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Filmes de Natal e a magia da publicidade
04/12/2023 / 13:28
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E, então, é Natal! E os publicitários de plantão (eu, inclusive) sempre se apropriam de sentimentos universais, aqueles que, guardadas diferenças culturais e de personalidade, estão presentes em todos nós, para, assim, otimizar a venda de produtos, serviços, conceitos e marcas, sobretudo marcas, o tal brand, como gostamos de usar.

As reuniões de briefing para a criação desses filmes são divertidas, às vezes tensas. Surgem ideias não muito novas ou já exploradas de alguma forma. Como profissional de comunicação e acostumado com essa lida diária, sempre fico imaginando, quase como ombudsman do cliente, onde, em que momento surgiu “a” ideia, “o” conceito, o fio condutor de um filme comercial que nos emociona e pode até nos levar às lágrimas. 

Gosto de imaginar que esse  “a” ou esse “o”, que chamamos de insight (também nos apropriando desse termo utilizado pela psicologia e pela psicanálise para descrever um momento de compreensão súbita e clara sobre algo… pois é, somos especialistas nisso… hehehehe…)  surgiu em um momento particular de alguém, em uma situação cotidiana que levou àquela ideia, aquele insight.

Também gosto de imaginar, por outro lado, se não seria o marketing e a comunicação espelho de nós mesmos, da nossa vida e nossa rotina e vivências diárias. Sim, pode parecer um “to polish one´s image” (em inglês, para ficar chic, mas significa simplesmente e em tradução livre “melhorar imagem pública”). Sim, somos especialistas nisso, mas de forma legítima e ética. No contexto social ou empresarial, significa realizar ações ou estratégias para melhorar a reputação, corrigir erros passados, reforçar pontos fortes ou apresentar uma imagem mais positiva e atraente. Isso pode envolver desde ações diretas, como uma campanha de marketing ou relações públicas, até mudanças de comportamento ou políticas para criar uma impressão mais favorável. E os filmes de Natal… hehehehe…

Boa discussão para algumas taças de vinho. Mas, voltando ao Natal, confesso que o filme deste ano da Apple me “quebrou as pernas”. Traz intrínseca a máxima “me ame quando eu menos mereço, pois é quando eu mais preciso”.  Vale assistir mais de uma vez o comercial intitulado Fuzzy Feelings (sentimentos aconchegantes, em tradução livre). Além da produção ser um primor, usa stop motion e live action, ou seja, mistura cenas reais e cenas confeccionadas com bonecos e cenários artesanais, é uma releitura da clássica história “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens. No filme da Apple, criado pela  TBWA\Media Arts Lab e trilha de nada mais nada menos que George Harrison (Isn´t It a Pity), mostra um novo olhar sobre um chefe carrancudo e mostra que a criatividade e a compaixão podem salvar as relações interpessoais. Uma obra prima da publicidade. 

Outro comercial que me chamou a atenção, até porque faz um contraponto a um assunto que trago recorrentemente neste espaço, a inteligência artificial, é o filme da Boticário, produzido pela AlmappBBDO.  Com o título Intimidade Artificial*, o comercial traz a reflexão sobre a importância da presença genuína e o valor emocional dos presentes, como não poderia deixar de ser em se tratando de um filme publicitário. A começar pela música – “I’ll be there” dos Jackson 5 – mostra pessoas sendo abduzidas, sim abduzidas, pelos celulares, pelas telas que nos tiram a atenção, a conexão com pessoas e sentimentos que realmente importam. *Intimidade Artificial é fenômeno da falta de atenção às relações e aos momentos da rotina, o termo foi cunhado pela psicoterapeuta e professora da Universidade de Nova York, Esther Perel.

Enfim, chegamos à época do ano em que os sentimentos mais nobres nos invadem e, junto com eles, os comerciais natalinos que nos fazem refletir sobre a vida, o afeto e, por que não, a própria arte de persuadir através da comunicação, mas, sobretudo, sobre as nossas  próprias experiências.

Compreender os bastidores dos comerciais natalinos é mergulhar na magia das ideias que nos tocam profundamente. Entre insights e reflexões, essas narrativas espelham nossas buscas por conexões genuínas e compaixão. No fim, são histórias que nos lembram do poder da criatividade e da emoção, guiando-nos pelas nuances da vida cotidiana, nos presenteando com a beleza dos sentimentos reais e  lembrando-nos do verdadeiro espírito do Natal: a essência dos laços humanos.

Abstraiam, assistam aos filmes nos links abaixo, curtam e, principalmente, reflitam. Vale a pena!

Apple
Boticário