Acabaram as eleições, prefeitos e vereadores foram eleitos. É hora de pensar no mandato que se inicia em 2025.
E agora o que fazer?
A primeira pergunta que um prefeito precisa fazer antes de iniciar a sua gestão é: qual a principal missão do meu mandato? Qual o propósito?
Ou seja, comece pelo porquê.
O raciocínio é o seguinte: tenho quatro, provavelmente oito anos de trabalho (já que a probabilidade de reeleição é muito alta), como quero ser percebido, qual marca quero deixar ao final deste tempo?
Esta resposta precisa ficar muito clara. Será o direcionamento de todo o mandato. O objetivo central que vai orientar o trabalho. As ações a serem pensadas e desenvolvidas devem ser direcionadas para a construção deste posicionamento.
O objetivo é deixar uma mensagem firmemente fixada na mente do público, plantando um gatilho mental no subconsciente que direciona a atenção e leve as pessoas a associarem o governo ao conceito que desejamos fixar e aos atributos que favoreçam a aprovação.
A nova gestão precisa “chegar chegando”, precisa logo no início mostrar a que veio. Usar os 100 primeiros dias para fixar a sua marca distintiva.
Afirmar com toda clareza o seu propósito e o seu posicionamento.
O primeiro grande desafio do futuro gestor público é definir um foco.
É escolher uma área de atuação, um programa a ser desenvolvido, uma linha de ação, que se transforme em um conceito, que vai ser afirmado como a marca do governo.
E esse foco precisa ser estreito: quem tenta destacar vários atributos não consegue fixar nenhum. Pesquisas de recall confirmam este fato e dão sempre o mesmo resultado: lembranças eventuais e dispersas sobre vários programas e ações e uma grande maioria que não sabe dizer nada que o governo fez.
A escolha deste foco precisa considerar alguns aspectos:
– dialogar com as promessas, pautas de campanha e bandeiras do candidato;
– enfrentar um dos os problemas principais dos eleitores;
– estar conectado com as demandas e necessidades dos segmentos estratégicos da sociedade e com aqueles que foram as bases eleitorais que garantiram a vitória nas urnas;
– estar relacionado com a agenda da sociedade;
– ser coerente e reforçar a imagem e a reputação do líder político.
A escolha deste foco deve, ainda, recair sobre algo que chame a atenção da população. E para que o cidadão se concentre em um estímulo é necessário fazer com que a mensagem se conecte com seus esquemas mentais, interesses, informações e emoções pré-existentes. Só desta forma ele vai assimilar e compreender o conteúdo da mensagem.
Atenção: as pesquisas mostram que boa parte das mensagens produzidas pelos governos não são entendidas pelos cidadãos, especialmente por aqueles com baixa escolaridade.
Um dos aspectos fundamentais do trabalho de contrução do posicionemento do governo é a memorização do conceito. Aqui o desafio é fazer o cidadão guardar em sua mente um atributo relevante para a gestão na sua memória de longo prazo. Como se faz isso? Com a repetição deste conceito na frequência correta até gerar a memorização.
Conclusão, defina prioridades, estabeleça uma marca, construa uma agenda com a sociedade, faça comunicação permanente e não espere chegar no final do seu mandato para falar para a população o que você fez ou ainda pretende fazer. Do contrário, o desejo de mudança poderá se instalar no coração do eleitor abandonado e a sua tentativa de reconciliação poderá ser tardia e infrutífera. Está a fim de correr este risco?
RODRIGO MENDES é estrategista de marketing político e comunicação pública e institucional com 25 anos de experiência. Coordenou 60 campanhas eleitorais e prestou consultoria para diversos governos, instituições, lideranças e empresas. É publicitário, sociólogo, especialista em marketing e mestre em Ciência Política.
Autor de “Marketing Político – o poder da estratégia nas campanhas eleitorais”; “Marketing Eleitoral – Aprendendo com campanhas municipais vitoriosas” e dos e-books “A falha na distribuição da comunicação”; “O eleitor subconectadoe a realidade do marketing eleitoral no Brasil”; “Marketing Governamental”; “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político” e “DataMídiaPerformance”.