Debates são momentos especiais na democracia.
Desde a Grécia antiga, onde aconteciam na ágora, espaço público em que os cidadãos livres debatiam os destinos da pólis, os debates se afirmam como o momento mais essencial da forma de governo democrática.
O debate é a democracia na arena.
Quando a TV ganha a cena e os debates passam a ser televisionados, acontece uma grande transformação. A imagem passa a sobressair sobre o conteúdo.
Aristóteles, em A Retórica, já havia percebido que é a percepção da audiência o que está em jogo nos debates. É o parecer ser, a aparência. Portanto, não vence o debate o melhor (afinal ele não existe no terreno da doxa, da disputa de opiniões), vence aquele que é percebido como o melhor.
Mesmo na modernidade, com os algoritmos das redes sociais ou as inserções televisivas, os debates no rádio, na TV ou na internet (em geral a cobertura acontece em todos os meios ao mesmo tempo), continuam a ter um papel decisivo em qualquer batalha eleitoral.
Debates são momentos especiais de comunicação: neles os líderes estão nus. Estão por conta própria, precisam saber o que dizer e o que não dizer, controlar suas emoções e dominar as técnicas adequadas a cada veículo.
No domínio das redes sociais, do WhatsApp e das fake news é essencial preparar frases e jogadas que vão virar “cortes”. Afinal, a repercussão do debate, a narrativa que será apresentada nos dias seguintes, uma gafe cometida ou uma invertida bem dada, quando bem distribuídas, às vezes, são tão ou mais importantes que o debate em si mesmo.
Se enganam aqueles que pensam que vencem as melhores respostas e ideias, propostas e programas. Não é esta a matéria-prima dos debates. Debate é, sobretudo, forma. Disputas de imagens e performance.
É nesta hora, quando o líder está só, que ele mais precisa de preparação.
Algumas medidas precisam ser tomadas em relação ao debate:
– Dominar e introjetar as regras;
– Definir a estratégia;
– Ter clareza dos objetivos;
– Escolher um adversário prioritário;
– Identificar aliados;
– Preparar e treinar perguntas, respostas, réplicas e tréplicas;
– Prever o máximo possível os ataques;
– Preparar frases de efeito, pensando em “cortes”;
– Conhecer a cena e cuidar minuciosamente da imagem;
– Organizar o monitoramento e a comunicação com quem estiver no estúdio;
– Preparar a estrutura de repercussão durante e após o debate;
Quem entra em um debate despreparado e sem um bom mapa de voo, corre o risco de sair destroçado e com sua reputação severamente arranhada.
Sua opção é simples: prepare-se ou morra!
RODRIGO MENDES é estrategista de marketing político e comunicação pública e institucional com 25 anos de experiência. Coordenou 60 campanhas eleitorais e prestou consultoria para diversos governos, instituições, lideranças e empresas. É publicitário, sociólogo, especialista em marketing e mestre em Ciência Política.
Autor de “Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais”; “Marketing Eleitoral – Aprendendo com campanhas municipais vitoriosas” e dos e-books “A falha na distribuição da comunicação”; “O eleitor subconectadoe a realidade do marketing eleitoral no Brasil”; “Marketing Governamental”; “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político” e “DataMídiaPerformance”.