agora, vai ter muita dificuldade de chegar. De novo: impossível. Não. Mais difícil: sim. Mas vamos à luta que tem pouco mais de 60 dias pra fazer o serviço de 180 dias.
Tudo bem.
O que eu faço
agora?
Já dissemos que até segunda, dia 5 de agosto, convenções feitas. Nomes na mesa, vamos ao trabalho. Comece por uma boa pesquisa quali, acompanhada de uma pesquisa quanti. A quali o mais rápido possível, porque você precisa definir seu slogan, entender melhor os sentimentos do eleitor, saber quais são as suas dores _ não gosto desta palavra, dores, mas é o que temos no momento -, entender melhor o que pensam as diversas faixas de públicos sobre o perfil de cada candidato, o que pensam sobre a realidade do município, a expectativa que têm em relação ao voto, enfim, entender a cabeça do eleitor e como fazer para agir sobre ela.
É o momento também de testar peças, pequenos vídeos, de descobrir o tom – haverá outros momentos de fazer isso, de forma orgânica, nas redes -, enfim trabalhar com o máximo de informações e de opiniões, com um detalhe: aqui importa o detalhe, uma frase, uma expressão de rosto seguida de uma crítica. Não há uma preocupação com a quantidade, mas com a qualidade da informação. Muitas vezes, o conceito da campanha saí de uma frase, dita por apenas uma pessoa.
A pesquisa
quantitativa
é essencial
A pesquisa quanti vai me dar os números que preciso, os cruzamentos que preciso. Como estou e como meus adversários estão nos bairros, distritos e comunidades. Como está a distribuição do voto, hoje, por nível de escolaridade, sexo, raça, por renda, religião, enfim, onde preciso atacar, seja nas visitações, seja na minha estratégia de comunicação. Como está a segunda opção de voto, essencial. De onde posso puxar eleitores que hoje estão com meus adversários e que cuidados tenho que tomar para que meus eleitores se mantenham comigo.
Outra questão essencial é a que mede a possibilidade de voto. Nela, cada candidato é avaliado de forma individual, na perspectiva do voto. Aqui, pergunta-se: “Em relação ao candidato fulano de tal, você: A- Votaria com Certeza; B- Poderia Votar; C- Não Votaria com Certeza”. A soma de A + B representa a possibilidade voto, ou seja, até onde, hoje, posso chegar. E, claro, a mesma situação para os meus adversários.
Fazer rápido:
Diagnóstico
e Diamante
Fazer um Diagnóstico é essencial. Avaliar como estou, como sou visto na internet, de que forma apareço nas pesquisas, como estou em termo de engajamento nas redes, tudo isso é importante para a minha caminhada e deve ser feito pelos atrasadinhos. Lembrem-se, estamos falando para aquelas centenas ou milhares de candidatos(as) que deixaram tudo pra última hora.
O Diamante é aquele vídeo longo, que permite que o eleitor tenha um maior conhecimento sobre o(a) candidato(a), contribui para a organização da campanha nas três etapas: Sensibilização, Motivação e Mobilização. Dele são retirados os recortes de vídeos que vão alimentar as redes sociais, somados a outros de declaração de apoio etc.
Planejamento
é a garantia
de organização
Por fim – e todas as coisas acima devem ocorrer conjuntamente, visando recuperar o tempo perdido -, é preciso fazer o trabalho com o grupo interno, por meio de um Planejamento estratégico Eleitoral. Discutir os candidatos no formato de uma análise SWOT, discutir os problemas da cidade, a influência de lideranças locais, estaduais e nacionais, vislumbrar propostas, discutir aspectos da comunicação e da mobilização, enfim, prepara para o jogo.
Tudo isso é
uma tarefa
bem difícil
Para realizar tudo isso, em um curto espaço de tempo, claro, é preciso ter à frente um estrategista político que dê conta de coordenar todas estas ações, em tempo hábil, e que pegue todas estas informações e trace a estratégia da campanha, bem como elabore um plano para tornar a Operação de Campanha eficaz.
Mas João, tá rolando isso mesmo? Vocês não têm ideia de como. E o pior: quase sempre os candidatos não têm equipe e uma das coisas mais difíceis hoje é conseguir profissionais qualificados para executarem divers as tarefas no campo do marketing e da comunicação política.
APÓS ESTE ARTIGO
RETORNAREMOS
EM NOVEMBRO
É isso gente. Muitas campanhas, um trabalho alucinante envolvendo todos os membros da Alcateia Política nos obriga a dar uma parada com os artigos durante o período eleitoral.
Então, retornaremos em novembro, após o segundo turno das eleições, que deverá ser disputado em muitas cidades brasileiras.
Abraço e boas campanhas!
Conheça a Alcateia Política! www.alcateiapolitica.com.br
Para conhecer outros conteúdos, acesse https://blog.alcateiapolitica.com.br/
João Henrique Faria é jornalista, estrategista político com experiência em mais de 100 campanhas para o Executivo e o Legislativo. Foi assessor parlamentar na ALMG por 11 anos. Professor universitário desde 1991, atualmente é professor da pós-graduação em Comunicação Pública e Governamental na PUC Minas, já na quarta turma, na disciplina Comunicação e Marketing – Eleitoral e Governamental. Palestrante do RenovaBR e Compol Brasil. Proprietário, desde 2003, da Fator Inteligência e Marketing e presidente do Conselho de Fundadores da Associação Alcateia Política, Gestão 2023/2024.
Contato: joaohenrique.fator@gmail.com